Capítulo 03

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Depois que jantei, Henrique me levou para sua casa. Namoramos há 3 anos, e ele sempre me tratou bem, em tudo. Seu cheiro sempre foi o meu favorito e uma das minhas manias é ficar cheirando ele a todo momento.

Henrique beijou os meus lábios docemente, com ternura. O garoto acariciou meu rosto e me beijou novamente.

— Você é tão linda… Como foi a aula hoje, amor?

— Um verdadeiro saco, meu bem. Detestei, em todos os sentidos.

Só de lembrar da mesquinha e arrogante da professora, sinto vontade de vomitar.

— Por quê diz isso?

— A professora foi totalmente mal educada comigo e ainda quis me dar sermão.

— Ela foi mal educada ou você quem não quis dar uma chance pra ela? - Henrique perguntou olhando nos meus olhos.

— Ah, amor… Eu até tentei, mas ela quis me dar sermão sem motivos. Eu não gosto disso. Ela praticamente me tratou como uma criança birrenta. - meus braços estavam cruzados.

— E você não é? - ele gargalhou

Somente fuzilei ele com os olhos e ele se redimiu com vários selinhos.

— Você é birrenta, nervosa, chatinha - ele falava e subia em cima do meu corpo ao mesmo tempo —, gostosa… minha… - sua respiração estava aguçada.

— Sou sua é? - nossas bocas estavam próximas o suficiente para que eu pudesse sentir o seu ofego.

Henrique colocou as mãos na minha cintura e entreabriu os lábios, me convidando para um beijo repleto de afirmações.

— É… eu sou sua. - minha voz estava trêmula e os meus olhos já não permaneciam abertos com naturalidade, estavam pesados.

Fizemos amor a noite inteira, estava precisando relaxar, talvez seja por isso que ando tão estressada com algumas coisas. A noite pareceu voar, acordei com o irritante barulho do despertador me forçando a abrir os olhos para trabalhar. Olhei para o relógio e já eram 05h30, decidi descer as escadas e ir tomar café com Maria, sua mãe.

Fiquei completamente feliz ao vê-la, amo a minha sogra, até mais do que o seu próprio filho. Sentei e já busquei um prato para comer um pouco do seu bolo. Meu bolo favorito feito por ela é do fubá, acompanhado por um café bem quentinho.

— Você sumiu, norinha. Dormiu bem?

Olhei para ela e sorri.

— Dormi sim, dona Maria. A correria está grande.

Ela assentiu e tomamos café da manhã conversando sobre alguns assuntos aleatórios. Beijei seu rosto e me despedi, pedi para que ela deixasse um beijo para o Henrique.

Acionei um Uber e segui até a empresa do meu pai. Hoje entraria mais cedo, precisava terminar algumas planilhas e gráficos, logo depois também teria uma reunião com a gerência.

O movimento era quase nulo, graças a Deus. Ninguém merecia me ver com o cabelo em um coque frouxo e com uma roupa amassada. Segui até o banheiro do meu escritório e vesti o meu fardamento. Às vezes gosto dele. Preciso sempre estar bem apresentada para reger os funcionários, caso contrário eles não me levam a sério.

Interfonei para a minha secretária, ordenando que me trouxesse um café meio amargo com um pouco de chantilly na borda. Novamente prendi os meus cabelos, não queria que nada me atrapalhasse naquele momento. Liguei o meu notebook e cruzei as pernas.

Distraída, não ouvi quando minha secretária entrou na sala com o meu pedido. Sorri, gentilmente, agradecendo pela sua competência.

Com a xícara sobre os lábios, lembrei do que a minha irmã disse: "Ela é linda", e a curiosidade surgiu. Digitei seu nome no pesquisar do Instagram e meus olhos atentaram-se.

"esqueça-me (se for capaz) 🤨"

A legenda da foto da professora, com uma foto totalmente elegante, me cativou. Talvez por sua postura, ou talvez por seu ego ser maior que sua bunda. Convenhamos, não posso negar que ela é bem feita.

Curti, descaradamente. Printei a foto e encaminharei para a minha irmã.

"Caralho, olha o tamanho da bunda, Maiara. Se você não pegar, eu pego!"
                          06h50 - Metade.

Ri, mas me contive. Olhei para os lados. Não quero ninguém xeretando.

"Pode pegar, não gosto de mulher. E eu tenho o gostoso do meu namorado. Prefiro a minha bunda."

Marília.

Marcela estava no banco da frente junto comigo, apesar de sua insistência deixei ela no bebê confort. Todo cuidado é pouco para essa reclamona. Estava rindo, ela sempre tinha as melhores frases toda manhã. Hoje, enquanto tomávamos café, ela me disse que em outra vida foi uma velha fofoqueira, por isso que adora uma fofoca e ama falar desse tanto.

— Mamãe, o papai é chato.

— Por quê diz isso? - olhei rapidamente para ela.

— Ele não me deixa namorar.

— Como é, Marcela?

Nesse momento até eu gelei.

— É, mamãe, namorar. O Artur - Amo quando ela pronuncia o nome Artur — ele é bonzinho e ele disse que gostava de mim.

— Filhinha, mas você não tem idade para isso.

— Tenho sim, eu já tenho isso ó - ela mostrou seus quatros dedinhos e eu quis morder todos —, já tenho idade suficiente para namorar, mamãe.

— Mamãe vai pensar no seu caso, ok?

Não queria deixá-la desapontada, Marcela é bastante hiperativa e com certeza passaria a aula toda agitada e eu queria que ela se concentrasse o máximo possível. Beijei o rosto da minha pequena e deixei ela junto com a sua professora. Meu coração sempre aperta todas as vezes em que a deixo na creche.

Precisava passar na S'tilus Henri antes de retornar para os meus afazeres diários, o trajeto não é longo, mas estava totalmente sem paciência aquela manhã. Não dormi bem e para completar o Murilo me irritou às 06h da manhã.

Escutei a notificação do celular e alcancei-o, o Instagram me notificou uma curtida e eu não reconhecia o user. Por curiosidade, cliquei e era a minha aluna. Não dei bola.

Solicitei acesso à sala de César Henrique, que me fora concedida. A sala estava gelada, então abracei os meus braços e pedi para que ele regulasse o ar.

— Eu esqueci que você adora viver como um urso polar. - Meus olhos reviram automaticamente todas as vezes em que encontro com ele.

— Você só reclama, Mendonça. Meu Deus! Sente-se - ele apontou para a cadeira — e me diga o motivo da sua visita.

— Planejamento, o que mais seria? Não me deslocaria até aqui somente para te ver.

— Você me adora que eu sei.

Dei de ombros e abri a minha bolsa, tirei a pasta com os documentos e mostrei a ele o plano. Havia alguns gráficos, com algumas anotações. Ele inspirou fundo e me olhou.

— Não é uma má ideia. Onde você pretende exercer suas ideias?

— Se me permitir, aqui mesmo. Preciso colocar em prática o mais rápido possível.

— Certo. Adorei a ideia! - Ele sorriu. Nós dois sorrimos.

Na ponta do Salto - MAILILAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora