18 A hell of a ball

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Natasha Duskin

Olho o meu reflexo no espelho, usando um vestido longo dourado com uma fenda delicada na perna. Coloco um par de sapatos de salto e ensaio alguns passos pelo quarto, já que não estou acostumada a usar sandálias desse tipo. 

Os sapatos têm uma tonalidade bege, quase passando despercebida. Meu cabelo está solto, e percebo que ele está bonito graças ao corte que minha irmã fez. Com um toque final, aplico uma maquiagem leve, destacando o olhar com um toque de rímel. Não é porque nunca fiz isso antes que não saiba como, afinal, assistir Sara  em tantos concursos me ensinou algumas coisas. Por exemplo: Como fazer uma maquiagem.

Quando finalmente me sinto pronta, faço meu caminho em direção à porta. Solto um longo suspiro antes de abri-la, e ao fazê-lo, me deparo com Fióri parado ali. Ele veste uma camisa branca que delineia seu corpo, uma calça de alfaiataria preta que realça sua figura, e seu cabelo está penteado de maneira que o faz parecer mais jovem. 

Seu olhar encontra o meu, e sinto como se o ar fosse sugado dos meus pulmões.

Engulo em seco, insegura sobre como agir ou o que dizer. Minhas mãos involuntariamente se fecham em punhos, numa tentativa de conter a ansiedade que parece pulsar dentro de mim. Fióri não desvia o olhar, tampouco faz qualquer cumprimento. 

Então, lembro das palavras de Alexei, da necessidade de me aproximar dele, e isso me dá um impulso.

— Oi. — Minha voz sai um pouco trêmula, e ele responde com um sorriso de canto, o qual parece tirar o chão de debaixo dos meus pés.

Ele retira algo do bolso, mas estou tão concentrada na imagem do seu sorriso que não consigo desviar minha atenção.

— Isso é seu... — Sua voz, suave, alcança meus ouvidos, enquanto ele coloca um colar em minha mão.

Olho para o objeto, um ponto de luz que representa um pedaço de minha história. Minha mente volta ao momento em que empenhorei esse colar para pagar a dívida do meu amigo Seife, a despedida do objeto que meu avô me deu, em uma tentativa de salvar a vida de meu melhor amigo.

Encaro o homem em minha frente. Engulo em seco, sentindo meu rosto queimar, emocionada e confusa.

— Como? — Minha voz sai quase em um sussurro, meu olhar fixo em Fióri, buscando respostas.

Ele revira os olhos com uma expressão de frustração.

— Custa aceitar sem questionar? — Sua irritação é evidente, mas também detecto um traço de vulnerabilidade em sua atitude.

Prestes a questionar novamente, ele sai andando em direção às escadas, parecendo um tanto birrento. Por um momento, me vejo esquecendo de quem ele é e da atmosfera ao nosso redor, e um sorriso involuntário surge em meus lábios ao olhar para o colar em minhas mãos.

Então, um ruído suave ecoa da porta do quarto de Sara, e ela emerge deslumbrante em um vestido verde-água. A fenda na perna é levemente mais profunda que a minha, e seus cabelos loiros estão elegantemente presos em um penteado lateral, destacando cachos meticulosamente feitos. Não consigo conter um sorriso de aprovação ao vê-la.

— Você está deslumbrante... — ela comenta, um brilho emocionado em seus olhos. — Mamãe ficaria orgulhosa de você, Tasha.

— Ah, pare de exagerar. Quem está deslumbrante é você. — Respondo de maneira divertida, como uma pequena repreensão.

Ela se aproxima, segura minha mão e, de repente, seus olhos recaem sobre o colar.

— Deixa eu colocar isso. — Ela fala suavemente, habilmente colocando o colar ao redor do meu pescoço e prendendo-o na parte de trás.

O ASSASSINO DA NAVALHAOnde histórias criam vida. Descubra agora