A sogra

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Acordei às sete horas, mas não levantei. Coloquei a chupeta na boca e fiquei pensando em como seria conhecer a mãe da minha namorada. Será que ela vai ser legal ? Será que vai chamar a filha pra conversar em particular ? Será que vai assustar ? Estava nesses pensamentos quando começo a fazer xixi na fralda que já estava super molhada. Olho no celular e já são sete e vinte e cinco. Tenho de levantar, pensei. Quero estar bem bonita pra esse almoço.

Levantei e fui direto pro banheiro e me livrei da fralda que estava super pesada. Tomei aquele banho reconfortante. Sequei e fui pro quarto pelada. Parei em frente ao guarda roupa, mas tive uma idéia. Vou usar uma roupa da minha irmã que a Sabrina não conhece. Abri o lado do guarda roupa da minha irmã e fiquei procurando alguma roupa bonita.

Minha irmã abre os olhos e diz:

- Oque que essa menina pelada tá fazendo aí mexendo nas minhas roupas?
- Oi maninha - respondi sem me virar pra trás - estou procurando uma roupa bonita pra eu usar no almoço com minha namorada.
- Ahhh... é o almoço em que vou ficar sozinha de novo né?!!!
- Não seja dramática... ontem ficamos juntas a tarde toda.
- Mas pode ir...vai lá pra sua Sabrinazinha!
- Ai, aí - disse revirando os olhos.

Quando vi o vestido indiano da minha irmã, eu disse:

- Esse !!! - falei estendendo ele na frente pendurado no cabide.
- Cuidado com meu vestido viu. Você é meia desastrada.
- Coloca uma fralda em mim? - pedi ela, ignorando a recomendação dela sobre o vestido.
- Nossa, mas é folgada viu. Pega a fralda lá.

Ela colocou com todo o capricho com pomada anti-assadura e talco. A fralda ficou bem justinha, mesmo sendo a mais grossa. Depois vesti o vestido que era bem curtinho. Fiquei olhando no espelho pra ver se a fralda tava aparecendo. Se me curvasse demais ela aparecia. Mas fiquei linda. Pedi minha irmã pra fazer uma trança embutida que só ela sabia fazer. Coloquei uma sandália de couro e fiquei linda.

Minha irmã me olhou e disse:

- Uau...tá linda demais.
- Brigada maninha... você é demais - exclamei dando um beijo na bochecha dela.
- Vamos lá bebezinha...vou preparar uma mamadeira pra você. Não pode sair com fome.
- Faz de farinha láctea...assim não preciso comer mais nada, pois sustenta.

Em poucos minutos estava mamando minha mamadeira. Terminando fui escovar os dentes e fazer uma maquiagem bem levinha. As cinco para as nove horas já estava prontinha esperando minha namorada linda que viria me buscar. Peguei o vasinho de crisântemo que comprei pra mãe da Sabrina. Minha namorada disse que a mãe é fascinada com planta. Passado dois minutos o interfone toca. Eita menina pontual.

- Já vou descer amor - atendo o interfone  e olho pra minha irmã - tchau maninha, te amo viu.

Saio na porta fazendo sinal de coração coreano.

- Tchau bebezinha!

Quando a minha namorada me vê, ela leva as duas mãos tampando a boca num sinal de espanto.

- Nossa amor...acho que nunca te vi tão linda assim. Está...está... maravilhosa.
- Obrigada amor... você também está linda.

E estava mesmo com uma saia vermelha curtinha e uma camiseta branca, mostrando a barriga. Na certa estava usando fralda pants pra não ficar nada de fora.

Nos aproximamos e demos um beijo bem caprichado. Entrei no carro sentindo meu coração acelerado.

- Tá nervosa, meu amor?
- Um pouquinho...nunca passei por isso antes. 
- Nem eu...nunca apresentei ninguém pra minha mãe como meu namorado, e muito menos minha namorada - ela olha pra minha mão e comenta - e essa plantinha aí?
- Quero fazer uma média com sua mãe... você disse que ela gosta de plantas.
- Ela vai gostar.

Chegamos. Ela apertou o controle e o portão abriu. Entramos. Saí do carro ajeitando o vestido pra não aparecer a fralda. Sabrina entrou primeiro falando:

- Mãe, chegamos !!!

De dentro da cozinha saiu uma mulher aparentemente jovem pra seus cinquenta anos conforme a Sabrina tinha me falado. Ela é fofinha igual a filha e bonita.

- Oi - disse ela cordialmente - você que é a famosa Alice.
- Famosa?
- Sim, a Sabrina não para de falar em você.
- A Sabrina é um amor. Aliás isso aqui é pra senhora - disse lhe estendendo a plantinha.
- Ai que linda. Muito obrigada. Amei o crisântemo.
- Que bom que gostou.
- Que bom que a Sabrina te convidou pra almoçar com a gente. É difícil recebermos visitas.
- Está um cheiro muito bom. Se precisar de ajuda, pode falar.
- Nada disso... você é nossa convidada - interviu Sabrina.
- Além do mais está tudo montadinho. Depois é só levar no forno. Gosta de rondelli?
- Amoooooo !!!

A conversa foi fluindo animadamente até que tudo ficou prontinho. A dona Márcia, mãe da Sabrina, se mostrou uma mulher formidável.

Depois chamei Sabrina no particular e disse:

- Preciso de uma troca. Tem como me emprestar uma das suas fraldas?
- Claro amor. Vou deixar lá no banheiro dentro do cesto de roupas. A que, você tirar pode deixar no mesmo lugar da outra.

Assim fiz...pedi licença a dona Márcia falando que ia utilizar o banheiro. Quando abri o cesto tinha uma sacolinha e uma fralda das melhores lá. Tirei a minha e fiz um pacotinho utilizando as próprias fitas. Então coloquei a outra com todo capricho. Olhei no espelho e estava linda e sequinha novamente. Coloquei o pacotinho usado na sacola e deixei no mesmo lugar. Antes de sair dei descarga no vaso pra despistar. Logo que saí a Sabrina foi lá rapidamente e catou a sacolinha com a fralda usada e escondeu no seu quarto pra ser descartada mais tarde.

No almoço tive o prazer de saborear um delicioso rondelli feito pela dona Márcia. Em seguida uma sobremesa de torta doce.

- Quem fez a sobremesa foi a Sabrina - observou dona Márcia, orgulhosa da filha.
- Ficou uma delícia, já pode casar - falei olhando safadinha pra minha namorada.
- Essa aí eu acho que não vai casar não...nunca fiquei sabendo que ela tá namorando...a não ser que eu não saiba.
- Bem, mãe - começou Sabrina - eu até gostaria de falar sobre isso com senhora.
- Já tá namorando né...eu sabia. Tá vendo a gente é a última a saber.
- Olha mãe... não tem outro jeito de falar isso... então lá vai...estou namorando a Alice.

Nessa hora ouve um silêncio que se podia ouvir um mosca voando. Meu coração foi a mil e senti um jato de xixi saindo.

- Essa Alice aqui ? - perguntou ela sem pensar.
- Sim mãe. Essa menina linda aqui - disse pegando na minha mão.
- Você tá brincando né...
- Mamãe - cortou ela - estou falando sério. Não é brincadeira.
- Minha filha é lésbica e eu não sabia - daí ela olha pra mim - ai Alice... desculpa meu bem... não estava falando de você.
- Tudo bem dona Márcia - disse calmante - eu gosto de menina. Especificamente, sua filha.
- Vocês me pegaram de surpresa...
- Mamãe...eu e a Alice éramos apaixonada uma pela outra, só que nunca tinhamos coragem de falar nada com medo de atrapalhar nossa amizade. Até que teve uma situação que vimos que nosso amor era recíproco.
- Eu nem sei oque falar - daí ela para como se estivesse lembrando de alguma coisa - então era por isso que ela falava tanto de você. Era elogios de todo tipo. Até falava da roupa que estava usando no dia. Uma vez eu pensei que ela estivesse gostando de você, mas depois concluí que isso era coisa da minha cabeça.
- Agente se gosta muito, dona Márcia.
- Agora estou vendo as coisas encaixando. Sempre que atrasava ela estava com você. E de uns dias pra cá o humor dela mudou da água pro vinho.
- Então foi bom pra ela né - acrescentei.
- E os seus pais? Eles sabem disso? - quis saber dona Márcia.
- Eles moram no interior e eu moro com minha irmã mais velha.
- E oque sua irmã falou?
- Ela me lascou um beijo na bochecha e me deu os parabéns.
- Sério?
- A minha irmã é a irmã mais legal do mundo.
- Que legal isso. Mas e seus pais?
- Bem, eu nunca conversei sobre isso com eles, então eu não sei oque eles vão pensar.
- Tem de falar com eles viu, mesmo eles morando longe.
-Sim. Ontem eu conversei com minha irmã sobre isso e resolvi que vou falar pra eles sim.
- Vejo que é uma boa menina.
- Obrigada... então, estamos liberadas pra namorar?
- Oque eu posso fazer ? - respondeu rindo.
- Pelo sorriso dela eu tenho certeza que sim, amor. - disse a minha namorada.
- Já tão com esse love todo?
- Como assim? - quis saber Sabrina.
- De ficar chamando a outra de amor.
- Uai, mãe... é muito amor - e rimos todas.


A história de Alice Onde as histórias ganham vida. Descobre agora