Segunda chance

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-Eu sei que meu filho precisa de mim e é justamente por isso que eu não vou fugir.

-Você não está sendo inteligente, Ava! Dias, meses, poucos anos... Nada disso se compara a passar a vida inteira sem os pais, e você sabe disso.

Ava estava séria, olhando para Beatrice, pensando nas palavras que ouviu. Ela sabia que aquela mulher tinha total razão em suas palavras.

-Eu não sei o que fazer. A realidade é essa. - Beatrice viu uma lágrima escorrer pelo olho de Ava - Eu não quero morrer, eu não quero ficar longe do meu filho... E eu não sei o que devo fazer.

-Vai embora! Fica longe do seu filho por um tempo. Se esconde. Espera o seu pai resolver esse problema, e aí você volta pra sua vida, pra sua mãe, pro seu filho.

-Tem que haver outro jeito! - Ava não aceitava que não tinha outra solução.

-Não tem! - Jillian disse ao entrar no quarto. - A Beatrice tem razão. O Vincent precisa resolver o problema que ele nos meteu e depois disso, você volta. Você vai sair do país em duas horas. Arrume suas coisas e se despeça do Joaquim. - Jillian saiu do quarto e deixou Ava lá, perplexa com as ordens que tinha recebido da mãe.

-Ei! - Beatrice abraçou Ava pela primeira vez. - Vai dar tudo certo. Você só precisa ficar segura por um tempo. Sua mãe vai cuidar do Joaquim.

-Eu não acredito que isso está acontecendo com a minha vida. - Ava aceitou o abraço de Beatrice. Era um abraço gostoso, aconchegante.

Em duas horas, Ava estava no local de onde o avião sairia com ela. Não sabia pra onde estava indo, só sabia que precisava de fato fazer aquilo.

Ava tinha se despedido de do filho há quarenta minutos. Tinha sido a coisa mais difícil que tinha feito em sua vida até ali. Beatrice tinha assistido a cena e se emocionado com aquilo. Ava estava tão indefesa. Como se viraria sozinha a partir dali?

Durante o percurso até o lugar, Beatrice acompanhava o carro de longe, pronta para agir caso fosse necessário. Vincent tinha colocado seus homens para fazer a segurança do percurso e do perímetro de onde o avião iria sair.

Até ali, apenas Jillian, Vincent e o piloto sabiam para onde aquele avião decolaria.

Além de uma mala com bastante dinheiro, Jillian tinha escrito uma carta para a filha. Nessa carta, ela explicava para Ava porque ela ficaria naquele lugar e como deveria levar a vida enquanto as coisas não se resolviam.

Enquanto Ava estava segura sobrevoando os céus de algum lugar no mundo, Beatrice estava de volta em sua casa, agora mais aliviada por saber que Ava corria menos risco. Tudo que ela queria era que Vincent tivesse escolhido pessoas competentes para fazer a segurança da filha.

A campainha do apartamento de Beatrice tocou. Ao olhar pelo olho mágico da porta, Beatrice sabia que estava muito ferrada.

-O alvo não apareceu no lugar. Espero que você não tenha nada a ver com isso. - Suzanne disse entrando furiosa no apartamento.

-Boa noite pra você também! - Beatrice tinha aprendido a agir com cinismo.

-Você tem alguma coisa a ver com isso? - Suzanne torcia pra que Beatrice dissesse que não. Ela cuidava de Beatrice há muito tempo e gostava da asiática, apesar de tudo.

-Ela não merecia morrer, Suzanne.

-E quem é você pra decidir quem merece morrer ou não? Sua função é matar quando eu te mando matar!

-Você nem sabe o motivo de mandarem matar aquela garota! - Beatrice queria argumentar algo que para ela nunca tinha sido problema.

-E você também não deveria saber, caramba! - Suzanne estava possessa. - Você só deveria ter executado a ordem que recebeu.

-Não dava, Suzanne. Não dava pra só fazer isso dessa forma.

-Então eu lamento muito, mas você está fora. E eu te aconselho a sumir do mapa. Me custou muito conseguir convencer as outras pessoas a não te matar por essas suas atitudes.

-Do que você tá falando? Como assim, eu tô fora? Vocês não podem fazer isso.

-Podemos! E se dê por satisfeita porque ninguém nunca fez o que você fez e teve a oportunidade de continuar respirando.

-Então vocês vão me deixar viva, mas vão tirar a minha vida e o meu direito de morar onde eu quiser? É isso?

-Eu não vou discutir com você ou me explicar pra você. Como eu já disse, você deveria ser grata! Só vai embora. Pelo menos por um tempo. Aqui não será seguro pra você.

Suzanne foi embora do apartamento de Beatrice. Ela havia feito uma reunião com todos os membros do escritório para convencê-los que seria melhor não atentarem contra a vida de Beatrice. Eles sabiam que se começassem uma guerra como essas, as perdas poderiam ser muito maiores que as vitórias.

Beatrice continuou em casa, pensando no que faria. Ela tinha uma vida fora dos crimes que cometia para o escritório. Ela era uma excelente arquiteta e tinha uma sociedade de sucesso com outras pessoas. Não podia simplesmente as abandonar desse jeito, sem dar nenhuma justificativa.

Por outro lado, Beatrice também não poderia desperdiçar a segunda chance que estava tendo. Ela era ciente que outras pessoas não tiveram a chance que ela estava recebendo. Por muito menos, os escritórios de assassinos costumavam se livrar de seus agentes.

Beatrice lembrou de uma proposta de emprego que tinha recebido há um tempo e tinha rejeitado. Aquela era a hora de correr atrás daquela proposta e torcer pra que ela ainda estivesse de pé. Era a oportunidade que ela precisava pra voltar depois que as coisas se acalmassem.

Para a felicidade de Beatrice, a pessoa para quem ela ligou se animou em saber que ela tinha voltado atrás e aceitado a proposta. O empreendimento ainda não tinha começado porque o dono queria aguardar alguém de fato capacitado para o trabalho. Estavam esperando Beatrice o mais rápido possível para que começassem a trabalhar. 

Beatrice resolveu ligar para as sócias e dizer que precisava viajar com urgência para dar início a esse projeto e que daria total suporte remoto ao projeto do hospital que Ava estava planejando.

Avatrice - Assassina De Aluguel Onde as histórias ganham vida. Descobre agora