Redenção - Jakob Toretto

CAPÍTULO 15

Meses depois…

JAKOB TORETTO

Como um observador distante, eu nunca senti ciúmes dos homens que passavam pela vida da Lucy. Eu entendo que não tenho domínio sobre o corpo dela, entendo que ela pode se interessar por algum cara e isso pode acabar em sua cama. Porém, com Luke Hobbs, a situação era um pouco diferente.
Acredito que o principal motivo para eu nunca ter tido ciúmes dos caras que a Lucy já pegou é o fato dela nunca ter se demonstrado disposta a dormir com o mesmo cara por mais de seis meses. Eram casos rápidos, que não tinham importância e que só eram acionados quando ela sentia necessidade e desejo. Com Hobbs, era diferente. Há um ano e meio, eles vivem um relacionamento não intitulado. Eles se vêem aos finais de semana, saem juntos, Lucy tem uma boa relação com a filha dele, a vovó Leda vive botando pilha para que a coisa toda evolua.
O que paira em minha mente é que enquanto ela for solteira, existe uma chama de esperança no meu coração de que um dia nós poderemos nos reencontrar. Sem Senhor Ninguém para nos vigiar, sem meu irmão para nos julgar. Porém, se ela se apaixonar de verdade, eu jamais seria capaz de reaparecer e bagunçar os sentimentos dela. Eu não poderia bagunçar a vida dela mais uma vez. Eu sei o quanto a nossa história ainda a perturba e a amo o suficiente para não interferir, caso um dia ela finalmente encontre paz.

— Um ano e meio sem Mose Jakande e sem Owen. — Senhor Ninguém suspira parando ao meu lado — Eu sei que a arte da caça e pesca é saber esperar, porém devo admitir que quando Shaw entregou o celular para ela, eu esperava que fosse mais rápido.

— Hum. — murmurei mal humorado olhando as imagens do satélite na tela, que indicava que o celular de Lucy estava na lanchonete que ela costuma ir aos domingos de manhã com Luke e Sam Hobbs

— A menos que… — ele franze o cenho me encarando — Sua equipe está vigiando ela como eu mandei?

O que ele queria dizer com isso?

— Tá querendo dizer o que? — o encaro de braços cruzados

— Nada, é só que…

— Ou eu sou incompetente ou a Lucy está traindo você e realmente se aliando ao Owen Shaw. — estreito os olhos

— Eu não disse isso. — ele parece na defensiva

— Mas pensou. — ergo uma sobrancelha

— Entenda, Jakob, eu preciso estar preparado para todas as hipóteses, mesmo que eu não queira acreditar nelas.

Estreitei os olhos e me virei para ele, o encarando de frente.

— Então você está mesmo achando que Owen já falou com ela, mas ela está mantendo as coisas em segredo? — ergo uma sobrancelha

Ele faz uma careta pensativa e põe as mãos nos bolsos.

— Não pense, nem por um segundo, em duvidar do caráter da Lucinda. — a defendo — Ela está se contorcendo para não surtar e acabar com ele antes da hora. Tem noção do quanto isso vai custar a ela? Ela foi enganada e perdeu os melhores amigos por isso.

— Eu entendo, de verdade. — me olha — Fico comovido com a situação dela e admirado com o quão forte ela é, porém nem todo mundo é incorruptível.

— Lucinda é. — digo sério

Senhor Ninguém se cala e fica me observando em silêncio. Ele parece estar me avaliando e tirando suas próprias conclusões.

— Eu deveria deixar a função de supervisionar Lucy com Sheppard. — comenta — Acho que você está muito envolvido.

— Tem receio de que eu te desobedeça para protegê-la?