Capítulo 11

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Lidar com as incertezas da vida, dependendo da situação em que você se encontra, é surreal de tão inexplicável. Às vezes a verdade está estampada em sua frente, e por desleixo ou lerdeza, acabamos que não notamos e deixamos-nos cegar por algo tão óbvio e explícito.

Atualmente, procuro me refazer, de todas as formas. Gosto de inovar, de transcender, de renascer e de me ter. Nunca gostei de estar à mercê da vulnerabilidade. Não é a minha praia. Culpo os deuses, as matas e até mesmo o universo, mas por instantes. Depois de remoer, retorno à realidade e entendo que nem tudo é flores. E que bom que não é. Não há nada mais gratificante do que comparar o seu eu anterior com o de agora. Tudo muda, até mesmo os seus pensamentos.

E tem sido assim. De tanto buscar entendimento, procurei respirar fundo e entender essa minha nova fase. A Marília de outrora surtaria, mas a de hoje entende e respira fundo há cada passo dado.

Fiquei mais algumas horas com o Bruno, depois me reencontrei com o Julyer. Estava tudo certo, desde as maquiagens aos looks inspirados em tais coleções. Estávamos prontos, prontos para mostrarmos aquilo que planejamos há meses. Agora, meu único foco será concluir as aulas.

Em duas semanas,na S'tilus terá uma cara nova. Um ambiente diferente.

— Preparado para a inauguração da nova S'tilus, César?

— Sempre estive, Marília. Você sabe que sempre esteve em meus pensamentos mudar tudo isso desde da partida da minha mãe. - Lamentou.

— Sei bem! Confesso que estou ansiosa, muito. Planejei, apaguei e agora consegui alcançar o que tanto imaginava. Sairá tudo perfeitamente lindo!

— Confio em você, você sabe!

A confiança que César possuía sobre mim, lembrava-me da sensação que tinha todas as vezes em que o meu pai comemorava cada conquista e/ou cada passo dado meu, mesmo que incerto. Adorava ser sua pequena, sua filha e sua amada. Não vejo César como pai, e sim como um grande amigo que ele me deixou para guiar-me. Um parente próximo, que possui traços paternos que possui efeitos lindos e nostálgicos sobre mim. Admiro-o, assim como admirava o meu pai.

Sinto saudade de quem gerou minha conduta. De quem gerou quem sou.

— Você e a Maiara estão se dando bem? - Ele perguntou — Lembro que no início ela relutou bastante comigo.

— Hoje em dia, sim. Acredito que com maestria consigo conquistá-la pouco a pouco. Maiara é uma menina dócil, a rebeldia dela foi por questões de apego, você sabe bem. Eu também ficaria bastante chateada se o meu pai decidisse quem seria a minha professora, visto que já tenho idade suficiente para decidir.

— Maiara ainda é um bebê, ainda mora comigo. Ela não sabe nem se virar sozinha.

— César, a Maiara tem 24 anos. Ela não é uma bebê, ela é uma adulta! - retruquei.

— Você não entende…

— Entendo sim. Bebê é a Marcela que possui apenas 2 aninhos. - Tenho certeza que meus olhos encheram-se de água, não por emoção, mas sim por amá-la o suficiente e há cada citação do seu doce nome, meu coração pulsar de alegria.

— Saudade dela! Quando você irá trazê-la para que eu possa revê-la?

— Em breve, César. Em breve!

Ficamos horas conversando, debatendo e decidindo muitas coisas a respeito da S'tilus. Estar em sua companhia sempre foi um prazer. Nos damos bem, nos damos muito bem. E isso é explícito aos olhos, aos nossos olhos. Nos entendemos e nos refazemos há cada descontrole e discordância, e isso é motivo suficiente para que eu continue dentro dessa empresa, ao seu lado.

Na ponta do Salto - MAILILAWo Geschichten leben. Entdecke jetzt