Avatrice - Assassina De Aluguel

Novo esconderijo

Ava acordava aos poucos quando percebeu que estava em um quarto de casa antiga, daquelas com itens de madeira de cor mogno que poderiam facilmente ter sido construídos há 100 anos.

O cheiro da casa também era característico, além do cheiro de café que entrava pela porta do quarto que estava aberta, dando visibilidade a um corrimão de corredor que também era de madeira mogno.

Uma dor de cabeça tinha lhe acometido e na verdade, foi isso que a fez despertar. Antes de ir em direção a porta, Ava resolveu abrir aquele enorme guarda roupas que estava bem à sua frente, na esperança de assim como na história das Crônicas de Nárnia, aquele guarda roupa lhe levar para um lugar diferente daquele, que por mais que lhe cativasse pelo estilo de antiguidade, não era algo de sua própria escolha, portanto, não lhe agradava.

Ao abrir o móvel, se deparou com suas roupas dobradas e postas em cabides. Aquela seria sua nova vida. A diferença é que sabia também que em sua nova vida, teria que conviver com tudo que havia descoberto sobre Beatrice. Falando nisso, a única coisa que Ava queria mais do que aquele guarda roupas de Nárnia, era estar novamente de frente para Beatrice, que além de tudo que lhe escondeu, agora tinha a dívida de tê-la dopado.

Ava desceu as escadas devagar, evitando fazer barulho. Precisava daquele café, que por mais que não cheirasse tão bem quanto os cafés que Beatrice fazia na floricultura, também estava muito cheiroso e a diferença, com toda certeza, se dava ao pó que estava sendo usado.

Entrando na cozinha, a imagem que Ava acreditou que seria de Beatrice foi substituída pela imagem de Lillith.

-Quem é você? - Ava perguntou assustada.

-Ninguém! - Lillith foi seca na resposta.

-Eu estou perguntando quem merda é você! Olha, a minha paciência com isso já está chegando no limite. - Ava partiu para cima de Lillith que lhe deu um bofete que a levou ao chão.

-Escuta aqui, eu não sou sua amiguinha e não sou sua empregada. Você entendeu? Eu só estou aqui pra evitar que você se mate com essa sua postura de garota rica  e mimada.

Ava estava assustada, com a mão no canto da boca que escorria sangue do bofete que ganhou de Lillith.

-Então você foi contratada pra me espancar? É isso? - Ava ainda estava com as mãos tremendo quando fez a pergunta.

-Eu não fui contratada pra deixar você me agredir, tampouco para aturar sua birra. - Lillith não aliviava.

-Onde está a Beatrice? - Ava perguntou enquanto levantava devagar.

-Eu vou ficar com você, garantindo a sua segurança. En...

-E quem vai me proteger de você? - Ava perguntou interrompendo a fala de Lillith.

-Como eu ia dizendo: então eu sugiro que você não tente escapar daqui. - Lillith disse debochando.

-Eu quero saber da Beatrice. - Ava tornou a perguntar.

-Você não deveria se preocupar com essas coisas. Não faz parte do seu mundinho Barbie cor de rosa. - Lillith realmente acreditava que Ava era apenas uma milionária dondoca.

-Você não sabe nada da minha vida. - Ava  começou a falar em voz alta, mas reduziu o volume ao lembrar do bofete.

-E não preciso. Vai fazer com que eu tenha muito menos dor de cabeça se eu evitar as futilidades da sua vida. - Lillith esticou a mão para Ava - Toma. Remédio para dor de cabeça. Seu tranquilizante deve ter feito sua cabeça doer.

Ava tomou o remédio dado por Lillith e em seguida foi até o bule de café. Ao colocar o líquido quente na boca, Ava o cuspiu na pia.

-Nao tem açúcar! - Ava reclamou. - Isso está péssimo.

-Hum! Dondoca! - Lillith deu as costas para Ava e saiu pela porta da cozinha.

Beatrice sempre tomou café puro e colocava café na xícara de Ava, que nunca tinha percebido isso.

A própria Ava adoçou seu café, o tomou e saiu em direção a Lillith.

-Eu preciso saber onde ela está. Por favor. Ela corre risco.

Lillith riu ao ouvir as palavras de Ava sobre sua preocupacao com Beatrice.

-Do que você está rindo? Eu estou falando sério. - Ava dizia com a feição fechada.

-Estou rindo da sua inocência. Quem for atrás dela é que corre risco. Ela pode matar dezenas de pessoas, sozinha, em poucos minutos. Você não deveria se preocupar com isso.

-Ela tem razão. Beatrice está segura. Você não deve se preocupar.

Ava virou o corpo devagar, na direção daquela voz que lhe soara familiar.

-Você! - Ava disse ao ver Suzana, a mulher que por muito tempo pensou ser apenas sua cliente na floricultura. - Onde ela está?

-Você não precisa se preocupar com isso, minha garota. Se preocupe apenas em se manter em segurança e voltar para sua vida. Deixe que nós e a Beatrice possamos garantir que isso aconteça.

-Então ela está bem mesmo? Está resolvendo coisas referentes a mim e a minha segurança? - Ava perguntou ainda preocupada.

-Ta vendo? Só se preocupa com o próprio rabo. - Lillith presumiu em voz alta.

-Vai se foder! - Ava gritou.

-Eu vou ensinar você a ser uma pessoa melhor. Você vai ver. - Lillith pegou Ava pelos braços.

-Para com isso! - Suzana pegou Lillith pelo pescoço, enquanto Ava se afastou.

-Ela é uma garota mimada e sem noção. É por isso que a Beatrice está tão ferrada. Você não deveria dar notícias sobre ela pra essa garota. Ela só se importa consigo mesma. - Lillith estava revoltada por saber em tudo que Beatrice tinha se metido pelo amor que tem por Ava.

-Isso não é da sua conta. Sua função aqui é apenas uma. Cuidar dessa garota e garantir a segurança dela. Se você não for capaz de garantir isso, diga agora e eu irei lhe substituir.

Lillith respirou fundo, passou as mãos nos cabelos e com muito esforço garantiu que iria sim fazer a segurança de Ava.

-Ótimo! Melhor assim. E eu espero que o bofete que você deu nela não se repita. Se controle, Lillith, você nunca fez isso antes. O que está acontecendo com você?

-Você sabe muito bem. O que está acontecendo comigo é o mesmo que está acontecendo com você. Medo! Medo do que ela se tornou depois dessa aí. - Lillith não conseguia esconder sua preocupação e sabia que Suzana sentia exatamente a mesma coisa.