EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NAQUELE VERÃO!

O QUE ESCONDEM OS MORTOS

Na manhã seguinte a morte de Brunno, uma coisa estranha aconteceu. Incrível como coisas assim separavam e uniam essa galerinha tão gente boa...

Quando acordou, Nathalie havia recebido mais de sete mensagens de Sunny querendo conversar sobre o ocorrido. Ela não negou nem nada, até por que depois do que aconteceu estava morrendo de medo de magoar mais alguém.

- Não vai tomar seu café senhorita? - perguntou o mordomo a vendo sair - seus avós voltam daqui a pouco.

- Na verdade - ela disse em meio a porta entreaberta - Só vou dar minhas condolências a família de um amigo.

Nathalie saiu caminhando rapidamente para que não tivesse que responder ao seu mordomo de novo. As vezes ela o achava tão incoveniente. E tinha razão, enquanto ela pegava o carro da caragem o velho mordomo mantinha um olhar duvidoso na garota. Até que fechou a porta.

- Eu tenho que fazer uma coisa antes de passar ae - disse Nathalie ao celular com Sunny - depois de conto, tchau!

Um goldenretriever latiu assim que ela parou na frente de uma casa viroriana sendo reformada. Uma belíssima caixa de correio retrô estava em pé no meio das plantas mal podadas e um cheiro de grama recém cortada tomava conta de todo o ar. Assim que ela vira um vulto no quintal dos fundos, Nathalie gritou achando que seria Dannie. Ele se mudara para alí fazia pouco tempo mas até onde sabia ele morava sozinho com seu cão. Mas ele pareceu não ouvir.

- Dannie! - ela o chamou mais alto - Eei!

Um latido alto do cachorro surgiu por de trás dela a assutando. Dannie estava saindo pela porta da frente vestindo um roupão felpudo bordado que ganhara de presente de formatura. Dava para notar a cara de sono dele a distâncias, as imensas olheiras por baixo dos olhos mostrava isso.

- Nathalie? O que você quer?

Ela ficou sem entender. A propriedade por mais que estivesse sendo reformada não havia nenhum trabalhador alí, e nenhuma margem para o quintal dos vizinhos podia ser vista. E pelo que Nathalie sabia Dannie nunca sequer havia levado uma mulher lá pra dentro.

- Eu... - ela olhou nos olhos do cachorro - Preciso te contar uma coisa.

Nathalie não aguentava mais guardar esse segredo, e enquanto dirigia até ali teve uma idéia de última hora, decidira tomar a culpa de tudo, tudinho, e estava disposta a contar.

- Eu tenho recebido umas mensagens de alguém que não conheço. Essa pessoa sabe de algo que eu fiz e...

Antes que ela terminasse Dannie a interrompeu com o som da chaleira. Ele serviu o chá e em sua cara tinha uma expressão de susto, mais ou menos assim como ela imaginara.

- Você disse uma pessoa que você não conhece?

- Essa pessoa diz saber o que eu fiz no verão...

Ele se queimou com o chá derrubando a xícara no chão e assustando o cachorro.
O rosto dele ficou assustador com uma expressão se fúria bem clara. Ela temeu que ele já tivesse entendido e fosse mata-la ali mesmo.

- Eu também tenho recebido umas mensagens.

Ela sentiu que fosse cair da cadeira.

- Como é?

- Já faz um tempo que eu ando ouvindo barulhos envolta da casa durante a noite, no começo eu achava que era o Bold - ele apontou para o cachorro - mas averiguei e não era.

A cara de espantada de Nathalie era visível até para Bold, que não parava de encara-la.

- Recebi algumas mensagens sobre aquele verão, sobre minha festa. Coisas absurdas e nada haver. E ainda por cima dizendo que foi por culpa minha que minha irmã morreu.

- Culpa sua?

- É. Sabe nós não éramos os melhores irmãos do mundo, ela nem sequer olhava na minha cara. Armava toda hora pra mim.

Foi ae que Nathalie ligou alguns pontos. Se essa era a verdadeira irmãzinha que Dannie dizia ter, então não fora ele que mandara aquele presente no dia da Miss Pérola. A irmã dele teria armado tudo provavelmente para Nathalie e Kevin brigarem, mas ainda flagrou algo bem pior.

- Por acaso você me mandou um ursinho de pelúcia na festa da Miss Pérola ano passado? - ela perguntou se reajustando na cadeira.

- Não...?

O cachorro Bold latiu, e na mesma hora Nathalie se despediu e foi embora. Tinha que contar aos outros o que descobrira. Uma certa pessoa morta teria a verdade revelada.