IV

69 15 0
                                    

Era mais uma noite em Dax, o planeta executivo de Aurora. Ziarys e Oyane, os planetas judiciário e legislativo, brilhavam no céu entre as estrelas; tão distantes de Dax que os habitantes que estavam perambulando pelas ruas não poderiam ver nada além de dois pontos brilhantes. No entanto, a única lua do planeta estava cheia e iluminada. Todos podiam vê-la brilhar no céu acima dos milhares de prédios.

Alcançando a ionosfera de Dax, estava Korroa, a líder dos syllenianos. Ela observava a lua através da janela esférica de seu compartimento particular. Enquanto isso, dois syllenianos pilotavam a nave.

Korroa estava ansiosa para retornar ao seu lar. Queria garantir que seu povo ficasse do lado certo dessa iminente guerra. A raça syllen era uma das doze raças mais poderosas da galáxia, os líderes anteriores a Korroa garantiram esse título fazendo as vontades da cúpula da união e escravizando raças inteiras. Korroa não pensava desta maneira. Estabelecer dominância em outros territórios não torna uma raça poderosa. Haviam vários programas de integração criados por syllenianos, e dirigidos por Korroa, com o objetivo de oferecer estudo e moradia nas melhores universidades syllenianas para seres de raças mais pobres. Para Korroa, isto era ser uma raça poderosa. Estender a mão para os outros e estabelecer ligações. No entanto, nem todos pensavam desta maneira. Isso entristecia Korroa.

Seu pai, ex- líder da raça syllen, era um homem que preservava os valores passados, que de acordo com ele, eram essenciais para uma boa sociedade. Korroa sempre discordou de seu pai, por isso ambos viviam em uma intensa guerra fria. Como Korroa, antes uma ativista, poderia seguir valores que envolviam guerra, escravidão e preconceito?

Quando se tornou líder, ela prometeu a si mesma que faria a diferença. Tão ingênua. Como única fêmea entre os outros onze líderes de outras raças tão poderosas quanto os syllenianos, Korroa não tinha voz. Enxergara esperança quando Kondrak, o primeiro líder da cúpula da união a não ser um ser das dozes raças dominantes, fora eleito. Porém, após a reunião, notara que ele era tão cruel quanto os outros, apesar de sua raça ter desaparecido misteriosamente.

Korroa pôde enxergar seu próprio reflexo no vidro da janela. A pele azul-clara destacava-se entre a escuridão do céu da noite. Mais à frente, conseguiu enxergar um amontoado de pequenas nuvens brancas flutuando acima da cidade-capital de Dax. As luzes da cidade, tão brilhantes, podiam ser vistas até mesmo acima das nuvens. Lá em cima, longe de toda a confusão da galáxia, Korroa se sentiu em paz. Um sentimento que não durou por muito tempo.

Não conseguiu identificar o que era exatamente, mas notou sua presença. Uma nave emergiu de uma nuvem próxima e camuflou-se na escuridão da noite. De repente, outra nave, desta vez mais lenta do que a anterior. Korroa tivera tempo de perceber alguns detalhes daqueles objetos voadores estranhos: eram escuros, rápidos e triangulares.

Antes que o sensor da nave de Korroa pudesse identificar e alertar a cabine de piloto sobre a aproximação de objetos voadores não-identificados, mísseis atingiram a traseira da nave, fazendo-a girar descontroladamente pelo ar. O corpo de Korroa foi lançado brutalmente para todos os lados do quarto juntamente com os móveis. O rastro de fogo originado da cauda em chamas da nave chamou a atenção dos seres da cidade.

Antes que a nave explodisse, Korroa tivera tempo de rezar pelos deuses anciãos de seu povo. Oque a falecida líder não notara antes de morrer fora que o relógio em seu pulso indicara que seu sistema de comunicação havia sido invadido.

⭐ STARBOY ✩ O ChamadoWhere stories live. Discover now