01. A DESCER, A DESCER, SEMPRE A DESCER.

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01. A DESCER, A DESCER, SEMPRE A DESCER.

— Fada Azul me transforme num menino de verdade! Por favor, Fada Azul. Me transforme num menino de verdade.

E David continuou a implorar à Fada Azul à sua frente. Ela, que sorria suavemente para sempre, ela que o acolhia para sempre. Por fim, os faróis diminuíram e apagaram, mas David ainda podia enxergá-la palidamente durante o dia. E ele ainda falava a ela esperançoso. Ele suplicou até todas as anêmonas marinhas murcharem e morrerem. Ele suplicou até o oceano congelar e o gelo envolver o anfibicóptero enjaulado e a fada também prendendo-os juntos onde ele ainda podia vê-la, um fantasma azul no gelo, sempre lá. Sempre sorridente, sempre esperando por ele. Por fim, ele não se movia mais, mas os seus olhos sempre ficavam abertos, fitando para sempre a escuridão de cada noite. E o dia seguinte, e o dia seguinte...e assim, dois mil anos se passaram.

Os créditos finais do filme começaram a subir, uma música dramática começava a tocar e enfim a tela ficou escura. Eu ainda continuei ali sentada no sofá, eu sentir alguma coisa molhar meu rosto, meus dedos tocaram a pele envolta dos meus olhos, e então eu percebi que eu estava chorando. Eu, não estava chorando só por conta daquele filme bobo, estava chorando porque o garoto robô passou a vida toda querendo ser amado, por uma mãe que não o quis.

— Se você continuar a olhar para essa tela escura, seus olhos irão cair. — uma voz sussurrou. Logo reconheci Anne, uma garota de 15 anos que ainda estava nesse inferno comigo.

— Você devia cuidar da sua vida. Não tem nada melhor para fazer não? — falei com raiva, eu odiava essa garota estupida. Ela costumava ser legal, mas depois da adolescência precoce, ela diminuiu a lucidez.

— Até que tenho, mas você está monopolizando a televisão a mais de 2 horas, com esse filme ridículo. — pontuou enquanto revirava os olhos. — Olha só! Está chorando. — debochou quando colocou suas mãos na boca, com suas unhas pintadas de rosa. Na quele segundo tive vontade de jogar uma pedra nela, se aqui tivesse alguma.

— Deixe-me adivinhar. — coloquei minhas mãos no queixo dramaticamente. — Você vai assistir: A órfã? — apontei para a televisão quando desligava a mesma e jogava o controle do outro lado do sofá, para dificultar a vida dela. Anne revirou seus olhos teatralmente sempre que se fingia de sonsa, o que era sempre.

— Não seja retardada! — suspirou e jogou seus cabelos para o lado. — Você sabe que eu não vou assistir essa porcaria, além do mais é 18 horas, o canal da fofoca vai falar se a Hayley Bieber está grávida do Justin. — falou quando pegava o controle remoto e ligava novamente à televisão. — Porque você não volta para o seu cativeiro e volta a ler aquele livro de gente retardada, com aquele vampiro que brilha no escuro. — debochou novamente.

—Acho que vou fazer exatamente isso que você falou, tirando a parte da retardada. — falei enquanto subia as escadas. — Ah! Anne, da próxima vez que alguém vier adotar uma criança aqui, não fica dando em cima do pai, tá legal? — gritei dá escada. — E para de roubar minhas meias pra colocar em seu sutiã. — voltei a gritar, ao mesmo tempo em que ela me jogava uma almofada, que bateu nos degraus da escada.

PERDIDA NO CREPÚSCULO - 𝐄𝐝𝐰𝐚𝐫𝐝 𝐂𝐮𝐥𝐥𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora