⭐ STARBOY ✩ O Chamado

III

Despertou, assustado.

Estava deitado em um banco metálico encostado na parede. Quando tentou mover seus braços, sentiu algemas impedirem seus movimentos. Levantou-se em um pulo, mas parou logo em seguida. As algemas em seus punhos estavam interligadas com o chão por uma espessa corrente.

Seus punhos brilharam em dourado. Iria quebrar as algemas com seu estímulo e fugir o mais rápido possível. No entanto, o material que a algema fora feita não mostrou nenhum sinal de dano. Por um momento, Mazu pensou estar fraco, mas então lembrou-se quando Hella lhe contara sobre o que usavam para caçar estelares no fim da Grande Guerra.

O minério se chamava rislar e era extremamente raro, assim como o pry. O rislar era letal para os estelares, pois além de resistente, era o único minério do universo que conseguia conter a força de um estímulo. As algemas e até mesmo o chicote o qual Space Hunter usara para nocautear Mazu eram revestidos com rislar.

Além disso, onde estava Space Hunter?

Mazu olhou mais atentamente à sua volta. Pensara estar em um cubículo ou talvez em uma cela, mas descobriu estar em uma nave. A janela esférica na parede do outro lado exibia as bilhares de estrelas da galáxia.

— Onde estou?

Uma voz robótica vinda do interior da nave o respondeu prontamente:

— A caminho do planeta XT-001, no sistema Coloneus, onde se localiza a base de operações da L.D.A.

— O que… — Mazu procurou pela origem da voz. — Quem é você?

— Sou a inteligência artificial da nave intitulada Shadow-989. Me chame de…

— Zya, deixe comigo — ainda com o capacete escondendo seu rosto, Space Hunter apareceu na sala.

— Certo, Alpha.

— Vai me machucar de novo com aquele chicote? — Mazu o olhou com raiva evidente no rosto.

— Não. Ao menos que tente algo

— E como eu poderia? — Mazu ergueu suas mãos, exibindo as algemas. — Sua luta é desonrosa. Usa armas de longa distância e se esconde por trás de um capacete.

— Não foram os estelares que juraram defender o universo mas acabaram desaparecendo, deixando todos aqueles que acreditavam neles para trás?

— Fomos criados para proteger a criação.

— E estão cumprindo suas missões?

— Você não sabe do que está falando.

— Sim, eu sei — o ser tirou o capacete, revelando uma face branca, olhos azuis e fios de cabelo rebeldes erguidos para cima; também duas cicatrizes: uma próxima do olho e outra contornando o relevo do nariz. — Então não me diga como devo lutar, não quando seu povo está escondido, longe dos problemas.

Apesar de não responder, Mazu não hesitou em continuar o olhando fixamente, devolvendo todo o ódio evidente no olhar de Alpha.

Cada traço rígido do rosto daquele homem revelava que ele passara por muitas dificuldades em sua vida. As olheiras não eram evidentes, mas estavam lá, deixando expostas todas as noites sem sono. Não era mais alto que Mazu, tinham a mesma altura, mas ainda sim conseguia transparecer superioridade — ou perigo. Mazu jamais vira um ser como aquele em sua vida. Os livros da biblioteca estelar não falavam sobre nada semelhante àquele estranho. Parecia alguém de outra galáxia.

— Por que está aqui? — Ele perguntou.

As memórias voltaram. O ocorrido no torneio sendo repassado milhares de vezes em sua mente. Mazu abaixou seu olhar.

— Não sei.

— O que está fazendo aqui?

— Nada.

— Reconheço uma face culpada. Não minta para mim — Alpha disse, olhando para o príncipe.

Mazu permaneceu em silêncio.

— DIGA ALGUMA COISA! — Ele bateu com seu punho na parede próxima de Mazu; o príncipe continuou parado.

— Não tenho nada a dizer.

— Difícil acreditar. Desde que o sinal de sua nave foi captado, mercenários e piratas estão o caçando. Todos querem a recompensa. Eu me pergunto quem está querendo sua cabeça e o que você fez.

Mazu continuou fitando o chão.

— Uma hora você terá que me dizer. E acredite — Alpha se aproximou o suficiente para encarar a face de Mazu —, você me dirá da pior forma possível.

— Área de desembarque da base operacional da L.D.A próxima — revelou Zya, a inteligência artificial.

Alpha se retirou da sala.