"FIZERAM"

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No topo da colida, a casa de Nathalie Craft era cercada por um bosque de pinheiros alto e magrelos. Brunno temia que seu cheiro constrangedor de peixe a fizesse sentir vontade de vomitar. Pelo que a conhecia, Nathalie era uma daquelas meninas que zua você por você ter cara de idiota. Ela morava desde sempre com os avós e vivia em festas com bebidas não recomemdadas para menores - grande ex amiga.

Durante todo o trajeto, Brunno temeu estar sendo seguido ou alguma coisa parecida, seja lá quem tivesse mandado aquelas coisas, podia estar por ae, o vigiando de cabo a rabo todos os seus passos. Já havia visto isso num filme da extinta fox.

Quando tocou campainha da casa luxuosa da família Craft, o som ecoou por toda a residência - a casa era tão antiga que Brunno teve a impressão das paredes se moverem com o barulho - e não demorou até que um mordono surgisse na porta.

- Olá Eliot, Lembra de mim? - perguntou quando o viu.

O homem franziu as sobrancelhas se forçando pra lembrar.

- Não...Deveria?

Brunno inspirou e soltou o ar, desde o ano passado não havia pisado mais naquela casa junto dos outros amigos, e certamente o mordomo havia esquecido de suas caras rapidinho.

- Brunno - Uma voz feminina surgiu vindo de dentro, o chamando. Era dela, Nathalie, ela estava tão diferente, não cheirava mais a álcool de bebida - Venha comigo.

Ela o levou para o jardim dos fundos, onde por muitas vezes eles e os outros dois do grupinho, Sunny e Kevin,  ficavam dando festas e curtindo música alta até depois da madrugada. Como a casa era isolada na colina era difícil alguém escutar o barulho do gosto musical deles.

Na época, o grupo adorava nadar na piscina do quintal dos Craft, e deitar na grama verdinha aparada pelo jardineiro que vinha de dois em dois dias. Nem parecia que aquela amizade era tão quebrada e que terminaria tão mal.

Eles se sentaram nas cadeiras brancas de baixo do quarda sol, fazia parte da decoração de verão que a avó de Nathalie escolhera no ano anterior.

- Olha - ela ergueu seu celular iphone, e mostrou o perfil anônimo com a mesma foto e mensagem. Brunno a encarou. -  Eu recebi essas mensagens ontem. Eu fiquei com medo e...não sabia o que fazer. Fico feliz que tenha me chamado.

- A gente não fez por querer - Brunno se abraçou olhando para a piscina azulada de cloro - foi um acidente.

Ela jogou a mão na testa, segurando a cabeça. Se alguém sabia e tinha provas, iria contar a polícia a qualquer momento. Brunno ficou sentado muito pensativo no que havia acontecido, ele guardava culpa mais que os outros.

- Achei que ninguém nunca fosse saber.

- Mas fui eu  - disse Brunno num tom severo.

Natalie ficou reciosa em responder, Brunno que já parecia quase surtar de ansiedade com sua perna que não parava quieta e aquele olhar medroso. Natalie conhecia, era o que ele fazia sempre que não via saída alguma. Na hora que Brunno ia falar sobre a polícia ou algo que poderia acontecer, eles notaram algo rolando pela terra do jardim.

Era só uma garrafa de cerveja Heineken que rolava como lixo que não fora descartado na lixeira. Nathalie pegou a garrafa e notou que havia algo dentro, um papel, que ao abrir e ler o que tinha escrito nele, ela jogou a garrafa longe.

Fizeram


Uma cara de choro começou a surgir em Natalie, mas antes, Brunno a abraçou dizendo:

- Precisamos ir atrás dos outros, você sabe onde?

- Acho que sim - ela secou uma lágrima parecendo assustada.

- O que? Vocês não estão mais juntos?

Natalia namorava um amigo de Brunno do mesmo grupo. Kevin Torne. Na época o namoro deles apesar de ser insuportável a alguns, para os dois era perfeitos.

- Não, terminamos poucos dias depois daquilo - ela andou rapidamente indo em direção a casa.

Quando voltou, vestia um moletom vermelho carmim e com o capuz na cabeça. Ela parecia querer que ninguém a reconhecesse.

Os dois pegaram suas bicicletas, a dela bem mais elegante que a de Brunno. Desde quando Nathalie andava de bike? Quando a conheceu a coisa que achava mais bonita era a enorme coleção de automóveis de seus pais, que não existia mais na casa. Sua amiga estava tão diferente, quem diria que um grande dessastre transformaria a bêbada do grupo em um novo ser.

EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NAQUELE VERÃO!Where stories live. Discover now