Confissões de Max

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O capítulo de hoje vou dedicar a minha miguxa Sra_Dama pelas ideias e opiniões dadas a  essa humilde escritora meia-sola!

"- As lembranças mais antigas que eu tenho são da minha mãe. Era lavradora numa terra cedida pelo colono, numa pequena cidade irlandesa. Éramos só nós dois, trabalhávamos de sol a sol e após a colheita o que ficava conosco era o suficiente para ter uma parca sopa como alimento por um mês.

            Um dia, quando eu contava seis anos, minha mãe reclamou a injustiça daquela divisão ao colono, ele tomou o pouco do alimento que nos era reservado e ameaçou nos expulsar da terra.

            Chorei de fome e vi minha mãe entrar na casa do administrador, ficar lá por um tempo e sair com um pouco de alimento e manchas pelo corpo. Ela chorou por uma semana, só depois de adulto compreendi o que aconteceu a ela naquele dia, ela havia alugado seu corpo para que eu tivesse o que comer.

            Quando tinha 14 anos ela me levou até a casa do ferreiro no povoado. Pediu que ele me empregasse em troca de um teto, de alimento e de aprender o ofício. Não gostava da vida que eu levava e não vislumbrava melhoras no meu futuro ao seu lado.

            O ferreiro já estava em idade avançada e achou um ganho naquele acordo. Eu era franzino, mas tinha muita disposição para enfrentar o serviço pesado.

            Meu empregador quase não falava. Vez por outra eu o via me olhando pensativo, no outro dia eu acordava e havia uma bota, ou um traje de frio, um punhal... Era a maneira dele me dizer que estava satisfeito com meu trabalho.

            Meses depois recebi uma carta contando da passagem de minha mãe. Não chorei porque no fundo eu já desconfiava que ela estivesse enferma, os ossos evidentes na face dela não poderiam ser só resultado da má alimentação.

            Completava agora dezesseis anos, a vida havia me feito homem. Na igreja, numa tarde de domingo, conheci meu primeiro amor.

            Sentada no banco da frente com um pai sisudo ao lado estava Ciara, aquela que viria a se tornar meu mundo.

            Eu ia à missa por vontade de minha mãe, depois por ordem do ferreiro, mas a partir daquele dia ir a missa passou a ser uma obrigação que eu cumpria com gosto. Nunca nos falávamos, mas nossos olhares esbanjavam promessas.

            Encontramo-nos a sós pela primeira vez no armazém de secos e molhados. Ela nunca estava só, vinha sempre acompanhada de uma criada. Quis a sorte que a criada se enamorasse do dono do armazém, sumiram nos fundos com a desculpa de ver melhores provisões, visto que os que ali estavam expostas não lhe agradavam os olhos.

            Respirei fundo, criei coragem e me aproximei. Ela sorriu como se também ansiasse por isso, dei-lhe o caramelo que trazia no bolso e ela sorriu agradecida. Devolveu-me a gentileza me entregando o lencinho branco, perfumado que carregava para aparar o suor.

            Enamoramo-nos e trocamos nossos encontros na igreja para o quintal do armazém.

Agora eu tinha completado dezessete anos, era um homem feito e decidi pedir ao seu pai sua mão em casamento...

            Max fez uma pausa como se estivesse revivendo aqueles momentos.

Pérola sentiu o peito apertado ao ouvi-lo contar sobre alguém que já amou tão profundamente.

Limpou os olhos, era incoerente que sentisse ciúmes de alguém que ele amou antes mesmo de conhecê-la...

Max continuou:

Pérola e Max: Um amor, várias vidas! जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें