Tentativa

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Na casa de Ava, ela estava tendo o maior susto da sua vida, quando se deparou com a figura de seu pai entrando pela porta da frente da casa. Ava jamais tinha visto aquele homem pessoalmente, mas o conhecia por fotos que sua mãe havia lhe mostrado.

-O que você faz aqui? - Ava levantou, colocando Joaquim no colo e se afastando do homem.

-Eu preciso falar com você e sua mãe.

Nesse exato momento, Jillian estava chegando da Arcktec e deu de cara com seu ex namorado, pai de sua única filha.

-Você não pode aparecer aqui. - Jillian disse exaltada.

-Eu sei que não devo, mas a Ava está em perigo. -Vincent disse olhando para Jillian. - Você precisa sair do país, Ava! - Vincent se virou para a filha.

-Mas de que merda você tá falando? Eu não vou pra lugar nenhum. - Ava estava irritada com o pai, depois de trocar menos de dez palavras com ele.

-Jillian, me escuta. Você sabe que eu não estaria aqui se não fosse um caso extremo. Eu tive informações de que a Ava quase foi morta naquele evento de ontem. Quem tentou contra a vida dela aquele dia, tentará novamente.

-O ataque a nossa casa ontem, pelo visto não dói coincidência. Nosso sistema de segurança deve estar comprometido. - Jilian disse com tom notável de preocupação em sua voz.

-Ava, por favor! - Vincent se dirigiu a filha mais uma vez. -Por você, pelo seu filho, me escuta. Você precisa sair daqui. Você precisa viajar.

-Eu ouvi a palavra viajar? - Era a voz de Beatrice. Todos se assustaram com a interferência daquela mulher.

-Não. Não ouviu, não. - Ava foi grossa, talvez sem perceber que Beatrice não estava entendendo nada do que estava acontecendo ali. Ou pelo menos era o que Ava pensava.

-Eu trouxe esse panfleto pra você. É de um projeto que vi na internet.

Beatrice lembrou que em suas pesquisas sobre Ava, que lhe levaram a também pesquisar sobre a deficiência de Joaquim, havia encontrado uma publicação sobre um trabalho com crianças deficientes em uma ONG em Portugal, que estava precisando de voluntários. Era a perfeito para Ava, principalmente naquele momento.

-Você não avisou que vinha e esse não é um bom momento. - Ava disse sendo direta.

-É.. pelo visto não foi uma boa hora. Me desculpe por não ter avisado ou perguntado se poderia vir. - Beatrice falava sem parar.

-Beatrice, você pode voltar depois? - Jillian não estava entendendo o aparecimento súbito de Beatrice. Ela não era uma velha amiga da família que poderia aparecer a qualquer momento.

-Beatrice? É um prazer lhe conhecer. Me chamo Vincent. - O homem fingiu não a conhecer e estendeu a mão para que ela a apertasse.

-Prazer, Vincent. - Beatrice continuou com a farsa.

-Posso? - Vincent perguntou, pegando o panfleto. - É uma ótima oportunidade pra você, Ava. Você não vai desperdiçar! - Vincent estava deixando claro que Ava não teria escolha. Ela teria que ir, querendo ou não.

Ava balançava a cabeça em negativa daquilo que estava vivenciando. Para ela, não fazia o menor sentido que alguém que nunca participou de sua vida, uma pessoa que ela sequer conhecia, chegaria de repente e ditaria as regras de como ela deveria viver.

-Você só pode estar de brincadeira. - Ava deu as costas.

-Jillian, você se encarrega disso. Ela tem até amanhã, as 9h, para embarcar. - Vincent entregou o panfleto e saiu.

-Você não pode concordar com esse absurdo! - Ava gritou para a mãe.

-Filha, esse não é o melhor momento para falarmos sobre isso. - Jillian se referia a presença de Beatrice.

-Ela sabe, mãe. Ela só não sabe que aquele é o meu pai.

-Seu pai? - Beatrice fingiu surpresa.

-É... Ele apareceu literalmente hoje na minha vida e já quer me dizer o que eu posso ou não posso fazer. Pra onde eu devo ou não devo ir. E até às horas que devo fazer alguma coisa.

-Olha, eu não quero me meter, mas pelo que você me contou do seu pai, se ele está querendo que você vá embora assim, ele deve ter um motivo muito forte.

-De onde ele tirou aquela história? - Ava perguntou a mãe.

-Eu não sei, mas você vai! - Jillian disse.

-Eu não vou deixar esse louco mandar na minha vida, mãe. Sem chances! - Ava saiu correndo e entrou em seu quarto.

Jillian estava tremendo. Era a primeira vez que ela tinha sua filha exposta daquela maneira. Era a primeira vez que ela não sabia como proteger Ava. Agora ela era uma adulta e a mãe não podia simplesmente lhe obrigar a fazer algo que ela não queria.

Beatrice se aproximou de Jillian e tentou lhe acalmar. Era visível que aquela mulher estava uma pilha de nervos.

-Ela parece estar muito chateada. Acho que cheguei em uma péssima hora com essa novidade. - Beatrice tentava puxar assunto com Jilian.

-Na verdade não haveria melhor momento para isso. - Jillian levantou o panfleto. - Ela precisa ir.

-Eu posso tentar conversar com ela, se você quiser. Mas por que ela tem tanto que ir? Por que vocês querem tanto que ela saia do país?

-Conversa com ela. Tenta convencer, tenta arrastar ela daqui, antes que seja tarde demais. - Jillian levantou e se dirigiu a cozinha.

Beatrice permaneceu sentada no sofá, criando coragem para ir atrás de Ava e usar todos os argumentos possíveis para convencê-la a deixar aquele lugar que ela viveu a vida inteira.

Quando finalmente teve coragem, Beatrice bateu três vezes na porta do quarto de Ava, girando a maçaneta.

Ava olhou para Beatrice entrando em seu quarto e não entendeu o que estava acontecendo. Não sabia de onde aquela mulher tirava que elas tinham aquele tipo de intimidade. A forma como Beatrice estava sendo invasiva estava incomodando. Elas mal se conheciam.

-Pensei que já tivesse ido embora.

-Eu ia, mas sei que você não está bem. Você deve achar que eu sou maluca, mas eu gostei muito de você, do Joaquim... Não queria te ver assim.

-Agradeço por isso. Está tudo bem. Não precisa se preocupar. Eu não te contei sobre a minha vida pra você sentir pena de mim ou ficar tentando me ajudar.

-Eitaaaa! - Beatrice disse depois que ouviu o desabafo de Ava - Eu não tô com pena de você nem nada do tipo. Só quis vir falar com você sobre o trabalho voluntário. Só isso. Me desculpe se passei dos limites. Não era essa a minha intenção.

-Não. Me desculpa você. Você tá aí querendo me ajudar e eu estou sendo grossa com você. - Ava pegou o panfleto - É interessando e tal, mas eu não posso deixar esse homem ditar as regras da minha vida. Se tem alguém querendo me matar por causa dele, que me mate e ele conviva com isso.

-Te matar? - Beatrice fingiu surpresa mais uma vez. - Como assim?

-Você já sabe de quase tudo mesmo. Uma coisa a mais, uma coisa a menos, não vai fazer diferença. - Ava disse sentando na cama e mostrando a Beatrice que podia fazer o mesmo. - Ele apareceu aí hoje dizendo que tinham mandado me matar e que eu preciso sair do país.

-Isso é sério, Ava. Se mandaram matar você, você não pode dar mole. Precisa sim desaparecer.

-Não! Isso não vai acontecer!

-Você só está pensando na raiva que sente do seu pai. Pensa no seu filho! Se você morrer ele vai crescer sem você, assim como você cresceu sem seu pai. Ele precisa muito mais de você do que você precisou do Vincent.

Avatrice - Assassina De Aluguel حيث تعيش القصص. اكتشف الآن