O planejamento

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- Meu Deus  como este homem é emocionado e intuitivo.

Duas lágrimas caíram no meu rosto. Tudo poderia ser diferente.

Já estou aqui enclausurada há dois meses.  Não sei se por conta da minha situação ou se são mesmo saudades da vida lá fora e dos meus amigos.

Supostamente estou grávida de cerca de 3 meses. No meio deste turbilhão que foi a minha vida nem me toquei que não menstruo há 3 meses.

Aqui no colégio fazemos muitos trabalhos manuais. Enxovais de bebé que depois são oferecidos à famílias carenciadas.

Não que eu precise pois felizmente tenho condições financeiras que me permita comprar o que quizer mas ganhei uns sapatinhos de lã, um casaquinho e uma mantinha Tudo branco, que vou guardar com muito amor.
A madre superiora diz que é para não me esquecer delas.
Jamais. Estarão para sempre no meu coração.

- Hoje acordei com uma alegria que há muito não tinha diz Rodolffo para a irmã.

- Porquê?

- Não sei. Só acordei com a certeza de que a minha vida vai mudar e é para melhor.

- Deus queira porque já cansa ver-te sempre triste. Fazes muita merda mas também mereces ser feliz.

- Tiveste noticias da Ju?

- Não, e sinto tanta saudade que dói.

- Pois é. Para aprenderes. Espero que um dia tenhas uma segunda oportunidade.

- Só queria poder conversar com ela e explicar tudo. Saber se ainda há nós. Será que ela já achou outro amor? Onde estará?

- Estas é outras perguntas fazem parte dos meus momentos.

Quando estava em casa, Rodolffo passava grande parte do tempo no quarto onde mandara guardar as coisas de Juliette.
Sobre a cama estavam todas as flores e mensagens que ele vinha postando no insta.  Umas secas outras ainda viçosas mas ali estavam todas as declarações de amor que ele queria ter feito pessoalmente.

Sentado no maple ao lado da cama
contemplada cada item como se eles fossem dar-lhe as respostas que ele queria.
No dia em que sonhou com o menino comprou um urso grande, um carrinho,  uma boneca, um babigrow branco, um azul e um rosa.
Comprou ainda um fio com 2 pingentes. Um menino e uma menina. Segundo ele a mãe também merecia.

Clara passou naquele momento pela porta e não teve como não ver.

Aproximou-se da entrada e falou:
- Rodolffo,  sai daí.  Isso só te faz mal.

- Está tudo bem Clara. Agora estou em paz.

Só Clara assistiu ao sofrimento dele durante estes meses. Só ela viu o choro, a bebida, as noites sem dormir. Quando ela chegava de manhã sabia muito bem como tinha sido a noite dele.
Nos shows e perante os amigos ele disfarçava bem. Só a irmã e Miguel conheciam o verdadeiro estado de espírito.

Juliette preparava o seu regresso.
Já não fazia sentido este afastamento até porque iria contar a novidade ao pai do seu filho.

Uma dúvida assolava os seus pensamentos. Será que tem alguém?

As páginas de fofoca não têm postado nada sobre ele. Nas páginas dele também não.  Mas se ele quis se separar era porque tinha alguém. Só isso fazia sentido.

Antes de falar com ele preciso ligar à Clara.

- Alô. Oi Clarinha.

- Juliette! Que alegria. Como estás?

- Estou bem. Preciso te ver mas em segredo. Não digas a ninguém por enquanto. Estás sózinha?

- Sim. O Rodolffo hoje tem show.  Eu já ia sair.

ClausuraWhere stories live. Discover now