Throne Of Love (Duologia Broken Hearts, Livro 01)

✨ CAPÍTULO 04 ✨

Serena Clausony

— Você é uma caçadora? — perguntou Gael, aparentemente muito curioso e interessado — Ou mercenária?

— Caçadora — respondi, tentando me concentrar nas pegadas da corça e nas pistas de seu paradeiro.

— Isso é bem impressionante — murmurou ele ao meu lado.

— Impressionante seria se você conseguisse calar a boca — provoquei, olhando-o de soslaio.

— Muito engraçado, Sunshine — zombou ao se abaixar para verificar mais a frente.

— O que você ainda faz aqui? — questionei, sem entender.

Ele encolheu os ombros e olhou por cima do ombro para mim.

— É que eu meio que me perdi — contou e coçou a parte de trás da cabeça de um jeito fofo — E estava esperando que você pudesse fazer a gentileza de me acompanhar de volta para o vilarejo.

Ergui as sobrancelhas, surpresa. E depois acabei rindo.

— Foi por isso que me encontrou, não é? Você se perdeu e por algum motivo acabou me encontrando.

— Eu não teria descrito de uma forma melhor — Sua voz enrouqueceu e seu olhar reluziu com algo que não consegui desvendar a tempo já que ele o desviou, voltando a atenção para o caminho envolto em árvores à nossa frente — Seu alvo foi por aquela direção.

Meu coração respondeu a sua voz rouca disparando descontrolado. Precisei umedecer os lábios porque minha boca ficou subitamente seca. Olhei para a direção que ele apontou e me levantei, seguindo por ali. Senti a presença de Gael e notei que me seguia de perto, seus olhos atentos a cada pequena elevação do bosque, à procura de perigo.

Andamos um pouco e mais a frente, a corça pastava. Parei imediatamente, temendo que ela nos visse. Peguei uma flecha e antes que eu pudesse sequer colocá-la no arco, Gael puxou uma faca, a lâmina larga e brilhante reluziu quando ele mirou e atirou-a contra o animal com uma habilidade impressionante. A corça nem teve tempo de reagir — nem eu — ou ao menos ver de onde veio quando a lâmina cravou em seu peito e ela tombou no chão, sem vida.

Encarei Gael completamente surpresa e — muito — impressionada. Ele apenas abaixou a cabeça, seu olhar procurando o meu e abriu um pequeno sorriso ao notar o deslumbramento em meu olhar.

— Eu te devia essa — falou como explicação e saiu andando até onde o animal estava. Então, eu o observei agarrar as pernas da corça e colocá-la sobre os ombros, carregando-a sem dificuldade. Esse homem não parava de me surpreender. Gael passou por mim e eu continuei ali, estática.

— Você vem, Sunshine? — Sua voz me alcançou e me tirou do transe. Olhei para ele, parado bem mais a frente, encarando-me com um ar divertido — Lembra-se que eu disse que não sei voltar sozinho?

Uma risada me escapou. E seu olhar brilhou. Guardei a flecha de volta no meu alforje amarrado as minhas costas e trotei para alcançá-lo. Começamos a andar lado a lado, caminhando por entre as árvores, as flores, os pássaros e borboletas.

— Estou pensando uma coisa — revelou Gael, sem perder o ritmo da nossa caminhada ou parecer incomodado com o peso extra que estava carregando.

— Pensando em quê? — indaguei ao me abaixar para pegar uma margarida e passear a ponta do dedo delicadamente em suas pétalas.

— Você ainda não me disse seu nome — ele me lançou um sorriso que fez meu coração dar um salto.

Coloquei o cabelo atrás da orelha, brincando com a margarida.