Pérola e Max: Um amor, várias vidas!

crise

           Juca não havia conseguido conversar com Pérola sobre as fotografias. Foi até a livraria, mas foi avisado de que ela não iria trabalhar para ficar com Eva que havia chegado de Dublin. Pensava na possibilidade de conversar com Rita como Eglantine havia sugerido, mas estava indeciso se deveria colocar mais alguém nessa história.

            Sentou-se em frente à casa de Pérola aguardando que Rita, Pérola ou Nina saísse. Esperava angustiado. Serranias era uma cidade pequena as pessoas poderiam estranhar ao vê-lo parado tanto tempo ali, tão cedo.

            Sentiu alívio ao ver Pérola saindo conversando com o motorista. Juca percebeu a expressão da mulher mudar ao vê-lo. Ficou claro que a sua presença a incomodava, contudo ela o cumprimentou com simpatia.

            “- Bom dia, Juca! Precisa do Max ou da Nina? Eles ainda não acordaram, mas não tarda. Pode entrar e esperar por eles na sala.”

            “_ Não. Eu preciso falar com você Pérola. É urgente! E eu não saio daqui antes de conversarmos!”

            Pérola decidiu que dessa vez seria firme com o fotógrafo que a seu ver já estava ficando inconveniente. Não queria que Max a visse conversando com Juca e Imaginando o teor da conversa não poderia correr o risco de que o motorista os ouvisse.

            Dispensou o motorista e decidiu ir dirigindo até a livraria onde poderiam conversar sem risco de serem ouvidos por alguém.

            Entrou no carro e saiu com Juca no assento do passageiro. Não viu Max os olhando pela janela do quarto.

            Alguns minutos antes...

            Max acordou tateando procurando abraçar sua esposa. Ainda trazia no corpo o cheiro e na boca o gosto dela. Todas as vezes que se amavam era maravilhoso, contudo essa noite conseguiu superar todas. Pérola ficou tão feliz em recuperar o colar que não conseguiu dormir, ficaram abraçados, acarinhando um ao outro, conversando e relembrando os momentos felizes...

            Levantou-se, o sol já estava alto. Todos já deviam estar à mesa para o café e queria aproveitar cada segundo com a Eva nessas férias.

            Enquanto olhava pela janela viu Juca sentado em frente a sua casa pensou por um instante que ele precisava conversar com ele ou Nina.  Lembrou-se que Pérola havia dito que o fotógrafo iria embora na tarde anterior.  Começou a se trocar para ir ter com Juca quando o viu entrar no carro e sair com Pérola. Ficou incomodado. Estranhou principalmente porque a esposa não gostava de dirigir, preferia sempre que Max ou o motorista a levasse a livraria ou ao museu.

            Max desceu chamando por Inácia perguntando onde Pérola havia ido.

            “- Não sei seu Max! Dona Pérola me disse que não tencionava sair hoje. Queria aproveitar bastante à visita da Evinha.”

            Eva, Clara e Nina ainda não haviam acordado. Ele resolveu espera-las para tomar o café da manhã. Foi para o escritório e pediu que Inácia o avisasse quando Pérola chegasse. Estava aborrecido com Juca sempre rondando a esposa.

            Pegou a correspondência acumulada em sua mesa no escritório. Levou um bom tempo nesse trabalho, já que na semana anterior não tinha tido tempo de ler com o final de semana na Cabana e a viagem para comprar o presente de Pérola.

            Viu entre os envelopes um que se destacou, não tinha remetente, nem selo, nada... Abriu e pegou uma carta datilografada começou a ler e sentiu o chão ruir sobre seus pés...

            Max levantou-se agitado, passou as mãos pelos cabelos numa atitude comum quando ficava nervoso. Só podia ser brincadeira de mau gosto, alguém tentando o atingir... Confiava na esposa, Pérola o amava, havia esperado por ele a vida toda... Pegou o envelope com a intenção de jogar no lixo quando viu que dentro havia algumas fotografias... Sentiu o coração acelerar, ali bem em suas mãos viu as fotos de sua esposa no lago, tão linda... Não queria acreditar no que o bilhete dizia, mas as fotos de Pérola em roupa íntima se deixando ser fotografada não deixava margem para dúvidas.