capítulo 11 | Dionísia

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Ele se arrependeu.
Ele se arrependeu.
Ele se arrependeu.

É claro que ele se arrependeu.

Por que é que ele não iria se arrepender? E por que é que eu por algum acaso faria o seu tipo? Por que eu interessaria alguém?

Lucius estava apenas sendo gentil. Sendo uma boa pessoa. E agora tudo tinha sido destruído. Um erro e um erro, o beijo foi um erro e eu fingiria que nada aconteceu para que não perdesse alguém que podia se tornar um grande amigo, alguém importante e que me ajudou sem nem mesmo me conhecer, que parecia disposo a "gostar" de quem eu realmente era de verdade. Eu faria de tudo para proteger essa possível amizade nem que precisasse fingir que odiei aquele beijo quando não consegui parar de pensar naquele beijo a noite toda. Foi o melhor beijo da minha vida. Eu me senti viva como nunca me senti antes, me senti o máximo. Fiquei sorrindo, deitada na cama, e relembrando, relembrando, e depois tendo essa euforia destruída quando vi o arrependimento no rosto dele, quando fugiu arrependido. E de repente o beijo e a sensação boas eram corroídas, proibidas de retornarem entre ele e eu e residindo apenas nos meus sonhos. Ah, mais um dos meus sonhos. Esse jamais passaria do mundo dos sonhos.

Limpei algumas lágrimas da minha frustação e dei o último gole de café fechando meu computador ao terminar a atualização no site da loja estreando as peças novas masculinas e femininas para pré-venda compartilhando o anunciamento nas outras redes sociais da loja que a pré-venda tinha sido iniciada.

Foi apenas o tempo de eu lavar a xícara que o som das notificações bombardeando o meu celular começaram a ressoar pelo apartamento, eu sorri por esse som que foi a razão da minha motivação e persistência durante todos esses anos e dei alguns pulinhos alegres, não conseguia ter outra reação quanto reagiam tão bem pelas minhas peças, eu simplesmente não conseguia, eu entrava em um estado de euforia como se fosse sempre a primeira vez, a primeira publicação, os primeiros clientes, as primeiras perguntas, os primeiros pedidos, os primeiros pagamentos, até mesmo os primeiros erros, era sempre essa sensação de orgulho misturada com felicidade.

Os pedidos foram sendo feitos, o som de pedido novo confirmando soando, várias e várias peças, o vídeo das peças novas que eu postei nas redes sociais bombando e subindo em várias curtidas e comentários, perguntas, elogios, pedidos e pedidos que simplesmente me faziam sorrir sem parar enquanto os pagamentos eram confirmados e eu começava a separar os pedidos anotando tudo na minha panilha.

— Tá. Primeiro os clientes dos pedidos anteriores. — coço entre a testa e reuno todo meu cabelo o prendendo em um rabo de cavalo.

Forrei as caixas e preparei as encomendas uma a uma verificando os pedidos e os detalhes dos pedidos e das peças cerca de três vezes em cada pedido, pondo o brinde que eu sempre colocava em cada novo cliente antes de empacotar tudo e fechar as caixas de entrega que já eram feitas de acordo com o tema e logo da loja.

Empilho todas caixas na sala e percebo algo que não faço há um longo tempo, trabalhar na minha loja e enviar os pedidos, especialmente sozinha. Era sempre Dimitri que me ajudava, me ajudava a levar tudo, me ajudava a enviar, até me ajudava a empacotar quanto haviam pedidos demais. E, quando ele parou e não me deixava mais sair, eu não pude trabalhar, precisei parar meu sonho.

Agora, sozinha, percebia que eu precisaria de um carro para mandar todas as encomendas o mais rápido possível. Talvez fosse a hora de comprar um, mas, eu sempre temi dirigir um carro sozinha ou dirigir qualquer outra coisa tanto. Acho que acabei dependente de Dimitri mais do que penso. Porém por mais desafiador que fosse viver sozinha e fazer tudo sozinha eu sei que sou perfeitamente capaz de fazer tudo isso.

Heart ProblemsOnde histórias criam vida. Descubra agora