CAPÍTULO 46

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LUCY GONZALEZ

Enquanto encarava o teto, suspirei acariciando a barriga e sentindo o incômodo nas costas mais uma vez. O médico que está me acompanhando disse que essa hora chegaria em, pelo menos, uma semana, o que fez meu coração apertar. Não quero que meus meninos nasçam com a Cipher a solta, por aí. Quero mantê-los dentro de mim, onde estão seguros, pelo máximo de tempo que eu conseguir.

Tentando não acordar o Jakob, eu saí da cama em silêncio e com cuidado. Calcei os chinelos e caminhei devagar até o corredor. Quando fechei a porta, fui atingida por uma dor aguda no meu ventre e nas minhas costas. Firmei o corpo na parede e me curvei pra frente, mordendo o próprio punho. Meus olhos se encheram de lágrimas presas e, quando a dor passou, eu fiquei com o pulso marcado e as pernas moles. Ofegante, eu caminhei pelo corredor até entrar no quarto dos meninos e, quando fechei a porta, permiti que um gemido escapasse da minha boca.

— Por favor, fiquem só mais um pouquinho. — murmuro me apoiando em um dos berços — Só até seu pai matar a vaca da Cipher.

Me sento na poltrona de amamentação e encosto a cabeça do encosto da poltrona, encarando o teto com estrelinhas. Eu tenho medo do que essa mulher pode fazer, medo do que os meus filhos possam passar por causa dela. Ela está por aí, à espreita, esperando o momento certo para atacar. Meus filhos serão tão pequenos, tão indefesos. Tenho medo de não ser o bastante para mantê-los em segurança.

Passei o resto da madrugada sentada na poltrona, a cada hora me encolhendo e sofrendo de dor. Não quero fazer alarde, quero que as coisas sigam o mais normal possível. Se eu não for ao médico, não tem como Cipher saber que eles nasceram e não terá como atacá-los. Preciso aguentar firme, em casa, por eles.
Tomei um banho antes de Jakob acordar e vesti um vestido que não me apertasse nas costuras. Cobri os hematomas das mordidas no punho com maquiagem e disfarcei a cara pálida e com olheiras.

— Lucinda Toretto fazendo café da manhã, às sete? — Jakob comenta sorrindo ao entrar na cozinha — Nossos anjos nem nasceram e já estão operando milagres.

Sorri enquanto derramava a água quente no coador de café.

— Eu não durmo uma madrugada inteira desde o quinto mês. — comento — Senta aí, vou servir você.

— Por que você está de bom humor? — ele franze o cenho ao se aproximar de mim e me dar um selinho — Desde que a barriga começou a crescer, seu humor tem oscilado entre tentar jogar alguma coisa em mim e transar comigo do nada.

Acabo rindo e Jakob se abaixa, beijando minha barriga. Ele faz isso o tempo todo e os gêmeos se agitam sempre.

— Bom dia, meninos. — murmura — Tem alguém acordado aí?

Em resposta, as duas crianças se reviraram dentro da minha barriga e causaram uma pressão descomunal no meu canal vaginal. Isso me desestabiliza por alguns segundos e me faz soltar a leiteira na pia.

— Merda. — murmuro baixo e agarro a barriga com as mãos, tentando aliviar o peso

— Ei. — Jake franze o cenho — O que foi?

— Eles… — respiro fundo — Nada. — murmuro quando a pressão alivia — Só parece que estão mais embaixo do que o normal.

— Eles, definitivamente, estão. — suas mãos pressionam levemente a parte baixa da minha barriga, sentindo a dureza — Acho que a hora está chegando.

— Eles vão ficar aqui mais um pouco, ok? — sirvo a caneca dele com café

— Lucy, não pode prender eles dentro de você pra sempre. — ele franze o cenho

Redenção - Jakob TorettoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora