31 Desire

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Natasha Dunkis

Meu despertador toca, e eu acordo, observando o quarto que se assemelha muito ao meu quarto antigo. Parece que Fióri fez um esforço para mantê-lo de acordo com minhas preferências.

Um gesto até gentil considerando como eu o tratei.

Depois de Boston, nunca mais nos encontramos. Ele seguiu exatamente o que eu pedi, inclusive mandou alguém para nos trazer de volta para casa, evitando qualquer encontro.

No entanto, muitas perguntas continuam rondando minha mente. Por que ele age assim? Será que os traumas com o pai, o irmão e a mãe o levaram a agir dessa maneira? Foi uma escolha consciente adotar esse padrão de comportamento, ou ele investigava as pessoas antes de agir? Como ele selecionava suas vítimas?

Tenho muita vontade de conversar com ele, mas o medo de me deixar levar pelas minhas emoções é esmagador. Quando estou perto dele, nem sei como reagir ou o que pensar. É como se eu ficasse hipnotizada.

Espreguiço-me ainda deitada, me levanto com calma e retiro rapidamente meu pijama. Caminho até o banheiro e após pegar a escova de dentes, aplico a pasta de e escovo com calma.

Depois, desembaraço meu cabelo. Ao sair, escolho uma calça confortável, uma blusa preta de alcinha e uma jaqueta combinando, complementando o visual com botas de cano curto. Faço uma maquiagem leve para realçar meus traços e, em seguida, desço para a cozinha.

Sara já saiu para o trabalho, então preparo uma xícara de café, saboreio uma torrada e tomo um suco. Fico aliviada ao verificar que minha glicemia está sob controle.

Após organizar minha mochila, dirijo-me à parada de ônibus para ir à universidade. Aguardo alguns minutos até que o ônibus aparece, e ao entrar, faço o pagamento e encontro um assento.

O ônibus segue sua rota habitual, e durante o trajeto, as lembranças do complexo dos Bratav vêm à tona, me deixando reflexiva. Reviver algo que você tenta manter trancado em um pequeno baú na sua mente, a ser aberto apenas em situações extremas, não é apenas desconfortável, é profundamente perturbador.

Chego à universidade e desço do ônibus, caminhando tranquilamente quando ouço alguém me chamando. Me viro e vejo Candice, agora muito bem apresentável em um terninho elegante, cabelos no estilo Chanel e com uma aparência discreta. Ela corre em minha direção com um sorriso caloroso, seus olhos brilhando de alegria.

— Olha só, se não é a Dunkis! — exclama enquanto se aproxima.

Reviro os olhos com um sorriso brincalhão, permitindo que minhas sobrancelhas se arqueiem levemente, e dou uma voltinha com uma expressão divertida no rosto.

— Candice. — Cumprimento, apertando sua mão com firmeza, meu sorriso se ampliando.

— E aí, por onde andava? — Pergunta, curiosa, enquanto seus olhos estudam o meu rosto.

— Por aí... E você? — Respondo, tentando desviar do assunto, com um leve encolher de ombros.

— Me formei, sou médica agora... — Diz com orgulho, seus olhos demonstrando confiança. — E o seu mafioso? — Pergunta com um sorriso travesso, seus lábios se curvando em uma expressão maliciosa, deixando claro que não mudou tanto assim.

— Ficou no passado. — Respondo com um leve sorriso nos lábios, enquanto começamos a andar juntas em direção à universidade.

— Um homem como aquele não fica no passado. Como foi o sexo com ele? Aposto que é bom de cama. — Comenta de forma descontraída, suas sobrancelhas arqueando levemente em expectativa.

O ASSASSINO DA NAVALHAWhere stories live. Discover now