✨ CAPÍTULO 30 ✨

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Hadara Earonwood 

Pela primeira vez em muito tempo, ao olhar para o rostinho adormecido do pequeno William, eu me senti em paz. 

Nós estávamos no jardins do castelo e eu caminhava por entre as flores enquanto balançava suavemente seu corpinho para deixá-lo calmo. Fiquei extremamente feliz quando Serena e Gael me deixaram cuidar dele, já que a bela princesinha Emma estava com a mãe de Gael. Os dois pareciam muito cansados e as criadas me disseram que as duas preciosidades não estavam deixando-os dormir, então fui logo me oferecendo para cuidar de um deles para que pudessem descansar um pouco.

Ajeitei a manta no corpinho gordinho do príncipe e sorri ao escutá-lo resmungar alguma coisa desconexa em meio ao seu sono. De alguma forma, quando eu estava com as crianças, meu peito não parecia tão apertado. E por breves minutos, eu conseguia respirar direito. 

Minha vida tinha mudado tanto. Meu coração estilhaçado quase não batia dentro do peito depois de tudo, meu interior parecia vazio, como se eu fosse uma concha sem pérola. Sem valor. Sem nada. E me pergunto se eu não merecia o que me aconteceu. 

Isso é tudo culpa sua, vociferou a voz de Maya em meus pensamentos, foi incompetente e precisei te ensinar quem manda aqui. Eu não queria, mas você não me deu escolha, sua estúpida.

Meu corpo estremeceu violentamente com suas palavras, como se eu estivesse revivendo o pior dia da minha vida outra vez. Quando ela me tirou alguém que significava tanto para mim e ainda enfiou na minha cabeça que eu fui a culpada. Meu peito pesou dolorosamente e meus olhos arderam com a onda de lágrimas que me atingiu. 

Respirei fundo e voltei meu olhar para William. Me inclinei e beijei sua testa, inspirando seu perfume de bebê e permitindo que isso me acalmasse. 

Escutei passos duros contra as pedras e virei a cabeça rápido para encontrar toda a causa dos meus problemas caminhando ruidosamente até onde estávamos. Segurei William mais junto a mim, tentando protegê-lo dela. 

Maya parou bem na minha frente e seus lábios se contraíram em desgosto quando ela olhou para o bebê inocente em meus braços.

— O que você está fazendo com esse bastardinho? — perguntou ela, sem tentar esconder o desgosto em sua voz.

Meus braços fecharam mais firmemente ao redor dele.

— Não o chame assim.

— Ah, cale a boca — ordenou ela, fazendo uma careta para mim, então colocou uma mecha de seu cabelo ruivo por cima do ombro e estendeu os braços em minha direção — Me dê ele aqui.

Um instinto superprotetor tomou conta de mim e a encarei.

— Não — falei firme.

Seus olhos voaram para os meus e eu sabia que pagaria caro por desobedecê-la. Por afrontá-la desse jeito, mas não me importava. Ela poderia fazer o que quisesse comigo, mas não encostaria um dedo nesse bebê.

Mantive minha postura e controlei minha respiração.

— Hadara — ela pronunciou meu nome devagar e um arrepio percorreu minha espinha — Me entregue a criança. Agora.

— Não — me recusei teimosamente, abraçando William firmemente contra mim. Por sorte, ele ainda não tinha acordado.

— Não me teste, sua estúpida — rosnou ela, sua respiração ficando irregular por causa da raiva e eu fechei os olhos quando ela ergueu a mão para mim. 

Esperei o baque.

Esperei o tapa que com certeza ela me daria.

Ou o soco.

Como fez muitas vezes antes.

Mas não veio.

Abri os olhos lentamente e a encontrei olhando para trás. Segui seu olhar e vi o General vindo em nossa direção. Maya abaixou a mão disfarçadamente e eu soltei uma respiração aliviada.

— Não fique de conversa fiada — ela avisou, preparando-se para ir embora — Nós conversamos depois.

Quando ela se retirou, meu corpo todo relaxou e eu olhei para William que havia se aconchegado a mim e sua mãozinha segurava uma mecha do meu cabelo entre os dedos. 

— É muita sorte encontrar duas pessoas de quem eu gosto andando por aqui — murmurou Asher, com a voz rouca e o sorriso atrevido cravado em seu belo rosto.

Eu olhei para ele, aliviada por ter aparecido e me salvado. Mesmo que não faça ideia disso.

— E você não tinha nada melhor para fazer, General? 

Seu sorriso atrevido dobrou de tamanho e seus olhos pareciam acariciar meu rosto.

— Melhor do que provocar você? Não — respondeu, me dando uma piscadela.

Mordi um sorriso e balancei a cabeça.

— Que sorte a minha então — zombei.

Ele riu roucamente e se aproximou de mim.

— Que bom que percebeu — murmurou e se inclinou para deixar um beijo carinhoso nas bochechas fofinhas de William, mas ele não se afastou, apenas virou o rosto, a poucos centímetros de distância do meu rosto. Eu podia sentir sua respiração contra minha boca — Quer um também, linda? — ele sussurrou, olhando fixamente para os meus lábios.

Meu coração disparou descontroladamente com sua proximidade, seu calor, seu perfume e foi difícil manter um pensamento coerente.

— Asher… — sussurrei sem fôlego e nós pareciamos estar respirando o mesmo ar.

O sorriso em seu rosto se tornou malicioso.

— Você me deixa completamente louco, Hady — sussurrou ele, sem se afastar e eu vacilei ao ouvir o apelido carinhoso. Ele se aproximou mais e não tive forças para recuar, ou desviar o olhar, mas ele apenas roçou os lábios nos meus e depois beijou minha bochecha. 

Observei-o se afastar mal conseguindo respirar, mas Asher sorriu maliciosamente para mim, como se soubesse exatamente o que fazia comigo. Ele encaixou dois dedos em meu queixo e ergueu meu rosto para que seus olhos encontrassem os meus.

— Quando eu finalmente te beijar, eu não vou parar. E você não vai querer que eu pare, porque vai me querer tão desesperadamente como eu te quero. Mas sou paciente, eu posso esperar — sua voz rouca reverberou por todo o meu corpo e meu interior se contorceu com suas palavras, com a promessa que ele me fazia — E eu prometo que vai valer a pena, Hady.

Minha respiração falhou.

— Você é louco — sussurrei sem ar.

Um sorriso de lado, que era puro deleite tomou conta de sua boca perfeita.

— Louco para beijar você.

Eu ofeguei.

Seu sorriso aumentou e ele piscou para mim, fazendo meu coração tropeçar, antes de se virar e voltar pelo caminho que tinha vindo. E eu fiquei ali, completamente chocada com suas palavras e sua ousadia descabida.

Droga, por que ele tinha que ser tão lindo? Tão irresistível?

E pior: ele sabia disso. Nada pior do que um homem que sabe que tem poder com seu corpo, suas palavras. Sabe que pode ter aquilo que quer. Até o jeito como ele andava, confiante e decidido era de fazer o coração parar de bater. O jeito como ele olhava para mim, como se quisesse me desvendar e desbravar meus segredos mais profundos era inquietante, porque nunca ninguém me olhou como ele.

Nunca ninguém me fez sentir  o que ele faz.

Nunca ninguém demonstrou tamanho interesse em mim.

Mas nada pode acontecer entre nós. 

Não posso permitir que ele descubra o que aconteceu.

Eu tinha que proteger a única pessoa que me restava.

E mesmo assim, a cada batida meu coração implorava, suplicava por ele.

Incansavelmente. 

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Beijos de luuz ❤️✨

Throne Of Love (Duologia Broken Hearts, Livro 01)Where stories live. Discover now