III

136 25 25
                                    

Virou-se para trás bruscamente ao pensar ter escutado o sussurrar da voz. Nada, como esperado. Apenas a agitação da cidade. Retornou a sua caminhada pela calçada, atravessando um mar de seres apressados que debatiam-se um nos outros enquanto andavam em direções opostas.

Mazu ainda se impressionava com a tamanha diversidade em um único lugar. Uma fileira de seres baixinhos com capacetes nas cabeças passavam pelas pernas dos apressados. Arquitetos, pensou o príncipe. Do outro lado da rua — engarrafada, muitos dos seres dentro das naves buzinavam, xingando os pilotos da frente —, duas crianças pareciam estar vendendo comida. Eram barras comestíveis. Seus cabelos eram ondulados e, mesmo entre seres de diversas raças, ainda conseguiam se destacar com suas peles verdes. Os dois olhos negros daquelas crianças diziam a Mazu que elas estavam cansadas e famintas. Eles ofereciam para os seres que passavam por perto, mas nenhum deles lhe dava atenção.

Mazu atravessou a rua, passando com cuidado entre as naves paradas, e se aproximou das crianças. Mais de perto, notou que um par de antenas erguiam-se acima da cabeça dos pequenos.

— Barrinhas Tortles, moço? — falaram em uníssono.

— O que são Tor…tles? — Mazu falou, com dificuldade em pronunciar tal palavra.

— Barras energéticas, perfeitas para matar sua fome — respondeu o garoto.

— E essencial para seu estômago — o outro completou.

— Onde estão seus pais? — perguntou o príncipe.

— Não conhecemos nossos pais, vivemos em um lar comunitário — tristeza pôde ser notada na voz do garoto mais baixo; suas antenas murcharam.

— São irmãos?

— Si…

— Não responda, Vix — exclamou o mais alto. — Não se fala com estranhos.

O caçula abaixou a cabeça.

— Você está completamente certo — Mazu sorriu para o mais velho —, quanto estão as barrinhas?

— Cinco auros, moço.

Mazu enfiou suas mãos dentro do gorro que cobria sua cabeça e tirou a coroa de príncipe — que era apoiada acima de seus ouvidos. Entregou-a para o garoto mais velho, que observou o objeto com curiosidade.

— É uma coroa real feita de Pry. Creio que deva valer muitos auros — Mazu explicou, enquanto observava o garoto analisar a coroa.

— Pry é o minério mais raro da galáxia! — O garoto exclamou.

— Você é um príncipe? — O caçula perguntou, segurando uma caixa de barrinhas.

— Eu era.

— Entrega para ele a caixa, bobão — O mais velho ordenou.

— Não será necessário, apenas quero uma.

O mais velho tirou da caixa uma barrinha e entregou nas mãos de Mazu.

— Obrigado, moço — O garoto agradeceu.

— Cuide de seu irmão caçula — Mazu forçou um sorriso, evitando chorar.

O estelar deu as costas para os garotos e seguiu caminhando pela calçada, atravessando a multidão de seres apressados. Os garotos o observaram partir, segurando nas mãos uma coroa brilhante e cara.

⭐⭐⭐

Além de seus instintos e observações, Alpha sempre confiou na tecnologia. A L.D.A tinha satélites orbitando todos os planetas catalogados da galáxia. Estes satélites tinham como função mapear as diversas áreas de Aurora e vigiar se fosse preciso. Os defensores, cargo baixo da L.D.A, não tinham acesso aos satélites. Mas os agentes, como Alpha, tinham. Em seu bracelete, havia uma tela digital na qual Alpha usava para se comunicar com sua inteligência artificial, contactar outros agentes e acessar os satélites.

STARBOY ✩ O ChamadoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt