Nora ou genro?

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-Eu agradeço por você ter vindo. - Vincent disse ao ver Beatrice passar pela porta.

-Seu irmão precisa morrer. - Beatrice foi direta. - É ele ou a Ava. Não tem como os dois ficarem vivos.

-É... eu acho que entendi isso. - Vincent disse com o olhar perdido.

-Então, ok por você? - Beatrice não precisava, mas queria que Vincent dissesse aquelas palavras.

-Eu não consigo dizer isso, Beatrice. - Vincent amava o irmão, mesmo sabendo que ele seria capaz de matar sua filha.

-Então vai se ferrar você e ele. Eu não tenho tempo pra sentimentalismo. Já vacilei demais e se eu vacilo mais um pouquinho, a Ava, o Joaquim, a Juliana e até você, morrem e nem percebem.

-Você acha mesmo que ele teria coragem de matar a Ava? De machucar uma criança? O Joaquim é só uma criança.

-Meu Deus! Eu não quero saber se o seu irmão teria coragem ou não teria. Eu não quero pagar pra ver.

-A Ava descobriu sobre você, não foi? - Vincent mudou de assunto.

-Descobriu. - Beatrice tirou os olhos dos de Vincent, olhando para o chão.

-Eu sei que você ama a minha filha. Imagino que esteja um tanto quanto desesperada com essa situação.

-Nao tanto quanto temo pela vida dela enquanto seu irmão está por aí, sem medir esforços para encontrá-la e a matar.

-Eu tenho certeza que você a levou para um lugar seguro. Quando vai vê-la?

-Nao tenho essa pretensão. Tudo que me importa é que ela esteja segura. Perto de mim ela não estará. Nem hoje, nem nunca.

O rosto de Vincent demonstrava o quão intrigado ele estava com as palavras que saíram da boca de Beatrice.

Ela seria mesmo capaz de abrir mão da mulher que ama por achar que ela não estaria segura ao seu lado?

Vincent via nos olhos e nas atitudes de Beatrice o mesmo amor que ele tinha por Jillian e Ava, quando decidiu viver longe delas para garantir que estivessem seguras longe dele.

-Eu fiz isso anos atrás. Se fosse hoje, tenho certeza que eu faria tudo diferente. Tenho certeza que moveria céus e terra para garantir que elas ficassem bem, mas aqui, ao meu lado.

-E por que não faz isso agora? Porque não a traz e move céus e terra? - Beatrice perguntou.

-Estou movendo. Mas o tempo passou. O amor da Jillian por mim não é mais o mesmo. Pra Ava eu sou praticamente um desconhecido. Eu não tenho mais pelo que lutar para ter perto. Eu as perdi há muitos anos. - Vincent soltou um riso triste. -Mas você não. Você tem a Ava pertinho de você. O Joaquim ainda é pequeno. Você ainda pode.

As palavras de Vincent foram interrompidas por um dos funcionários de Vincent que anunciava a aproximação de um veículo desconhecido da entrada da casa.

-Confiram e recebam com balas, se for necessário. - Vincent deu a ordem.

Beatrice se aproximou da janela e viu quando JC saiu de dentro do veículo que se aproximou.

-Eu conheço ele. - Beatrice disse ainda olhando pela janela.

-Bala? - Vincent perguntou.

-Escuta ele. Com certeza veio dizer que quer a minha cabeça.

Vincent ainda não sabia sobre o que aconteceu na Cidade do México, então estava confuso com as palavras de Beatrice.

-Eu matei o tio dele. Era um serviço. O cara traficava pessoas. Crianças. E esse aí também se envolveu com a Ava, antes de nos encontrarmos lá.

-Então ele tem vários motivos pra te odiar, não é? - Vincent riu.

-Ele se encontrou com seu irmão aqui. Por isso tive que tirar a Ava às pressas de lá. Com toda certeza eles têm interesses em comum que podem a colocar em perigo.

-Hijo de la puta! - Vincent costumava se expressar em espanhol quando estava com raiva. - Melhor matar ele de uma vez.

-Eu tenho pleno acordo, porém, sua filha gosta muito desse canalha. Ela não enxerga o merda que ele é e vai ficar muito puta se você ou eu matarmos ele assim. Ela tem que primeiro saber quem ele é de fato.

-O que eu faço então? - Vincent perguntou.

-Você é um dos traficantes mais procurados desse país e vem me perguntar o que fazer? Eu tenho certeza que você consegue sair dessa sem muita dificuldade. - Beatrice entregou a Vincent um papel, o empurrando em seus peitos.

-Eu preferia não saber onde ela está. - Vincent disse ao ver que se tratava do endereço de onde Ava estava sendo mantida.

-Seu alguma coisa acontecer comigo você precisa saber onde ela está para poder ajudá-la. Agora vai lá. Vai receber seu genro. - Beatrice disse com nojo.

-Minha filha precisa decidir se eu tenho uma nora ou um genro. - Vincent tripudiou, sabendo que Beatrice ficaria incomodada.

O traficante que ocupava um lugar na lista dos mais procurados se dirigiu até o jardim onde JC o esperava.

-Em que posso te ajudar, rapaz? - Vincent perguntou ao cumprimentar JC com a mão.

-Eu sou JC. Morei na Cidade do México, próximo a Ava e descobri que ela está em perigo, namorando uma assassina. Eu sei que você a contratou pra cuidar da sua filha, mas ela não está segura perto de uma assassina fria.

-Parece que você sabe de muitas coisas. - Vincent disse para confirmar tudo que tinha sido dito por JC. - Mas como a Beatrice pode colocar a minha filha em risco?

-Ela deixou de ser quem você achou que fosse. Os sentimentos dela agora são maiores que a razão que sempre teve. Você acha que eu ainda estaria vivo se ela não fosse agora totalmente influenciável pelo amor que sente pela Ava? Ela já teria me matado há muito tempo.

Vincent sabia que JC estava certo em partes. Beatrice agora era muito mais influenciável pelo amor que sentia por Ava do que ele gostaria que fosse, mas também sabia que independente de qualquer coisa, Beatrice colocaria a vida de Ava à frente.

-O que você quer dizer com isso, meu rapaz? - Vincent perguntou.

-Eu posso proteger a Ava melhor que a Beatrice. Minha cabeça não está a prêmio. A dela está. - Nisso JC tinha razão. A cabeça de Beatrice estava a prêmio há muito tempo, porém, ele não tinha a menor capacidade de protegê-la, além de que, Vincent já sabia do envolvimento entre JC e Duretti.

-Então você acha que pode proteger a minha filha do meu irmão? - Vincent foi direto.

-Acho! Seu irmão confia em mim. Ele acha que eu seria capaz de matar a Ava.

-E não seria? - Vincent perguntou automaticamente.

-Claro que não! Eu amo a Ava.

-Faz o seguinte. - Vincent disse alguns segundos depois de olhar JC fixamente. - Me dá o seu telefone e eu te procuro.

JC anotou o número e entregou nas mãos de Vincent.

Avatrice - Assassina De Aluguel Where stories live. Discover now