Nage Waza

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Ava estava em casa, esperando Beatrice depois de um dia movimentado na floricultura.

Finalmente os custos haviam sido pagos e agora começava a entrar algum lucro, o que era suficiente para Ava se manter ali, sem a ajuda financeira de seus pais que por segurança, evitavam qualquer que fosse o contato com a filha.

Logo que fechou a floricultura, Ava assistiu a todos os vídeos que sua mãe tinha feito de Joaquim durante o dia. Fazer isso era como recarregar suas forças para aguentar os dias que viriam sem que ela pudesse ter seu filho em seus braços.

Ava tinha aprendido muitas coisas durante esse curto tempo que estava sozinha no México, e uma dessas coisas tinha sido cozinhar. Ava nunca tinha precisado fazer isso, mas desde que passou a morar sozinha, não poderia se dar ao luxo de comer fora ou contratar alguém para isso.

Como sabia que Beatrice chegaria em pouco tempo, Ava tomou banho e foi para a cozinha. Iria preparar para elas um jantar romântico. Massa e vinho. Tinha decidido ignorar completamente o combinado de mais cedo, em que tinham marcado de treinar para que Ava pudesse se defender caso alguma coisa acontecesse.

Uma hora e meia depois, Ava estava colocando flores na mesa quando a campainha de sua casa tocou, a fazendo correr em direção a porta para ver Beatrice.

-Pensei que não chegaria mais! - Ava abriu um sorriso enorme ao ver sua amada pelas grades que as separavam.

Beatrice olhava para Ava com os olhos cheios de amor. Olhos que brilhavam como se sua vida dependesse da presença daquela mulher existir.

-Então abre logo esse portão porque eu não aguento mais de saudade de você. - Beatrice assumiu com facilidade.

Assim que o portão foi aberto, Beatrice agarrou Ava e a beijou do pescoço a boca em questão de segundos. Era tudo que precisava naquele momento.

-Fiz um jantar pra gente. - Ava disse entre um selinho e outro em sua... Namorada?

-Adivinhou que eu estava morrendo de fome. - Beatrice puxou o ar pelo nariz, sentindo o cheiro da comida que vinha da casa - Se estiver gostoso como está cheiroso, vai ser perfeito.

-Então vem, anda. -Ava saiu pelo corredor, puxando Beatrice pela mão.

-Uau! Você caprichou! - Beatrice arregalou os olhos e disse ao ver a mesa posta.

As sentaram a mesa e se serviram, conversando enquanto comiam. Ava contava a Beatrice sobre cada cliente que entrou na floricultura aquele dia e as coisas que eles lhes tinham contato, inclusive sobre uma mulher americana de cabelos pretos e com cicatriz no olho que tinha adentrado ali naquele dia, mas como se a conhecesse.

Beatrice ficou em alerta ao ouvir a descrição da cliente. Se não estivesse ficando louca, se tratava de Suzana. Não era possível! Suzana não estava no México, muito menos estaria na floricultura de Ava, se não tivesse alguma razão.

Beatrice precisava tirar a dúvida de sua mente. Se tratava de uma pessoa qualquer que tinha a mesma cicatriz, ou Ava tinha sido descoberta? Estava correndo perigo?

Matar Suzana para proteger Ava era algo que nunca tinha passado pela cabeça de Beatrice, até aquele momento. Mas não seria preciso. Iria se certificar que não era Suzana. Mas era muita coincidência. Não podia!

-Mais vinho? - Ava perguntou.

-Não. Estou satisfeita! - Beatrice segurou a mão de Ava que já estava indo em direção a sua taça.

-Você parece nervosa. Já bebeu quase a garrafa inteira de vinho. - Beatrice observou.

-Achei que você não estava prestando atenção na nossa conversa ou em qualquer coisa que acontecesse aqui. Você parece meio distante. - Ava percebeu uma certa mudança no comportamento de Beatrice.

-Eu estou totalmente atenta a toda e qualquer coisa que aconteça aqui, perto de você. - Beatrice tomou o último gole de vinho de sua taça. - Inclusive, percebi que você ignorou nosso combinado de treinar hoje a noite!

Ava revirou os olhos quando se deu conta que não tinha passado despercebido sua estratégia romântica de acabar com o treino naquela noite.

-Vamos deixar pra amanhã. Por favor? - Ava juntou as mãos em súplica.

-Só se você me prometer que vai pensar na hipótese de aprender a atirar e ter uma arma pra você.

-Tá! Vou pensar. - Ava deu de ombros, achando que Beatrice estava brincando.

-Eu tô falando sério. - Bea segurou as mãos de Ava. - Entra muita gente aqui, Ava. Você não sabe quem são as pessoas que te cercam. É pra sua segurança.

-Você pedindo desse jeito eu não resisto. Ainda mais sendo você a responsável por me ensinar. Quero ver se você sabe mesmo o que tá fazendo. - Ava levantou e foi em direção a Beatrice.

-Vai ser um prazer te mostrar o que eu sei fazer. - Beatrice levantou e encostou a testa na de Ava, lhe beijando os lábios.

Por alguns segundos, Ava acreditou que Beatrice não estivesse falando de seus talentos nas artes marciais, porém, Beatrice lhe deu uma rasteira e lhe jogou no chão, a segurando com cuidado para não se machucar e com tanta velocidade que a querida sequer percebeu o que estava acontecendo.

-Você precisa ficar atenta. - Beatrice disse, estendendo a mão para levantar Ava.

-É sério isso? - Ava respirou fundo, soltando o ar dos pulmões com força, pegando a mão de Beatrice.

-Vamos lá. Vem pra sala. Vou afastar os móveis. - Beatrice andou até lá, enquanto Ava ficou alguns minutos de pé, observando seus planos irem de água abaixo.

-Anda! Vem! - Beatrice chamava da sala.

Ava estava de pé, na sala, de braços cruzados, de frente para Beatrice.

-Você vai mesmo me ensinar a lutar? -Ava ainda não acreditava muito nesse talento de Beatrice, afinal, nunca a tinha visto fazer aquilo e certamente não era algo que uma arquiteta saberia fazer.

-Claro! - Beatrice estava com um enorme sorriso no rosto. - Primeiro vou te explicar um pouco. - Beatrice gesticulava com as mãos enquanto falava. - Esses golpes que vou te ensinar agora, são golpes de aikido.

-Ai o quê? - Ava franziu a testa.

-Aikido! Foca, Ava. Foca! - Beatrice chamou a atenção de sua aluna. - No aikido você vai redirecionar a força de ataque do seu oponente a seu favor. Você praticamente não usa força, mas técnica. Assim: tenta me dar um soco. - Ava permaneceu imóvel. - Anda, tenta me dar um soco.

Ava respirou fundo, fechou o punho e foi para o ataque. Beatrice segurou Ava pelo punho, levou a mão da garota para baixo, virou o punho da atacante para baixo e passou seu braço por cima da cabeça.

-Ai, ai, ai. - Ava gritou.

-Não, Ava. Não doeu. Que drama! - Beatrice olhava sorrindo para Ava.

-Não doeu, mas poderia doer. Então eu gritei logo. - Ava fez cara de cão abandonado.

-Essa é uma variação de um golpe de defesa chamado, Nage Waza. - Beatrice finalizou a explicação. - Agora vem aqui, deita aqui comigo, sua dramática. - Beatrice puxou Ava e deitou no sofá, massageando o punho nem um pouco machucado de Ava.

Avatrice - Assassina De Aluguel Where stories live. Discover now