Capítulo 02

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– Você parece antipática. - uma garotinha de um metro e meio falou e eu juro que quis me enfiar em um plástico bolha e ser furada por uma idosa que sentiu raiva a vida toda.

– Eu juro que não sou.

– Então por quê não vem dançar com a gente?

Olhei para o relógio e notei o atraso da minha professora, havia algum engano. Não era possível que a minha sala realmente estivesse tocando música de Tik Tok.

Encolhi meus braços entre as pernas e ela se aproximou de mim, com os seus dedinhos retirou as mechas que cobriam um pouco os meus olhos.

– Seu cabelo é tão… - ela respirou fundo – laranja.

Eu ri, a inocência das crianças sempre me encantou.

– A minha mamãe ainda não voltou, estou começando a ficar com medo.

Abracei seu corpo e disse que iria ficar com ela até que ela voltasse, ela me perguntou novamente porque ainda não estava dançando igual as outras garotas. Como explicar para uma criança que a sua dança é vista como algo sexual?

– Ainda não é o momento da tia dançar, pequena.

– Você é minha tia? Por quê disse "tia"? - ela parecia confusa e eu só sabia rir da situação.

– Tia é uma forma de falar, mas você é tão fofa que eu seria facilmente sua tia. Qual sua idade, neném?

Ela fez um "quatro" tão torto com a mão que eu enchi o rosto dela de beijos estalados. Uma figura apareceu atrás dela e se agachou, ficando na sua altura.

– Achei você! - a mulher apertou a criança, sem machucá-la. E foi lindo ver o sorriso que surgiu nos lábios do anjinho. – Peço desculpas, ela costuma fugir da minha sombra.

– Sem problemas! - me levantei e segurei a alça da minha mochila. – Eu vou indo, acho que não haverá aula pra mim.

– Quem é sua professora?

Eu não faço a mínima ideia, oras.

– Na verdade… eu não sei.

Ela franziu o cenho e ficou na altura da sua filha.

– A mamãe vai trabalhar, okay?

– Okay, mamãe! Podemos comer donuts na janta?

– Hum… se você se comportar direitinho, podemos! - E foi o suficiente para a menor sorrir e beijar sua mamãe.

– Pessoal, atenção aqui! - todos olharam para ela. – A aula irá começar e peço que levem as crianças e adolescentes para sala ao lado, teremos uma nova dança para ser ensaiada e só temos duas semanas!

Eu me sentia perdida. Para onde ir? Quem era esse pessoal? Por quê me enfiaram aqui?

Por quê? Por quê? Por quê?

Cutuquei a mulher e ela me olhou de relance, tudo parece esquisito, mas eu não queria me sentir deslocada, precisava saber se ela conhecia a minha professora.

– Você conhece alguma professora de pole dance?

– Sou eu, querida.

O mundo está contra mim. É impressionante. Meus olhos passearam pelo corpo da mulher… Nada mal, mas não reconheceria se alguém afirmasse que ela era professora de dança.

– Algum problema? - ela chamou a minha atenção. – Se não, vai se trocar.

Eu vou matar o meu pai.

Na ponta do Salto - MAILILAOn viuen les histories. Descobreix ara