A senhora das armas (livro 2)

Capítulo 33 - Mensagens

Letizia

"Estava no meio do gelo. Abri os olhos e vi meu pai:

- Letitsiya, moya doch'. Ne dayte sebya obmanut'. Ne bud' slabym. Ty byl prizvan komandovat', ne zabyvay."

(Letizia, minha filha. Não se deixe enganar. Não seja fraca. Você foi feita para comandar, não se esqueça.)

Dei um pulo na cama. Não conseguia respirar direito.

Olhei em volta e estava em Moscou, no meu quarto.

Puxei o ar, aliviada.

Fazia muito tempo que não sonhava com ele.

Nunca fui supersticiosa, mas os antigos diziam que os mortos podiam nos mandar mensagens ou sinais através de sonhos.

Batidas na porta. Yula:

- Bom dia Tizia. Está pálida.

Tentei disfarçar:

- Tive um sonho estranho, só isso.

Giuliano ainda estava na Sicília, tinha alguns negócios pendentes.

O tempo havia passado rapidamente. Seis meses. E éramos o casal mais famoso do submundo, nos tratavam como celebridades.

As garotas das famílias italianas sonhavam com um casamento como o meu. Era engraçado.

Ela sentou na minha cama:

- Sergei quer falar com você ainda hoje. Vou marcar um horário para o final da tarde, pode ser?

- Claro. Pode pedir para servirem meu café aqui no quarto?

- Vou providenciar agora. Hoje o seu dia começa mais tarde, a primeira reunião será às 13 horas. Aproveite para descansar.

- Sim, desço mais tarde. Avise por favor que não vou almoçar.

Meu celular tocou. Levantei e fui olhar.

Eram três mensagens:

Terminei aqui. Devo chegar amanhã à noite

Conseguimos fechar a compra com os colombianos

Saudades

Respondi:

Parabéns! Espero você para jantar.

Deixei o aparelho de lado, não tinha paciência para ficar digitando e ele sabia disso. Fui tomar meu café que estava servido na mesa de apoio, ao lado do aquecedor.

Tomei um banho demorado, me vesti com calma.

Arrumei meus cabelos, maquiagem leve, perfume. Meus cabelos estavam mais compridos e haviam voltado à cor normal, um pouco mais escuros, como Giuliano gostava.

O dia de trabalho foi um pouco entediante. Muitas reuniões, aborrecimentos com alguns membros que não conseguiam fazer a distribuição dos armamentos conforme o cronograma.

Estava fazendo as revisões das planilhas, quando Yula avisou que Sergei estava me aguardando na sala de reuniões. Fomos em direção ao local.

Ele estava sentado e ao seu lado havia uma garota jovem, muito loira, com olhos verdes e que olhava para mim com certo receio.

Sentei na minha cadeira, na ponta da mesa com Yula ao meu lado. Sorri para ele:

- Faz tempo que não nos vemos.

Ele tirou um maço de cigarro do bolso, acendendo um deles com o isqueiro que eu havia presenteado, anos atrás.

Olhou para mim: