Recomeços 2

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Rafael pensava que sempre podia mais em relação aos seus pacientes. Enquanto outros médicos se contentavam com diagnósticos superficiais, ele buscava até o último recurso. Estudava ,investigava, trocava impressões com seus pares, procurava sempre ler as pesquisas e descobertas da ciência. Mesmo as que não eram sua especialidade.
Fazia muito, considerando os parcos recursos das pequenas cidades que atendia. Por muitas vezes precisou tirar dinheiro do próprio bolso para comprar medicamentos e pagar exames.
Com Pérola ele estava se sentindo inútil. Todas as suas pesquisas não eram suficientes para diagnosticá-la e, por conseguinte tratá-la. Sofria ao ver a amiga cada vez mais esquecida e o efeito que isso causava nela. Estava sempre angustiada pedindo que contasse repetidamente momentos que viveu e que havia esquecido. Todos os dias ele recontava o nascimento da Eva, o tempo que viveram no Rio de Janeiro, sua paixão intensa e problemática por Max...
Quando decidiu optar por um especialista procurou um dos mais conceituados do Brasil... Preocupou-se em buscar pela capacidade já que alguns figurões da medicina gozavam de fama que não condiziam com sua capacidade de atuação.
Esse, com certeza, não era o caso do Dr. Elias. Entretanto ele ainda não tinha sido capaz de ajudar sua amiga, o que o deixava com uma tristeza profunda.
Max deixou Pérola no hotel depois da consulta. Não queria deixá-la sozinha, mas ela insistiu que não faltasse às reuniões agendadas. Resistiu muito, porém Rafael garantiu que ela dormiria a tarde toda depois da medicação que havia lhe dado para descansar.
Preocupou-se ao chegar ao quarto. Não se lembrava de ver Pérola tão ansiosa. Ela que foi sempre tão gentil com todos, hoje, estava falando alto num completo desespero deixando a camareira desnorteada.
“_ Eu já procurei em todos os lugares possíveis não está no quarto, Dona Pérola!”
“_ Não! Ai Goiá, isso não pode tá acontecendo comigo! Vamos continuar procurando... Quem arrumou o quarto enquanto eu dormia?”
A camareira passava as mãos pelos cabelos desalinhando-os.
“_ Só estivemos nós duas aqui hoje... Se a bolsa estivesse aqui nós já teríamos a encontrado. Peça para o seu Rafael procurar no consultório onde vocês estiveram!”
“_ Eu sei o que estou falando! Já repeti mais de dez vezes! Ela estava aqui, eu nunca a deixaria por aí de qualquer jeito. Eu posso parecer, mas ainda não estou louca!”
Max entrou, parou olhando para a camareira. Ela tinha os olhos molhados, olhou desolada pra ele.
“_ Eu não acho que esteja louca. Só um pouco confusa... não sei mais onde podemos procurar!”
“_ O que foi Pérola? Posso ajudar?”- Max perguntou solícito.
“_ Agora não, Max! Eu preciso encontrar aquela bolsa! Minha mãe divina ajude-me!”
Max confuso puxou a camareira para o canto enquanto Pérola resmungava coisas inteligíveis.
“_ O que está acontecendo? O que vocês tanto procuram?”
A camareira secou os olhos antes de responder.
“_ Quando entrei no quarto ela estava dormindo. Arrumei a antessala até que ela acordasse e eu pudesse trocar os lençóis e arrumar o quarto. Porém ela acordou desesperada atrás de uma bolsa... Eu não consigo encontrar, mas ela jura que estava com ela quando chegou!”
Max olhou a ex-mulher abaixada procurando embaixo da cama. Vez em quando ela passava as mãos pelos cabelos tentando alinha-los. Ele resolveu intervir ao vê-la tentando puxar um móvel para procurar atrás dele.
“_ Pode ir trabalhar! Deixe que eu cuide da Pérola!”
A camareira respirou aliviada e saiu correndo do quarto.
Max se aproximou buscando as mãos da amada e a puxando para que sentasse ao seu lado no sofá.
“_ Pérola, vamos conversar um pouquinho. Toda essa ansiedade não está te fazendo bem! Sei que está insatisfeita por causa da consulta...”.
Ela abaixou a cabeça sobre os joelhos e deixou que as lágrimas fluíssem. Max não tinha lembranças de ver a amada assim tão vulnerável. Antes que pudesse reagir viu a camareira entrar no quarto sorrindo.
“- Encontrei, dona Pérola! Estava enrolada nos lençóis que mandei pra lavanderia.”
Max viu Pérola levantar rapidamente e pegar a bolsa abrindo sem nenhuma delicadeza. Puxou de dentro um caderno encapado por tecido e o abraçou!
“- Ai Goiá! Obrigada minha mãe divina, sabia que a senhora nunca iria me abandonar!”
Ela abriu o caderno para ler. Por alguns segundos Pérola pareceu esquecer que ele estava ali, até que enfim levantou os olhos e abaixou novamente encabulada, como se só agora tivesse dado conta da presença dele.
Max precisava entender o que significava tudo. Estendeu a mão num pedido silencioso para ver o livro. Preparou-se para ouvir uma negativa. Felizmente não foi o caso, Pérola estendeu o livro e abaixou a cabeça secando os olhos que teimavam em marear.
Max sentiu o peito apertar ao abrir o livro. Tudo que sentiu não poderia ser descrito.
Sabia da dor que Pérola sentia, sabia da confusão que estava sua cabeça e seus sentimentos, mas nada o preparou para aquele momento. Abraçou a amada querendo absorver um pouquinho que fosse daquele sofrimento que a inundava.
Buscou mais uma vez aqueles olhos que tanto o enfeitiçavam e acariciou sua face.
“- Quer falar sobre isso?” Ela balançou a cabeça afirmativamente e pegou o livro das mãos dele abrindo em uma página onde viu seu retrato tirado no dia do casamento. Ao lado um texto descritivo.
Pérola, esse é seu ex-marido Max Sullivan. Ele é pai da sua filha Eva e também de sua sobrinha Nina. Parece complexo entender, por isso, se tiver alguma dúvida converse com o Rafael. Observação: você pode confiar nele!”
Ele leu aquilo e a olhou sem entender. Ela explicou:
“- Minhas memórias falham o tempo todo. Em vários momentos vejo pessoas e não faço ideia de quem são e de que forma se relacionam a mim! Por isso o Patrick teve essa ideia, ele escreveu detalhes das pessoas que tenho esquecido. Leio e releio esse caderno todos os dias, várias vezes!”
Max passou as folhas e viu adiante páginas que destacavam Eva, Nina, Clara... Também tinha fotos de lugares: a mansão Sullivan, a Fábrica, tudo com legenda e texto explicativo...
Ela olhou para ele esperando uma reação.
Max até aquele momento não tinha noção de quanto ela estava sofrendo. Ele a cobriu com os braços querendo fazer com que a dor estampada nos olhos dela sumisse. Acariciou lhe a face secando as lágrimas.
“- Já conversou com o Rafael sobre isso?”
“-Não. No início tive vergonha, pensei que fosse uma condição passageira... Depois pensei em contar, mas a cada consulta percebia que Rafael ficava mais ansioso com a falta de resposta ao tratamento.”
Max balançou a cabeça sem acreditar no que ouvia.
“- Pérola ele é médico, essa é a realidade do dia a dia dele. Ele se preocupa com os pacientes. É isso que faz dele um médico tão bom! Você deveria ter falado com ele! Ficar guardando esse sofrimento só te faz mal!”
“- Não é fácil assim, Max! Ele é meu amigo, Loreta um dia me contou que ele deixava de comer, de dormir buscando uma forma de me curar... Eu não quero melhorar à custa da saúde dele!”
“Quem sabe desse caderno é somente o Patrick, que me ajudou com as informações, e agora você...”.
“- Por Deus, Pérola! Você poderia ter conversado com alguém, comigo, com a Nina, a Eva ou mesmo a Inácia...”
Ela se levantou abraçando o caderno.
“- Falar como? A Nina está grávida e cheia de preocupações com o Conrado distante, com os problemas da fábrica... A Eva está distante e só nos falamos por telefone e pra ser sincera, tirando a Inácia, muitas vezes elas são só rostos pra mim!”
“-E eu?” Max perguntou segurando-lhe as mãos. Seu toque tinha a capacidade de mexer com os sentidos dela.
“- Você? Na verdade eu não sei descrever o que sinto... É um misto de medo e...”
Ela retirou as mãos dele e tentou se afastar da intensidade daquele olhar.
Max a puxou pela cintura aconchegando seu rosto no pescoço dela. O perfume tão familiar inundou seus sentidos. Ao contrário de Pérola, suas lembranças eram muito vivas.
“- Medo? Sente medo de mim?”
“- Não de você! De nós na verdade...
“- Tento me manter distante porque cada vez que se aproxima perco o controle de mim. Você me olha como se eu fosse a última pessoa do mundo e eu te quero com uma intensidade absurda! Por isso tenho medo de me deixar envolver, porque sei que se nos afastarmos novamente eu vou sofrer muito.”
Max a abraçava por traz, Pérola virou de frente e o enlaçou pelo pescoço.
“- Tô tão cansada de tudo... Tão cansada de fugir...”
Ela acariciou os cabelos dele enquanto seus olhos admiravam aquele rosto tão lindo. Deixou suas mãos vagarem pela barba macia até chegar à boca. Contornou com os dedos os lábios macios... Aproximou sua boca de leve provando-lhe o gosto. Deixou que suas mãos acariciassem os cabelos como ansiava há tempos. Ele gemeu e a puxou colando seus corpos, ela pode sentir o quanto ele a queria.
Pérola enfiou sua língua na boca dele. Ele retribuía apertando fortemente sua cintura.
Tudo o que ele queria era cuidar dela, protegê-la de todo o sofrimento, mas quando ela o tocava daquele jeito ficava muito difícil ser cavalheiro.
Max sentiu a boca dela beijando seu pescoço. Percebeu que ela sorria.
“- O que foi? Tá rindo de quê?
“- Estava lembrando da sua tentativa de me distrair lá no jardim do consultório! Devo dizer que você tinha razão, eu amo seu cheiro!” Max gargalhou.
“- Eu disse!”
Ainda sorrindo ela buscou a boca dele novamente.
“Também amo seus beijos!” - Ela disse enquanto se entregava a beijos cada vez mais intensos.  Pérola sentiu o membro dele pressionando sua camisola .
Ela esfregou seu corpo ao dele levando Max a gemer.  O levou diretamente pra cama sem se distanciar um milímetro que fosse. Qualquer tentativa de se afastar resultava em insatisfação por parte de cada parte do seu corpo.
Deitou-se por cima dele abrindo o botão da camisa expondo o tronco forte. Seus seios inchados chamavam por ele. Max ficava fervendo ao ver os contornos deles e os bicos salientes na camisola fina.
Pérola sentou-se por cima deixando uma perna de cada lado, conseguia sentir o membro pulsando em baixo de si. Rebolou na tentativa de aquietar o fogo, mas isso só fazia aumentar... Antecipava o prazer que sentiria quando, enfim, o tivesse dentro de si.
Max parecia aproveitar cada parte dela. Suas mãos inquietas apertavam-lhe as coxas e subia agarrando-lhe com força o bumbum.  Cada movimento que ela fazia arrancava mais gemidos dele.
Max estava enlouquecendo, a língua dela enroscava nas suas, de repente ela puxava seus lábios com os dentes num carinho tão sensual que seu corpo gritava pedindo mais.
Ela tirou-lhe a camisa deixando suas mãos percorrerem cada caminho que os pelos faziam.
Max a sentia se esfregando nele. Se continuasse assim ia acabar se derramando antes da hora.
Pérola em um segundo estava se  sentindo  em brasa no outro buscava espantada aquele que a pouco a aquecia.
Olhou Max parado, respirando fundo, perto da porta do quarto.
“- O que... O que aconteceu? Você não quer?” _ Disse respirando com dificuldade.
Ele sorriu vermelho pela paixão que o tomava instantes antes.
Reaproximou-se e sentou-se em frente a ela segurando seus ombros.
“- Deus. Pérola! Ter você de volta é tudo o que eu quero! Você é a primeira pessoa que eu penso quando acordo e a última que penso antes de dormir! Cada vez que a via próxima daquele imbecil do Dartha eu sentia o peito ardendo de ciúmes, de medo de ter perdido você pra sempre, de culpa por ter te afastado...
“- Nós nascemos pra ficar juntos. Eu sei disso porque ninguém provoca em mim sentimentos tão intensos como você... Mas não pode ser assim, não agora com você tão fragilizada! Eu me sentiria um canalha por me aproveitar de você nessa situação!”
Ela aproximou-se dele irritada.
“- Que situação? Eu não consigo ficar próxima de você sem que meu corpo reaja. Eu queria poder lembrar tudo que vivemos. Vejo as fotos do nosso casamento e daria tudo pra reviver aqueles momentos, quando você ou o Rafael me conta sobre como vivíamos e como éramos um com o outro eu acredito e quero tudo de novo!
Se me afastei tantas vezes não foi por falta de bem querer... Foi por medo de sofrer, mas o meu temor agora é outro, Max!
Eu não acho que minha condição vá melhorar, pelo contrário... Eu quero viver o que meu coração anseia agora, enquanto sou dona de mim! Tenho medo de esperar e o momento passar, eu posso acordar amanhã e não saber nem quem somos, Max!”
Ele a abraçou forte.
“- Não fala isso, nós não vamos deixar acontecer...”
Ela o olhou nos olhos.
“- Você não pode me prometer isso, Max! E eu não quero esperar... Quero você agora, quero atender cada capricho do meu corpo! Quero viver a intensidade desse sentimento enquanto posso! Eu... Eu quero você, Max! Mas só se você me quiser de coração aberto, sem culpa, nem remorsos...”
Pérola contornou a boca dele com os dedos, depois deixou que sua língua fizesse o mesmo caminho. Retomou os beijos com calma, mas a sede que sentiam um pelo outro era imensa.
Ela abaixou a alça da camisola deixando os seios alvos à mostra, os bicos rosados estavam duros, davam mostras da excitação que ela sentia.
“- Vem pra mim, amor! Eu quero, eu preciso de você! Se eu não posso me lembrar do que vivemos talvez nós dois possamos criar novas memórias!” Ela buscou as mãos dele levando até os seios.
“- Vem pra mim! Mostre-me agora tudo que eu amava em você e esqueci!”
Max a olhava rubro, confuso. Seus conceitos morais, sua razão diziam que era errado ficar com ela intimamente nesse momento em que ela estava tão confusa. Mas a razão perdeu feio pra paixão, ele a tomou nos braços deitando por cima dela na cama.
“- Pérola, eu te amo! Eu deveria resistir, mas só Deus sabe o quanto sonhei com esse momento. Promete pra mim que não vai me deixar mais!”
Ela suspirou levando a cabeça dele até seus seios para que os provasse.
“- Ai Max! Eu prometo tudo o que você quiser... Ahhh!”
Os lábios dele sugavam os seios enquanto sua mão descia acariciando as coxas macias subindo até a intimidade quente e úmida dela. Acariciou o botão entre as pernas dela... Ela apertava os músculos dos braços, das costas... Fazia tudo que seu corpo pedia, não havia espaço pra culpa, nem arrependimentos. Tudo o que eles queriam era se perder um no outro.

Pérola e Max: Um amor, várias vidas! Where stories live. Discover now