O ASSASSINO DA NAVALHA

27 Just a child

Natasha Dunkis

A aula do professor Mathew Burns está acontecendo agora, com ele na frente da sala e utilizando uma grande tela de slides para sua apresentação. No entanto, eu estou tendo dificuldade para prestar atenção. Há muita coisa passando pela minha cabeça.

Primeiro, eu perdi Seife, depois meus pais sofreram um trágico acidente, minha irmã parece distante e, provavelmente, me odeia por causa do meu casamento com Fióri. Minha casa, o lugar que sempre considerei meu lar, a única coisa que permanecia inalterada, também não está mais ao meu alcance. Recentemente, tive um lampejo de esperança quando o livro do meu avô apareceu no meu quarto, mas como tudo ultimamente, ele também foi perdido quando Candice o pegou no banheiro feminino.

Minhas mãos tremem enquanto relembro aquele momento. Naquela hora, não tomei nenhuma atitude; fui covarde. No entanto, não quero mais me comportar assim. Não desejo ser fraca. E não serei mais. Chegou a hora de crescer, Natasha Dunkis. E é isso que planejo fazer.

— Entendeu, senhorita Dunkis? — O professor Burns perguntou, trazendo-me de volta à realidade da sala de aula.

Voltei meu olhar para ele, sentindo-me perdida, como se um pressentimento me puxasse para algo distante e me deixasse desorientada, sem saber como responder. Engoli em seco e dei de ombros, tentando disfarçar minha ansiedade. O professor mostrou uma expressão irritada, e isso não passou despercebido.

— Como estava dizendo, pedi a todos para escreverem sobre o amor. Alguns entregaram suas atividades, outros não. — Ele afirmou, seu olhar fixo em minha direção, como se quisesse destacar minha omissão.

O professor pega um pedaço de giz e começa a escrever no quadro, formando as letras "TCC" com traços decididos.

— O trabalho de conclusão do curso de vocês consiste em escrever sobre um ato de amor. — O professor fala com seriedade, e a sala fica em silêncio. — Como disse William Shakespeare em "Sonho de Uma Noite de Verão": "O amor não se vê com os olhos, mas com o coração." O que desejo é que cada um de vocês demonstre ter compreendido o amor. Aqueles que conseguirem, receberão a nota máxima na matéria. — Ele finaliza, acompanhando suas palavras com um sorriso irônico, deixando claro o desafio que nos lançou.

Nesse momento, uma aluna aplicada, que costuma se sentar na primeira fila e busca sempre agradar aos professores, ergue a mão, pedindo a palavra.

O professor faz um gesto com a mão, indicando que ela pode prosseguir.

— A fama do senhor na universidade é que nunca nenhum aluno tirou 10 em sua matéria. — Ela comenta, sua voz firme e respeitosa, enquanto mantém a atenção de todos na sala.

O senhor Burns, com um sorriso de aprovação, ergue o dedo indicador para concordar e se aproxima da aluna que mencionou sua reputação. Seus passos são decididos, ecoando pela sala de aula.

— Por isso, quem me surpreender vai ganhar uma bolsa de estudos para Harvard. — Ele diz, abrindo uma pasta vermelha com o emblema da prestigiosa universidade.

O documento dentro dela brilha com a oportunidade, capturando imediatamente a atenção de todos na sala. Percebo sorrisos e olhares admirados se cruzando entre meus colegas.

logo, o sinal toca, ecoando pelos corredores amplos e bem-iluminados, indicando que podemos sair. Pego minhas coisas apressadamente e me encaminho para a saída do campus, atravessando corredores espaçosos com tetos altos e imponentes, cujas paredes são revestidas com murais coloridos que contam a história do Campus.

Enquanto caminho, meu coração acelera ao avistar a loira e sua amiga conversando e sorrindo. Candice passa o gloss nos lábios, e seus olhos encontram os meus em um confronto silencioso.