Capítulo 4 - O jantar

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Letizia

Passei a manhã toda na boate principal, aprovando os relatórios de lucros, na sua maioria proveniente das drogas consumidas, além das fichas das garotas contratadas.

Embora as garotas não trabalhassem por obrigação, não era certo dizer que faziam isso voluntariamente, e sim por necessidade, se tivessem outras oportunidades na vida não pensariam duas vezes em ficar longe dos homens que frequentavam esse tipo de lugar.

Não via a hora de me afastar dessa parte do negócio.

Por isso eu precisava ter Sergei nas minhas mãos o mais rápido possível. Ele tinha algum tipo de interesse em mim, estava claro. Mas, não era o bastante. Eu tinha que fazer com que ficasse fascinado, disposto a ceder aos meus caprichos e vontades.

Era um jogo arriscado, mas eu ia apostar todas as minhas fichas.

Ele não tinha comparecido às últimas sessões de treinamento, desde o nosso beijo, e isso me preocupava. De qualquer forma, à noite nos encontraríamos para o jantar das organizações do leste. Era a minha chance de me aproximar dele.

Deixei meus pensamentos de lado e pedi para Yula providenciar um vestido e sapatos, além de cabelereiro, para a noite.

Olhei para o relógio e já eram 2 da tarde. Não podia atrasar. Saí apressada, coloquei meu capacete, montei na moto e fui para casa, seguida por meus seguranças.

Entrei correndo no quarto, em direção ao chuveiro. Tomei um banho rápido. Yula tinha bom gosto. O vestido era azul, longo, sem mangas, com fendas generosas e um cinto preto. Sapatos pretos, com saltos altos e finos. O cabelereiro deixou meu cabelo brilhante e com ondulações nas pontas. Fiz uma maquiagem ressaltando meus olhos e minha boca. Brincos. Perfume.

Coloquei o coldre na coxa esquerda, junto com minha pistola.

Olhei no espelho e fiquei satisfeita. Peguei as chaves da minha mercedes, meu casaco e desci as escadas.

Dirigi até a pista particular do aeroporto. O jantar seria em Riga, na Letônia. Aproximadamente 1 hora e meia de voo. Tempo suficiente para provocá-lo.

Sergei estava em pé, ao lado da escada do jato, arrumando as mangas do terno cinza. Saí do carro e ele olhou para mim, como se tivesse visto uma miragem. Confesso que estava muito bonito. Barba curta, bem aparada, cabelos arrumados, terno com corte perfeito, camisa branca e sapatos que com certeza, deviam ser italianos. Perfume característico.

Meu trabalho seria mais fácil, com ele tão atraente desse jeito. Não seria um sacrifício total, deixar que me beijasse novamente.

Aguardou que eu subisse na cabine. Ele sentou em uma poltrona de frente para mim.

Perguntei:

- Por que não foi às últimas sessões de treinamento?

Ele tinha um isqueiro dourado na mão, e com o polegar abria e fechava o tampo, fazendo um barulho metálico.

- Porque estava ocupado. Sentiu minha falta?

Olhei para a janela, desinteressada:

- Achei que queria ser treinado.

Me arrumei no assento, deixando minhas pernas à mostra, ao cruzá-las.

Ele parou de brincar com o isqueiro. Passou a língua pelos lábios e sorriu. Passei minhas mãos pelos meus cabelos, enrolando as pontas nos meus dedos, perto dos meus seios, de forma inocente. Seus olhos, brilhantes, seguiam meus movimentos.

Resolvi estimular a conversa:

- Então, tem alguma outra pista sobre o desvio de carga?

Como se tivesse saído de um transe, arregalou os olhos e balançou a cabeça:

A senhora das armas (livro 2)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant