Capítulo 9 - Desculpas

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Sergei

Tentei entrar em contato com Letizia, ela não respondia minhas mensagens, nem atendia minhas ligações.

Pedi para Bóris ir até a casa dela, ele retornou com a notícia de que havia partido para a Itália, há dois dias atrás, sem previsão de volta.

- Como sem previsão de volta? Vai largar a organização? Perguntei indignado.

- Ela contratou Vladimir, como seu braço direito e ele está responsável pela parte operacional.

Bati com a mão na mesa:

- Peça para preparar o jato.

Bóris olhou para mim, inconformado:

- Vai para Florença, atrás dela?

- Você fica aqui cuidando dos negócios, até eu trazê-la de volta.

- Mas, e o teste de paternidade?

- Agende no mesmo laboratório em que o de Dimitri foi feito. Eles tem o meu resultado lá.

Disse para Yelena que precisava de uma mala pronta, o mais rápido possível. Passando pelo corredor, em direção às escadas, encontrei com Natalya, que ficou parada na minha frente:

- Vai viajar?

- Vou buscar Letizia.

Vi as lágrimas escorrerem do seu rosto, era irritante:

- Mas Sergei, e nós? Nosso filho?

A segurei pelos ombros, colocando-a de lado para me dar passagem:

- Você era paga, e muito bem paga para ser minha acompanhante. Me garantiu que não ia engravidar. Se esse filho for meu, nada faltará para ele.

Segurou meu braço:

- Mas, acha que não é seu?

Respirei fundo:

- Natalya, você estava atendendo um dos meus pakhans, desde que eu te dispensei. Achou que eu não sabia?

Passei por ela, subindo as escadas e indo para o quarto.

Logo estava a caminho do aeroporto. Pensava no que ia dizer, uma justificativa pela besteira que tinha feito, afinal ela nunca me traiu durante todo esse tempo. Comprei um presente, uma adaga artesanal na qual gravei seu codinome: senhora das armas.


Letizia

Fazia algum tempo que eu não ia para Florença. Foi bom rever minha família. Desde criança passava a maior parte do tempo em Moscou, por causa da academia.

Mas, não podia negar que tudo era mais colorido e menos rígido por lá. A começar pela casa de Domenico, que era grande, arejada, em estilo espanhol com varandas espaçosas.

Um grande contraste com a minha, que mais parecia um museu, com inúmeras salas, móveis pesados, em vermelho e dourado, quadros renascentistas, praticamente um cenário de um filme de época.

Assim que me acomodei com meu irmão, fomos almoçar com minha mãe. Sua casa era perto do rio Arno, a paisagem era muito bonita, e o dia estava ensoralado.

Ela ficou feliz em ver os filhos juntos:

- Minhas crianças! Como é bom tê-los aqui.

Nos abraçou, com força. Minha memórias de infância vieram à tona: férias de verão, quando passávamos o mês todo lá. Ao olhar a mesa, arrumada do lado de fora, perto do jardim, lembrei da época em que corria descalça na grama, quando a vida era bem mais fácil.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora