V

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Os três seres continuaram a conversar desde que Alpha aceitara sentar-se junto a eles. O assunto poderia ser resumido a sexo, drogas e outras futilidades que o agente não tinha o menor interesse em saber. Um deles revelara o nome, mas Alpha não se importou em memorizar. Toda a amizade e companheirismo seriam desfeitos quando Syella chegasse, não iria perder seu tempo criando laços falsos.

Havia um dispositivo na orelha do ser esguio. Um comunicador, reparou Alpha. Alguém deve ter anunciado a chegada da chefona, pois o ser se levantou do sofá em um pulo e anunciou para todos:

— Ela está aqui — todos se puseram em pé, até mesmo Alpha, que até então estava fingindo estar interessado em trabalhar para eles.

Passos puderam ser escutados. A porta do camarote se abriu e lá estava ela, Syella. A mafiosa trajava roupas comuns, diferente do que estava acostumada a vestir; Alpha a conhecia o suficiente para saber que ela jamais usaria roupas como àquelas.

A mafiosa tirou a veste que estava vestida. Um robô programado para ser garçom se apressou em pegar as roupas de sua dona. Substituindo a veste de uma simples cidadã de Rodsu, agora Syella estava vestindo um uniforme tático preto. Seus cabelos avermelhados destacavam sua bela aparência.

Syella olhou para todos, sorrindo.

— Quem é ele? — Perguntou.

— Esse cara está desesperado por auro — respondeu o ser esguio —, ele quer trabalhar para você.

— Ah, é mesmo? Que sorte a minha — ela olhou para Alpha. — Pode entrar, querido.

Alpha não esperava presenciar aquela cena. Mazu adentrou ao camarote, perdido e claramente incomodado pela música alta que tocava na pista de dança logo abaixo. Quando o príncipe se deparou com os quatro seres próximos do sofá, reconheceu Alpha, mesmo o agente estando abaixo de uma máscara feita de holograma. Arregalou os olhos.

— Onde estamos, Ela?

— Ela? Me chame de Syella, meu amor — ela se sentou em uma poltrona.

— O quê… — Mazu abriu a boca, mas não soube como continuar.

— Eu sei, é chocante. Me desculpe por te enganar, querido.

O punho de Mazu brilhou em dourado.

— Como pôde me enganar?

— Onde está Space Hunter? — um criado robótico se aproximou de Syella trazendo bebida alcoólica em um copo de vidro; era o mesmo que supostamente tentara roubar "Ela" no beco.

— Ele se foi — Mazu falou brevemente.

— Sério mesmo? — Ela enfiou a mão em seu decote, tirou uma pistola de plasma e apontou para Alpha. — Pode se revelar, Hunter. Esse disfarce está ridículo. Acha mesmo que eu cairia nessa? Apesar de que, aparentemente, meus servos são idiotas o suficiente para acreditar em você.

Alpha sussurrou um comando e a máscara de holograma se desfez, revelando seu rosto.

— Ora, ora, quem diria que o famoso Space Hunter, o agente contra o crime, estaria sendo caçado pela L.D.A — ela riu. — Ainda mais tentando salvar a pele de um estelar. Pensei que os odiassem.

— Não sou como você.

— Realmente. Não sou previsível, já você… — Ela se levantou da poltrona, ainda segurando o copo. — Desde o momento em que os estúpidos piratas não conseguiram fazer a entrega, eu soube que você ligaria os pontos. Uma boca sempre tem que contar, e eu tenho o prazer de calá-la sempre quando necessário.

⭐ STARBOY ✩ O ChamadoWhere stories live. Discover now