capítulo 47 | Lucius Callahan

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"Choose your last words,
this is the last time

'Cause you and I,
we were born to die

We were born to die"

Born to die - Lana Del Rey



 
                         
— É ela, né??? — Domenique me pergunta assim que Daisy e Dionísia nos deixam sozinhos no quarto do hospital.

Ela sorri para mim, de um jeito mais alegre do que da primeira e única vez em que colidimos um com o outro. Dessa vez conseguimos se olhar sem os efeitos de todo o álcool na nossa mente e corpo, ou a luz péssima daquela casa em meio a festa. Dessa vez tenho uma visão lúcida e mais detalhada da garota que salvou a minha vida e, ironicamente, ajudei a dar a luz da sua filha.

Os cabelos antes castanhos agora estavam tingidos por um ruivo escuro que fora da luz podia ser confundido com castanho escuro, e os traços do rosto dela tinham amuderecido e mudado um pouco, porém os seus olhos castanhos. As íris tempestuosas de quem não excitaria em lhe dar um soco se fosse um idiota com ela, não mudaram, os olhos castanhos que leram a parte dilacerada da minha alma naquela noite e escutaram meu pedido de ajuda dito em silêncio na minha mente, são os mesmos. Mais alegres e livres eu posso afirmar, e razões não faltavam para ela.

— Você não deveria estar descansando? — minha voz é baixa, eu aperto dedos nos bolsos da minha calça e observo o rosto cansado dela.

Domenique revira olhos e gesticula para que eu se aproxime, me convidando, e aponta a cama. Relutante eu me aproximo, me sento na ponta da cama perto dos pés dela cobertos por um lençol fino.

— Não ouse ignorar a minha pergunta. Me responde, é ela, né? A garota muito mais especial que eu — sorri por contradizer suas palavras ditas anos atrás quando nos conhecemos, dando a entender que era isso o que quis dizer naquela vez, apesar de não ter dito.

— É ela sim...— meu sorriso sem graça é impossível de ser controlado ou escondido porque agora mais do que nunca o que sinto por Dionísia parece estar consumindo tudo dentro de mim ao ponto de serem tantos sentimentos de uma única vez que sinto que eu cairia se falasse muito, pois eles me consumiriam de vez agora que reencontrei Domenique e ela está feliz com aquele que tinha seu coração.

Agora que estou frente a frente com ela e sinto nada além de felicidade por ela e a vejo como nada além de como se fosse uma grande amiga.

— Que mundo pequeno e interligado...parece o dos livros que eu leio — ela sussurra, e estica a mão agarrando a minha, e o toque não é nada com o que cheguei a fantasiar  pouco depois que nos conhecemos, ainda me passa a sensação de segurança que faz com que eu me sinta bem na sua presença, confortável, mas é apenas isso.

Não se compara com tudo que sinto quando Dionísia me toca, nenhum toque se comparada ao dela porque cada vez que meu anjo me toca é como se tocasse direto na minha alma, meu coração e toda a minhq escura existência também.

— Estou muito feliz por você, e por termos se reencontrado. Você mudou — Repete, relembrando o Lucius destroçado que conheceu naquela festa. O que estava prestes a desistir de tudo e usou o momento dela como uma válvula de escape e uma boia pós a explosão.

— Ela me ajudou a perceber que eu no fundo eu queria isso mas tinha medo demais...— confesso, lágrimas escorrerem por meu rosto, lágrimas de felicidade

— Estou feliz por ter reencontrado você. E por você estar com aquele que estava no seu coração. Pela família que estão formando.

— Obrigada...— Ela sorri, algumas lágrimas escorrendo pelo rosto também.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now