Rua Alba, 529 - Cidade do México

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A obra do escritório de Hugo finalmente estava em seu último dia.

Beatrice tinha realizado todo o projeto com sucesso, inclusive a decoração do ambiente, que foi totalmente pensado pela arquiteta.

Como sempre foi fã de lugares arborizados, que lembrassem a natureza, Beatrice buscava sempre imprimir esse seu amor em todos os trabalhos que fazia.

Hugo estava deslumbrado com tudo aquilo que via. A cada cômodo do escritório que entrava, uma surpresa diferente pela beleza de tudo que via.

-Ficou perfeito, Bea! - Hugo estava com os olhos brilhando, emocionado ao ver seu sonho realizado.

-Fico feliz que esteja satisfeito. - Beatrice estava orgulhosa de seu trabalho.

-Está tudo impecável! Eu esperava que estivesse perfeito, mas você conseguiu me surpreender, por incrível que pareça. - Hugo não poupava elogios.

-Ela é perfeita em tudo que faz, meu amigo. - Foi a vez de Amanda elogiar ao entrar na sala e ouvir os elogios do amigo para Beatrice.

Depois de conversarem por alguns minutos, Beatrice entregou as chaves nas mãos de Hugo e saiu com Amanda. As duas se dirigiram ao hotel de Beatrice e tomavam uma bebida enquanto aguardavam o almoço chegar a mesa.

-O que vai fazer amanhã? - Amanda perguntou.

-Ainda não sei. Talvez eu viaje ainda hoje. - Beatrice sabia o que Amanda estava tentando fazer. Por mais que não dissesse com todas as letras, há dias Amanda tentava encher a agenda de Beatrice, para evitar o inevitável: Beatrice iria embora.

-Estou pensando em construir um consultório. Você poderia me ajudar nesse projeto. - Amanda parecia não ter ouvido a última frase de Beatrice.

-Eu adoraria, mas, agora não. Realmente preciso ir.

-Ir pra onde? Você nem tem um lugar pra estar. - Amanda se descompensou.

-Por isso mesmo. Eu sei que há algum lugar por aí onde eu deveria estar e sei que de alguma forma irei chegar lá.

-Então é isso? Esses dois meses e nada pra você da no mesmo?

Beatrice revirou os olhos e colocou o lenço em cima da mesa, sem muita paciência.

-Você sempre soube que eu estava aqui por esse projeto e que quando acabasse eu iria embora. Não é justo que você faça essa cena agora.

-Você quer falar do que é justo? - Amanda levantou o tom de voz, o que fez com que outras pessoas as olhasse naquela mesa.

Beatrice olhou ao redor,  notando que estava sendo observada por aquelas pessoas. Era visível que ela estava desconfortável com aquela situação.

-Se você quiser gritar, nós podemos subir e lá você grita a vontade. Grita o tanto que quiser. O que é isso? Até parece que eu te devo alguma coisa.

-Foram dois meses importantes pra mim. Eu sinto muito que pra você não foi nada. - Amanda jogou seu lenço com força em cima da mesa, levantou da cadeira e saiu do restaurante.

Beatrice poderia ter ido atrás da médica, mas achou melhor permanecer ali, sentada. Ir atrás de Amanda só faria com que aquilo tudo que aconteceu naquele momento se estendesse, e isso era exatamente o que Beatrice não queria. Era o fim. Poderia ter sido de uma forma melhor e para Beatrice, era incompreensível aquela atitude da mulher que estava a sua frente minutos trás.

Depois de almoçar, Beatrice subiu se dirigiu ao elevador, mas ao chegar em frente e ver a quantidade de pessoas subindo, resolveu pegar as escadas para seu quarto na parte superior do hotel.

O quarto era impecável! Beatrice olhava para aquela calmaria ali dentro, para todos os cantos em perfeito estado, cada uma em seu devido lugar, mas sentia que nada mais fazia sentido. Sua vida sempre foi assim: por fora, o mais próximo possível da perfeição. Por dentro, uma confusão barulhenta que causava inquietude naquela arquiteta.

Beatrice andou rápido para a frente de seu enorme armário branco ao lado de sua cama, pegou a mala e começou a organizar seus pertences. Precisava sair dali o quanto antes. Precisava encontrar algo para fazer, algo que lhe fizesse sentir que estava viva.

Antes que pudesse terminar a organização de suas coisas, seu celular anunciou a chegada de uma mensagem.

Ao desbloquear a tela, Beatrice custou a acreditar no que tinha recebido.

"Rua Alba, 529 - Cidade do México, as 20h do dia 19/04." E como sempre, acompanhada de uma foto.

-Pf

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-Pf... Só pode tá de brincadeira. - Beatrice resmungou.

Depois de olhar para aquela foto por alguns segundos, a asiática discou um número de telefone e esperou mais alguns segundos até que ouviu a voz de Suzanne do outro lado.

-Você sabe que não deve me ligar. Faça o serviço que foi mandado para você e só isso. - Suzanne falou.

-Eu não vou matar uma freira. Sem chances! - Beatrice disse enquanto colocava a jaqueta e segurava o telefone apoiado no ombro.

-Você agora escolhe quem mata?

-Na verdade eu achei que estava fora. Pelo menos foi isso que você disse da última vez que nos falamos e você me mandou sumir.

-Estou tentando voltar a confiar em você e fazer com que as outras pessoas também confiem. - Suzanne não se conformava em ter Beatrice fora da organização.

-Eu tenho meu próprio código de ética agora. Por que vocês querem que essa mulher morra? - Beatrice estava decidida que não faria o serviço sem no mínimo saber se aquela pessoa realmente deveria morrer.

-Ela mata crianças e jovens aos poucos. Ela os envenena antes que possam deixar o orfanato. O endereço que você recebeu é de um evento que o orfanato em que ela trabalha vai promover. - Suzanne estava quebrando as regras para trazer Beatrice de volta.

-Você tem certeza que ela é culpada? - Beatrice estava preocupada com o que tinha ouvido. Era absurdo demais para acontecer.

-Sim. O evento acontece em dois dias. Boa sorte! - Suzanne desligou o telefone.

Beatrice tinha terminado de arrumar suas malas enquanto conversava com Suzanne. Depois de desligar o telefone, a mulher sentou em uma poltrona em frente a cama, olhando suas malas arrumadas e tudo pronto para sair dali. Ela só não sabia se faria o que lhe tinha sido ordenado.

Avatrice - Assassina De Aluguel Where stories live. Discover now