O piquenique parte 1

62 5 16
                                    

Pérola olhou o rosto impassível de Max. Em que altura da conversa ele chegou? Rafael foi o primeiro a quebrar o silêncio que havia se instaurado no ambiente. A tensão era tamanha que poderia ser tocada.

            “- Max resolveu madrugar também? Como vão as meninas?”

            “- Estamos todos bem! Como vai, Pérola?”

            Ela o olhava tentando vislumbrar no seu comportamento algo que denunciasse se ele tinha ouvido a conversa ou não.

            “- Bem!” Respondeu tentando não externar a inquietação que sentia naquele momento.

            Max desviou os olhos dela e estendeu a mão para cumprimentar o compadre.

            “- Vim mais cedo porque prometi a Nina que resolveria um problema com a Pérola. Tem um tempo para mim, Rafael? Preciso muito que dê uma olhada na Nina. Preocupo-me que ela esteja sempre tão agitada com aquele barrigão todo!”

            Rafael convidou o amigo a se sentar. Pérola serviu café e sentou-se.

            “- Isso também me preocupa, Rafael! Ela já está de quase oito meses. Não seria a hora de fazer repouso?” Pérola reiterou a fala de Max.

            “- A gravidez da Nina é muito saudável e ela se sente bem trabalhando. Além do mais vocês conhecem a cabeça dura daquela menina, nisso ela saiu ao pai!”

            “- Ainda assim eu me preocupo!” Disse Max levando a xícara à boca.

            “Se o tranquiliza, mais tarde vou até a empresa examiná-la. Também vou sugerir que diminua as horas de trabalho. Agora vou indo porque tenho pacientes para atender e vocês têm assuntos a discutir!”

            “- Pérola, tão cedo eu conseguir marcar seus exames no Rio de Janeiro, mando avisá-la!”

            Ela o acompanhou até a porta e sussurrou quando estavam numa distância segura.

            “- Você acha que ele escutou o que eu disse Rafael!”

            “- Não sei dizer, minha querida! Agora tente se acalmar e tire da cabeça essa história de que está perdendo a sanidade. Como médico digo que o que está sentindo está dentro da normalidade. E como amigo digo que precisa parar de negar seus sentimentos!”

            Pérola deixou a porta aberta dessa vez. Não correria mais o risco de ficar a sós com Max. Não confiava nele e infelizmente não confiava em si mesmo na companhia dele.

            Sentou-se a uma distância segura do Max e tentou parecer o mais natural possível. Max não deu nenhuma indicação de que tivesse ouvido sua conversa com Rafael, isso a deixou mais tranquila.

            “- Eu vim conversar com você sobre o seu contrato. Pedi ao contador que fizesse um levantamento de quanto seria sua multa pela rescisão.” Max estendeu a folha para Pérola, ela o olhou estarrecida com o valor da multa. Teria que gastar todas as suas economias, sua segurança financeira ficaria comprometida.

            “- Não se preocupe. Se decidir que o melhor para você é rescindir o contrato nós vamos aceitar e esquecer essa multa.”

            Pérola o olhou com descrença

            “- Se eu pedir demissão vocês não vão cobrar essa multa? Entendi direito?”

            “- Entendeu.”

Pérola e Max: Um amor, várias vidas! Where stories live. Discover now