capítulo 57 | Dionísia

35.7K 3.6K 4.1K
                                    

Finalmente era noite de Halloween.

Tinha tantos anos que eu não comemorava esse tipo de celebração que meu coração batia acelerado de ansiedade, em parte para irmos comemorar, e na outra por ficar pensando na reação de Lucius quando me visse usando a minha fantasia.

Eu disse que iria de chapeuzinho vermelho e estava bastante determindada sobre isso, mas tudo mudou radicalmente quando vi uma foto de inspiração para uma outra fantasia. Ironicamente uma que eu tinha certeza de que faria Lucius ficar boquiaberto.

Eu tinha passado as últimas semanas fazendo a minha fantasia pois não gostei de nenhuma que encontrei nas lojas. E o resultado final ficou exatamente como o do desenho que fiz como molde. Era uma fantasia de anjo, adulta e nada recomendada para crianças, obviamente. Era ousada, talvez o tipo mais ousada que já pensei em usar em anos desde meu antigo e tóxico relacionamento, mas tinha gostado muito, e a usaria mesmo assim.

É noite de halloween, no fim das contas, e nessa noite as coisas mais quentes e improváveis do mundo podem acontecer. E eu esperava muitas travessuras essa noite, os doces ficariam para depois.

Me sentia revigorada depois de todos os últimos acontecimentos, desde a aparição de Domenique para Dimitri aparecendo no meu apartamento e ele caindo do meu andar até o primeiro andar. Me sentia livre. Apesar de soar cruel eu me sentia muito melhor em saber que Dimitri estava morto, acho que não me sentiria tão leve e despreocupada assim se ele fosse apenas preso. Dimitri mereceu cada segundo daquela morte por todo o inferno que me fez passar por anos.

Não me arrependi de nada que aconteceu entre ele e eu quando começamos a brigar, no fim acho que as coisas só poderiam acabar desse jeito: um de nós dois tinha que morrer. E eu me recusava a ser morta por ele mais uma vez.

Dimitri vinha me matando pouco a pouco desde que o nosso relacionamento desgastou e ele insistiu em manter aquela mesma pele que não servia mais no corpo de nenhum de nós dois, o resultado foi a a frustração, a raiva, a dor, os traumas, e o ponto final. Gostaria sim que as coisas que não tivessem acabado como terminaram, gostaria de ter conversado e seguido a minha vida como ele seguiria a dele, como pessoas em relacionamentos normais fazem, mas é aí que está o problema: o nosso relacionamento não era normal. No começo tinha sido, mas já não era mais. Dimitri não era mais normal, tinha perdido a razão.

A cicatriz que a luta pelo controle dele em mim ficou, mas eu sabia que não era essa cicatriz que me faria lembrar dele ou de todas as coisas ruins que passamos, essas lembranças ficavam aqui, deixariam vários ensinamentos que eu levaria para a vida toda, elas, entretanto, seriam pouco a pouco substituídas por todas as novas lembranças boas que eu vinha criando comigo mesma, com a minha prima, com Penélope, Lucius, Shane, Stephan e Marcus, com todo mundo que me rodeava e se importava realmente comigo.

— Cheguei! — Penélope entrou na sala de fotos da loja eufórica.

Eu tinha dito para ela que podia subir direto e entrar quando chegasse. Ela estava sorrindo e carregando a sua mochila com todas as coisas que precisaria para se arrumar, ela e Daisy iriam se arrumar aqui comigo.

Era estranho ver Penélope tão empolgada porque ela raramente sorria ou expressava tanta alegria, mas eu adorava quando ela colocava suas defesas de lado e deixava seus sentimentos tomaram conta. Shane que o diga.

— Meu deus, essa é a sua fantasia????— exclamou, sorrindo empolgadíssima ao ver a minha fantasia de anjo na mesa.

— Sim! O que achou? — Pergunto, mordendo o canto na boca e olhando novamente para a peça.

— Acho que você vai ficar ainda mais gostosa, e que vai fazer o Lucius babar feito um cachorro, ou se ajoelhar e rezar feito um fiel — Cutucou minha cintura, enquanto eu gargalhava do seu trocadilho sobre o rezar e anjo.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now