Prólogo

11.8K 698 14
                                    

Era uma noite muito chuvosa, o vento castigava o rosto de Jennica. Ela estava congelando, molhada até os ossos, ela nem pensava em retornar, tinha conseguindo fugir e nada a faria parar ou voltar para aquele inferno que chamava de casa. Correu sem olhar para atras desde o momento que colocou os pés fora da casa de seu pai adotivo, se é que aquele monstro poderia ser chamado de pai. Estava em fuga fazia dois dias, parando somente quando o corpo não aguentava mais e dormia muito pouco nos lugares que escolhia para se abrigar. Sentia o cansaço em seu corpo todo, mas só pararia quando tivesse certeza que estava bem longe e escondida. Assim que saiu da espelunca que Jhonatan White, seu pai adotivo, chamava de casa correu até chegar a floresta, entrou em meio as árvores sem pensar no que podia encontrar, só queria fugir, sumir e nunca mais voltar. A vida que levava desde que sua mãe, Clair, havia morrido era terrível e humilhante demais para ficar. Jhonatan havia se casado com sua mãe quando ela tinha apenas 2 anos, ele não gostava de ser chamado de padrasto então dizia que era seu pai adotivo. Quando sua mãe morreu, ele perdeu a casa onde moravam e agora eles estavam vivendo em um barraco que ele havia emprestado de um amigo. Apesar das agressões que sofria, não foi isso que fez Jennica fugir, foi a promessa que Jhonatan fez a ela, isso a tinha deixado apavorada, não podia ficar e esperar até ele cumprir sua palavra, então fugiu.

A floresta estava muito escura, Jennica não enxergava nada além do que a pequena luz da sua lanterna iluminava. Precisava encontrar um esconderijo, era quase impossível aquele monstro ter a seguido até ali, mas não iria parar até achar um lugar seguro. Sua garganta ardia, seus músculos estavam quase em colapso pelo exercício exaustivo, ouvia um zumbido em seus ouvidos, sabia que era por causa do esforço que estava fazendo, seu corpo não iria aguentar mais muito tempo, estava faminta, fazia quase dois dias que não se alimentava direito, se não encontrasse logo um lugar iria acabar desmaiando.

Correndo sem prestar muito a atenção no caminho, acabou pisando em um tronco podre, que cedeu com seu peso e prendeu seu pé, a fazendo cair de joelhos, torceu seu tornozelo, um grito quase escapou de sua garganta, e podia sentir que não era só uma torção, a dor que subiu por sua perna informava que tinha quebrado o osso. Ali sozinha no meio da floresta, a noite e chovendo, Jennica só conseguia pensar que aquele jeito de morrer não era tão ruim quanto o que a aguardava se estivesse em casa. Pensava na ironia de morrer no dia de seu aniversário de 18 anos. Sentada no chão, molhada, com frio e quase perdendo a consciência pela dor que sentia, só queria que aquilo terminasse logo. Queria a paz que a morte prometia ser. Olhou para o céu, deixando a agua molhar seu rosto, estava ficando tonta, sua visão estava escurecendo, mas podia distinguir que estava amanhecendo, apesar do zumbindo em seus ouvidos ela conseguiu ouvir um barulho a sua direita, quando olhou, viu que alguém se aproximava, seu coração acelerou, sentiu um medo gelar seu peito, pensou que era seu pai adotivo, mas quando a figura se aproximou, pode ver que se tratava de um homem desconhecido não parecia ser velho, o medo que a tinha paralisado havia passado ela se sentia aliviada, não conseguiu ver muito mais, pois, sua visão escureceu por completo e ela perdeu a consciência.

FugitivosWhere stories live. Discover now