𝟎𝟑𝟖. Aprendiz

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Minhas mãos estavam geladas e brancas, por conta do frio intenso. Não tenho certeza se estamos perto do nosso destino, porém tenho certeza que se demorar mais, irei morrer congelada. As árvores estavam com as folhas cristalizadas e prestes a cair.

— Não estou mais aguentando, vamos parar — Pedi e Faylle olhou para trás, puxando a corda que envolvia seu cavalo. O animal deu uma volta, logo parando na minha frente.

— Já está anoitecendo, precisamos dormir — A mulher desceu do cavalo com rápidez, logo me ajudando em seguida. Ao pisar no gramado coberto por neve, meus dedos se contorceram dentro do sapato — Segure.

Ela me entregou o cavalo e começamos a andar pelas árvores.

— Para onde vamos? Tem alguma vila por aqui.

— Não. Estou tentando achar uma pequena caverna, aqui tem de Monte — Disse.

Meus lábios tremiam constantemente e meus dentes batiam uns nos outros, me deixando com dor de cabeça. Aquilo era uma tortura lenta e dolorosa.

Joguei uma das minhas mantas sobre as costas do cavalo desprotegido.

— Não se preocupe com Vyk, ela não costuma sentir tanto frio — Informou-me — Se cubra com a manta.

— Ela não parece estar confortável.

— Veja, ela e pholo são repletos de pêlos quentes e grossos, não há necessidade de se preocupar.

Passei a mão no focinho de Vyk e ela balançou a cabeça, logo se esfregou em meu braço. Analisei a égua com cuidado e notei que ela estava prenha.

— Está de quantos meses?

— Sete — Falou, analisando a região — Em breve sua cria estará no mundo.

Talvez eu não devesse ter tocado nesse assunto. Faylle virou o rosto, evitando mostrar sua feição entristecida.

Andamos por mais alguns minutos, até achar uma pequena caverna. Deixamos os cavalos presos por perto, encostados em uma árvore.

— Irei procurar lenha, fique por aqui — Instruiu, logo se retirando.

Adentrei a pequena caverna e logo me sentei no chão. Apesar de não ser aconchegante, estava um pouco aquecido e isso já era o bastante. Esfreguei minhas mãos e coloquei-as no rosto.

Um barulho alto surgiu entre as árvores, porém os cavalos se manteram quietos, foi então que eu avistei um pássaro grande. Dei um passo para trás, quando ele avançou.

Cobri meu corpo instantaneamente, porém nada me tocou, tampouco me machucou. Quando eu abri os olhos, encontrei um pássaro preto me olhando. Suas penas pareciam ser macias e lisas. Ele se aproximou, então eu notei que havia algo em seu bico.

Agarrei o pequeno papel, que estava com selo. Após abri-lo, observei a letra esbelta.

“ Me diga que está bem e ficarei menos preocupado”

Tentei encontrar o significado daquela mensagem, porém só entendi quando olhei para baixo. O nome dele estava naquela carta, fazendo meu coração aquecer. Ele não havia ido embora? Não. Aiden nunca faria isso comigo.

Não tinha nada ao meu lado que pudesse ser usado para responder sua carta. Me levantei, indo em direção aos cavalos. Vasculhei a bolsa que estava ao seu lado e encontrei uma pequena pena, com um pouco de tinta.

Peguei os dois e então voltei para a caverna. Apoiei a carta em minhas pernas e comecei a escrever.

“ Apesar do frio intenso, nossa viagem está sendo tranquila”

𝐈𝐦𝐩é𝐫𝐢𝐨 𝐒𝐚𝐧𝐠𝐫𝐞𝐧𝐭𝐨Where stories live. Discover now