𝟎𝟏𝟒. Fúria

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tensão no ar era palpável, como uma tempestade prestes a desabar. Cada passo que dávamos em direção ao castelo parecia mais pesado, carregado de ressentimento e silêncio. Eu não sabia como havíamos chegado a esse ponto, mas a atmosfera gélida entre nós era sufocante.

As palavras que eu queria dizer se emaranhavam em minha garganta, presas por um nó de arrependimento. Aiden, com seu olhar feroz e maxilar tenso, não me dava espaço para desculpas. Ele estava furioso, e eu era o alvo de sua ira.

- Desculpa - murmurei, quase inaudível. - Eu realmente estou arrependida, me sinto culpada.

Ele parou abruptamente, os olhos dourados perfurando os meus. O vento agitava seus cabelos escuros, e eu me perguntava como alguém tão belo poderia ser tão implacável.

- Cala boca - ordenou, a voz baixa e cortante. - Não aguento mais ouvir a sua voz, Nora.

Minhas mãos tremiam. Eu queria explicar, queria que ele entendesse, mas as palavras pareciam inúteis. Aiden sempre foi assim, um enigma de emoções reprimidas e olhares penetrantes.

- A sua também é irritante - retruquei, a raiva me impulsionando. - E nem por isso eu mando você calar a boca.

Era mentira, claro. Sua voz nunca foi irritante. Na verdade, era relaxante, apesar de sua grosseria habitual. Mas eu não podia admitir isso. Não agora.

Aiden olhou para mim de cima a baixo, como se buscasse alguma falha em minha armadura emocional.

- É por isso que você fica toda arrepiada? - perguntou, possessivo. - Porque minha voz é irritante? Não seja ridícula.

Eu queria dizer que não era apenas a voz dele que me afetava. Era o jeito como ele me olhava, como se pudesse ver além das minhas defesas. Mas eu não podia revelar meus sentimentos. Não a ele.

- A única pessoa ridícula aqui é você - retruquei, a língua afiada. - Que fica invadindo meus sonhos, tentando fazer com que eu me sinta atraída por sua aparência grotesca.

Outra mentira. Aiden não era feio. Seu maxilar era marcado, seus olhos dourados tão intensos que pareciam queimar minha pele. Ele era uma contradição: rude e irresistível ao mesmo tempo.

Foi necessário apenas uma respiração para que Aiden me encurralasse, prendendo minhas costas no tronco gelado de uma árvore extensa. Seu corpo estava tão próximo que eu podia sentir o frio emanando dele, a raiva pulsando em suas veias.

- Você acha que eu estou brincando? - sibilou, os dentes à mostra. - Não me tire do sério.

Eu queria pedir desculpas novamente, queria que ele entendesse que não era minha intenção provocá-lo. Mas as palavras morreram em minha garganta quando ele me soltou e voltou a andar.

Ok, dessa vez eu tinha feito algo que realmente o deixou bravo. Mas se ele não queria saber das minhas desculpas, então dane-se. Eu não ia me curvar à sua ira. Não mais.

 Não mais

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𝐈𝐦𝐩é𝐫𝐢𝐨 𝐒𝐚𝐧𝐠𝐫𝐞𝐧𝐭𝐨Where stories live. Discover now