CAPÍTULO 28

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BRIAN O'CONNER

As portas do elevador abriram e eu caminhei pra dentro do andar, bebericando meu suco de laranja. No balcão da recepção daquele andar, percebi que o plantão havia sido trocado e outras enfermeiras cochichavam sobre curiosidades aleatoriamente inúteis.
No corredor que dava para o banheiro, vi Mia distraída, saindo enquanto secava as mãozinhas do Jack. Eles não se deram conta da minha presença. Do outro lado do corredor, saindo do elevador que vinha diretamente do estacionamento restrito, Hobbs surgiu com sua filha ao seu lado e um buquê de rosas vermelhas na mão. Samantha tinha um balão rosa metálico com o nome da Lucy desenhado, amarrado em seu pulso e flutuando perto de sua cabeça.
Por instinto policial, me virei para o corredor onde podia ver a porta de acesso ao quarto da Lu. Eu havia saído dali há vinte e sete minutos, Mia devia estar no banheiro há uns dez. Isso deu tempo suficiente para que o homem alto de ombros largos entrasse no quarto e agora saísse do mesmo. Seus olhos cruzaram com os meus, mas um faxineiro que passava ficou entre nós, não me deixando vê-lo direito. Ele acenou brevemente com a cabeça e saiu pelo outro lado. Deixando meu suco na lata de lixo que o faxineiro carregava, eu fui atrás dele.
Ele se camuflou entre enfermeiros e médicos. Usava calça jeans escura, sapatos sociais e blusa preta de mangas compridas que estavam arregaçadas em seus antebraços. Seu pescoço tinha uma corrente, mas o pingente dela estava escondido sob o tecido grosso da blusa. No meio do segundo corredor, ele sumiu do meu campo de visão, me fazendo parar por um momento e colocar as mãos na cintura. Eu tenho certeza que foi ele quem tirou a Lu do reservatório e de que era ele quem estava no escuro.

Voltei o caminho todo até o corredor do quarto dela, vendo que Mia e Hobbs estavam conversando sobre o estado de saúde dela. Samantha e Jack estavam papeando sobre o balão.

— Querido, não te vi aí. — Mia sorri ao me ver — Fui levar o Jack ao banheiro. Luke e eu vamos pedir mais detalhes sobre o estado da Lu na recepção. Você vem conosco?

— Não, valeu. — murmuro — Eu espero aqui.

— O médico dela me disse, lá embaixo, que eles cortaram a medicação. — Luke avisa — Ela pode acordar a qualquer minuto.

— É, eu sei. — digo

Vejo minha esposa e o brutamontes do Hobbs se afastando de mim com as crianças e entro no quarto da Lu, vendo que tudo está calmo. Ela está dormindo e suas coisas estão sobre o sofá de visitas.
Em cima da máquina que monitora seus batimentos cardíacos, há um bilhete. Eu pego o papel na mão e encaro a corrente que balança suavemente, fazendo as plaquinhas tilintarem. O cordão da Luz está de volta e está pendurado na máquina.

OBRIGADO, J

O J escrito no bilhete bate com o J gravado no cordão. E bate com o nome escrito no bloquinho de anotações que encontramos na jaqueta molhada de Lucinda. As folhas molhadas se dissolveram, mas algumas palavras ainda ficaram.
Sam. Jack. Jakob.
Imagino que esse cara esteja me agradecendo por ter conseguido trazê-la ao hospital a tempo.

Lucy se move e eu guardo o papel no bolso da calça. Ela abre os olhos, estranhando o local.

— Oi. — murmuro

Suas feições relaxam um pouco ao me reconhecerem. Ela faz uma careta ao respirar fundo.

— Quanto tempo eu dormi? — sua voz é baixa e grave

— Três anos. — faço bico e abaixo a cabeça, lamentando

— O que? — ela arregala os olhos, momentaneamente desnorteada — Brian, o que…?

Ela tenta chutar as cobertas e se agita, me fazendo contar a verdade.

— É brincadeira. — sorri — Ei, calma! — apóio as mãos em seus ombros, forçando-a a ficar deitada — Se acalma. Foram só dois dias.

Redenção - Jakob TorettoWhere stories live. Discover now