EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NAQUELE VERÃO!

BANHEIRO SUJO

Assim que Beck saiu do quarto onde Kevin estava internado, Nathalie entrara com uma cara que não era de aconchego.

- Acabei de passar pela sua irmã, o que aconteceu? - ela pulou nos braços do ex.

Kevin revirou os olhos impaciente. Certeza que já tinha contado aquela história umas mil vezes desde que acordara no hospital mais cedo. O bom é que não havia quebrado nenhum osso, e seu corpo estava apenas com arranhões leves fáceis de curar. Ao contrario de sua picape, que estava destruída. Era como se fosse um milagre divino.

- Ele disse que recebeu umas mensagens estranhas enquanto dirigia. - disse Brunno melancólico - ele devia ter ido encontrar a gente na acadêmica mas enves disso tava indo pro bar.

Nathalie fingiu não ter escutado. Não conseguia nem olhar na cara de Brunno depois do vídeo que recebera. Ela queria mata-lo naquele instante, mas se conteve evitando até de olha-lo.

- Olha, precisamos de um plano pra acabar com tudo isso. - ela arrastou Sunny pela mão até a cama, deixando Brunno sozinho no canto da porta.

- Mas como? - ela perguntou.

- Eu sei como.

Nesse momento Nathalie olhou com raiva para Brunno. Até a voz dele o incomodava agora. Todo aquele jeito amigável era só fingimento para disfarçar seu verdadeiro eu. Que claro fora o culpado de toda aquela situação.

- Podemos criar uma armadilha fazendo com que esse stalker pense que estamos nas mãos dele.

O grupo se olhou por um momento. O que mais podiam fazer? Estavam a beira de serem descobertos por todo mundo. Qualquer coisa era válida, até ficarem cara a cara com seu obcessor maldito.

- Não. Prefiro trocar de celular e me mudar daqui. Simplesmente já to cheia disso. - Nathalie foi grossa enquanto falava, e o cheiro de álcool forte saía de sua boca como se tivesse mascado um chiclete Trident desde que acordara.

- Que? Como assim? Ontem parecia se importar - falou Brunno. - E você bebeu? Você disse que não fazia mais isso.

Ela ignorou ao máximo tudo que haviam conversado no dia anterior e agora era como se não sentisse mas um pingo de empatia pelo seu antigo amigo. Quando sua mão pulara no ar batendo no rosto de Brunno e deixando uma marca bem visível e vermelha, agora ela sentia algo por ele. Desprezo.

- Mas o que é isso??? - gritou Kevin.

- Antes que vocês falem alguma coisa, vocês tem que saber... - ela tirou o celular da bolsa, a bateria quase acabando - vejam.

Kevin e Sunny assistiram o vídeo enquanto Nathalie virava as costas com vergonha. Ela andou até as cortinas da janela e pareceu enxugar uma lágrima. Brunno permaneceu sem entender nada  segurando com a mão o rosto que latejava.

- Seu desgraçado... - Kevin apertou o celular.

- Não pode ser. - Sunny ficou chocada.

Nathalie se virou largando as cortinas verde água do quarto. Seu rosto estava húmido e os encarou com os ouvindo saindo fumaça.

- Ele gravou isso um dia antes da festa do Dannie. Viram quem aparece no final, é a irmã dele. Com certeza esse desgraçado fez o que fez comigo e depois de propósito fez aquilo com a menina.

Brunno? O bolsista trouxa que seguia eles a todo lugar no colégio? Realmente era algo de se espantar. Se fosse realmente verdade Brunno teria acelerado de propósito naquela noite...Oh Não, se fosse isso, quem seria que estivera mandando as mensagens?

- Sempre soube que era você que merecia ter morrido! - disse Kevin. - Se eu pudesse eu te matava agora mesmo!

- Eu não consigo acreditar - Sunny fechou os olhos tentando acordar de um pesadelo.

Brunno não ousou falar nenhuma palavra, parecia que já sabia por que recebera aquilo. Seu silêncio foi enorme, e não disse mais nada.

- Você é tão desprezível- Nathalie o encarou - Por que tinha que aparecer em nossas vidas?

- Teria sido bem melhor. E não estaríamos passando por isso - Sunny cruzou os braços.

- É tudo culpa sua.

Eles começaram a discutir entre si. Nem notando que Brunno tinha saido de lá ainda cobrindo com a mão o local que estava vermelho e com marca de dedos.

Depois de terem se acalmado, os três ficaram pensando naquilo. Quem quer que tivesse mandado aquilo pra ela a tinha revelado um grande segredo, que possivelmente Brunno nunca iria contar. Nathalie se forçava para lembrar daquela dia, mas nanhuma lembrança depois da coroação vinha a sua cabeça.

De repente um barulho de multidão ecoou pelos corredores do hospital e nos altos falantes uma voz de homem falava descontroladamente.

- Rápido! Emergência no corredor 6. Primeiro piso. Tentativa de suicídio.

Do lado de fora tudo estava um caos. Várias pessoas andando pra lá e pra cá e muitos enfermeiros correndo. Alguém havia feito algo no banheiro, o sujando inteiro de sangue. Não dava para entrar lá e ver o que de fato tinha ocorrido, apenas os murmúrios que se ouvia dava pra entender que o chão sujo do box do banheiro masculino estava coberto por sangue.

Poças de sangue transformavam o banheiro branco em vermelho, e o box do banheiro masculino parecia mais apertado. Nele, Brunno estava com pulsos e garganta cortada. Mas uma coisa a frente chamou a atenção de todos que entravam ali. No espelho enorme em frente ao box uma mensagem escrita em sangue dizia:

Eu já sabia