08 Whore

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Fióri Smirnov

Finalmente, Natasha saiu da minha sala. Aquela garota imprudente sempre consegue me tirar do sério. Seus olhos verdes, brilhando com uma intensidade quase irritante, e o nariz arrebitado dão a ela uma aparência de superioridade que me incomoda profundamente. Mas sei que é apenas uma covarde que se esconde atrás dos livros desde criança, vivendo em um mundo de fantasias que só a torna mais irritante aos meus olhos.

— Por que pegou leve com ela? — perguntou meu pai, sua voz cortando o silêncio enquanto se dirigia até a mesa onde largou a pasta com informações sobre Natasha.

Olhei para o velho, sentindo todo o desprezo, o nojo e a repulsa que me consomem sempre que estou perto dele. Eu odeio esse homem mais do que qualquer outra coisa, odeio meu pai.

— Seria imprudente e pouco profissional. Eu quero receber o que nos devem — respondi, não me permitindo demonstrar fraqueza, especialmente diante dele, que não hesitaria em usar qualquer oportunidade para me atacar. 

O cretino não tem ideia, e nem deve ter, de que além de minha irmã, outras situações podem mexer profundamente comigo. Alexei acredita que, quando conseguiu matar minha mãe e me afastar de minha única irmã, conseguiu extinguir minha humanidade, deixando-me apenas uma casca vazia. Faço o possível para manter essa fachada, para parecer que ele venceu, mas às vezes, muito raramente, a verdadeira essência ressurge. Nos raros momentos em que isso acontece, a chama que ele tentou extinguir queima mais forte do que nunca.

Seus olhos se estreitaram, avaliando minha resposta com uma expressão que não consigo decifrar completamente.

— Certo, meu filho. Fez bem, mas da próxima vez, quebre um braço ou uma perna para ela aprender uma lição — disse, indo em direção à porta, sua presença sufocante deixando um rastro de desconforto no ar.

Então, de forma abrupta, parou e se virou para mim.

— Posso te esperar para jantar?

Sorri com sarcasmo e dei de ombros.

— Não.

Alexei voltou a se aproximar, seu olhar me perfurando, suas íris escuras parecendo sondar os recônditos mais profundos da minha mente.

— Por que?

— Tive uma semana cheia, não pude sair com nenhuma mulher — menti, levantando-me e forçando um sorriso malicioso. — Vou me divertir com uma prostituta.

Vi seu semblante se iluminar, parecendo satisfeito com a resposta sórdida que dei.

— Pedirei que reservem a Vicky para você — Alexei falou, e uma sensação desagradável se apoderou de mim ao ouvir o nome.

— Estou bem grandinho... Posso escolher minha própria puta, Alexei — retruquei com impaciência.

Um estrondo ensurdecedor reverberou quando ele bateu na mesa com força, deixando claro que não queria ouvir mais objeções, sua expressão endurecida.

— Vicky ou jantar comigo?

Suspirei, cedendo à chantagem. Era óbvio que ele queria a Vicky para me vigiar, afinal, nesta família, a confiança era uma moeda rara, trocada por suspeitas e segredos.

— Como quiser — respondi, engolindo meu orgulho e aversão, sabendo que teria que representar esse papel e ser cuidadoso em minhas ações.

Assim que Alexei saiu do meu escritório, fiquei sozinho, sentindo o peso da farsa que teria que manter. Precisava continuar desempenhando esse papel no submundo obscuro em que vivíamos, manipulando e sendo manipulado, enquanto arquitetava planos para proteger a mim mesmo e à minha irmã dos perigos que nos cercavam. A vida aqui era perigosa e traiçoeira, mas eu estava determinado a enfrentá-la.

O ASSASSINO DA NAVALHAWhere stories live. Discover now