capítulo 72 | Lucius Callahan

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— Shane, não é assim. É muito queijo.

Stephan reclama, acho que pela décima quinta vez. Ele e Shane estão na cozinha preparando o restante da lasanha que Dionísia e Penélope começaram a fazer antes da travessa cair.

— É uma lasanha de queijo por alguma razão, não? Como por ser queijo demais em uma lasanha de queijo??? — Shane repete, colocando ainda mais queixo na travessa que eles pegaram no meu apartamento.

— Isso não significa que precisa nos transformar em ratos! — Stephan retruca.

Dionísia está sentada ao meu lado no sofá, está decorando o bolo junto de Penélope. E eu estou observando tudo que os quatro estão fazendo porque eles falaram que o aniversariante não podia fazer absolutamente nada no dia do aniversário além de ser paparicado.

Eu vi a cozinha de Dionísia ser quase destruída com Shane e Stephan no comando, e quase vi eles serem destruídos por Penélope brigando com os dois que mais desperdiçaram ingredientes e quebram coisas do que cozinharam. Dionísia ficou no sofá falando o passo a passo de tudo, e batendo a massa do bolo.

Luna era a única indiferente ao caos todo no cômodo. A bolinha de pelos ficou deitada na sua caminha no canto da sala, julgando todos com aqueles olhos azuis, acompanhando tudo que fazíamos, e quando não estava julgando ou nos observando por causa de todo aquele barulho e movimento, ela estava dormindo tranquilamente. Cada dia que se passava essa gata aprimorava a personalidade debochada dela.

— Pronto. Ficou lindo — Penélope e Dionísia bateram mãos.

— Caramba, ficou mesmo — Shane assobia.

O bolo era redondo e alto, de chocolate com recheio de maracujá. As duas confeiteiras do dia cobriram toda a massa do bolo com glacê cinza e escreveram em preto Feliz aniversário, cinzeiro ambulante, no topo, ideia de Stephan e Shane, óbvio.

Dionísia desenhou até mesmo um cigarro e um cinzeiro no topo. Até os docinhos que as duas enrolaram foram enrolados em granulado preto e cinza, como elas acharam um granulado cinza eu não sei.

— Ficou bonito — falo, olhando o bolo e os docinhos na mesa — Obrigado — dei um sorriso ainda sem saber como reagir a todos eles fazendo tudo para mim com tanta empolgação. Acho que os próximos aniversários seriam todos assim, então em algum momento eu me acostumaria.

— Meu tio não me respondeu ainda, ele disse que vinha cedo. — falo, assim que pego meu celular da mesa e  percebo que minhas últimas mensagens nem foram recebidas.

Demorei a minha vida toda para começar a comemorar os meus aniversários, e não tinha a menor graça querer fazer isso sem meu tio por perto porque sentia a falta dele. E agora que quero que ele me responda ele parece ter sumido do mapa.

— Ele deve estar chegando — Dionísia toca no meu joelho e sorri fraco. É quando a campanhia toca, e eu me levanto, pronto para reclamar sobre a demora dele.

— É bom ele ter uma boa desculpa — Murmuro, destrancando a porta que nem sabia que tinham trancado e a abrindo.

Não é meu tio quem eu encontro  do outro lado da porta assim que a abro. É um cara de capuz, vestido todo de preto. O amigo dele que apareceu no bar naquele dia em que Dimitri morreu.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now