capitulo 6 | Dionísia

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Nervosa checo a rua mais uma vez.

Parecia que tudo daria errado. Em um momento ele surgiria e as coisas simplesmente retornariam ao ponto de partida. Eu sabia, sabia que Dimitri estaria me procurando, me caçando, estaria furioso comigo, eu temia tanto essa fúria e que ele machucasse os outros por minha causa. Por que era tão difícil para ele entender terminamos?

Ele foi o responsável por nosso término. Ele quem passou a gritar comigo, a quebrar as coisas, a me assustar, me agredir verbalmente ao ponto de se tornar físico, me manipular para que eu o perdoasse, se vitimizando e agindo de forma que a culpa fosse sempre minha e eu fosse a pessoa pedindo desculpas, eu fosse a pessoa que implorava para ele não me deixar. Ele brincou comigo, me fez de sua marionete e cada vez que me perdia sabia exatamente quais cordas puxar para que eu rastejasse de volta para ele implorando seu perdão e amor. Eu fui uma cega diante dos seus planos doentios. Agora que eu enxergava, agora que sabia que nada era culpa minha e sim dele, agora que eu sabia exatamente quem ele é, o quê era mentira e verdade, jamais cairia nas suas mentiras outra vez. Ele nunca mais encostaria um dedo em mim. Ele nunca mais me usaria. Nunca mais me manipularia.

Eu fugi, fugi como uma covarde mas me libertei e agora tinha me tornado corajosa suficiente, estava me reencontrando para nunca mais me perder.

Escutei o som da mini van e me atentei. Meu coração palpitou de alívio quando eu olhei para o motorista e era o senhor Fabrício sã e salvo descendo da mini van preta e me percebendo escondida na frecha da porta da entrada do prédio. Eu pulei para fora e fui na direção dele o abraçando assim que o mesmo desceu.

— Menina, como você está? Temi que não estaria aqui como combinado. — me abraçou de volta, tomando cuidado para não machucar mais o que já estava machucado.

— Eu estou bem! Apenas agora consegui comprar outro celular e um chip novo, estava com tanto medo de não receberem a correspondência, de alguma coisa ter acontecido com vocês...—

Fabrício alisou meus cabelos com carinho afagando-os para me acalmar ao sentir o pânico se tornar sufocante conforme fui falando e minha voz vacilando.

— Estamos bem. Estamos todos bem. Não se preocupe. Ele não fará nada conosco. E não fara mais nada com você também. —

Afastei-me sentindo as lágrimas escorrendo por minhas bochechas. Ele as limpou e virou sinalizando a sua mini van com um sorriso satisfeito. Apontou, orgulhoso.

— Olha, todas as suas coisas que não pode trazer na mudança. Estão intactas, minha esposa resistiu a vontade de furtar um dos vestidos da sua loja! —

Todos os bancos da mini van estavam ocupados com as caixas que eu empacotei com a ajuda de todos na vizinhança e deixei na casa do senhor Fabrício e da sua esposa Madlyn.

Foram os minutos mais desesperadores da minha vida, contando os minutos e atentos a cada barulho do lado de fora enquanto os outros vigiavam em busca de sinais de que Dimitri retornaria e tudo fugiria do controle se nos encontrasse fazendo o que fazíamos.

— Como está o apartamento novo? Está precisando de alguma coisa? — ele olha o prédio e assobia, uma expressão de alegria por mim.

— Não, bem, os móveis, a comida, mas eu estou me organizando e essa semana mesmo irei comprar tudo, não se preocupe! — fomos na direção da porta da mini van, Fabrício a abriu. As caixas etiquetadas e lacradas aqueceram meu coração, as caixas de roupas da minha loja. Meu medo de perder tudo que demorei para construir se esvaziou pouco a pouco conforme retiramos uma a uma e carregamos para cima mesmo ele dizendo que eu não deveria carregar peso pois pioraria como meu braço estava.

Heart ProblemsOnde histórias criam vida. Descubra agora