✨ CAPÍTULO 11 ✨

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Serena Clausony

Ver a pessoa que você mais amava na vida ser enterrada era a pior coisa do mundo.

Porque depois disso, qualquer esperança que você tivesse, foi enterrada junto com ela. Qualquer resquício que você estivesse usando para não desmoronar era tirado de você, dura e bruscamente, e de novo, você ficava parado lá. Apenas olhando. Porque não há nada que você possa fazer. Acabou.

As pessoas à minha volta tentavam não demonstrar sua pena, mas estavam falhando. Estava estampado em seus rostos, seus olhos, suas palavras... tudo.

Eu vestia preto dos pés a cabeça e estava de calças. Algumas pessoas até arquejaram de surpresa quando saí de casa naquela manhã com minhas calças de couro pretas que usava na maioria das vezes para caçar ou quando ia trabalhar. E eu não me importei que estivessem escandalizadas.

Além das calças, eu usava minhas botas pretas que subiam até meus joelhos, meu casaco preto — também de couro — fechado por cima da camisa simples de algodão branca. E eu sentia como se fosse minha armadura particular, e pensar nisso me ajudou a não desmoronar.

Me ajudou a permanecer firme diante de todas àquelas pessoas, mesmo que tudo que eu quisesse fosse deitar e chorar até que a exaustão me dominasse. Um buraco tinha sido aberto em meu peito e só havia o vazio e a escuridão.

Observei o lugar onde colocaram meu pai — a terra remexida deixada em relevo e a placa simples, mas muito bonita que marcava aquele ponto — com meu corpo parecendo dormente. Não sei quanto tempo encarei aquela placa, nem aquele monte de terra, nem todas as flores que estavam ali.

Jack Mcqueen Clausony

Um homem bom e justo

E um pai muito amado.

Nem percebi quando as pessoas começaram a se retirar, a voltar para suas casas, para suas vidas, só me dei conta quando alguém tocou meu ombro. Virei a cabeça devagar e encontrei os olhos de Bruce repletos de preocupação.

— Você não vem? — perguntou ele suavemente.

Engoli em seco e minha garganta doeu com o esforço para não chorar.

— Acho que vou ficar um pouco mais — respondi, e minha voz saiu rouca me lembrando que eu ficara muito tempo sem dizer nada.

Ele assentiu, sabendo que não haveria nada que ele dissesse que me faria ir embora naquele momento. Ele aprendera que posso ser uma mulher muito teimosa.

— Só... por favor, não passe a noite aqui — pediu, bem baixinho, apertando o meu ombro brevemente.

O pôr do sol iluminava o horizonte por entre o bosque, passando entre as árvores e serpenteando pelos mistérios que ali guardavam.

— Está bem — sussurrei e desviei o olhar novamente para aquela placa.

Ouvi Bruce soltar um suspiro que parecia doloroso e depois senti-o se afastar. Respirei profundamente, tentando buscar, em qualquer lugar, dentro de mim por forças. Suspirando, deixei-me cair de joelhos diante de meu pai que agora estava debaixo da terra e eu não sabia se ele ainda podia me ouvir.

Eu queria que tivéssemos tido mais tempo, queria ter dito mais vezes que o amava, queria não ter saído do lado dele nem por um segundo. Eu queria não ter ido àquele baile de máscaras, talvez eu pudesse ter feito alguma coisa...

— Pare com isso, Serena — ordenou a voz de Allastir surgindo de algum lugar atrás de mim, e eu estava tão absorta em meu próprio sofrimento e culpa que nem me assustei ao perceber o quanto ele esteve perto — Não se culpe por algo que não a culpado. Não faça isso.

Throne Of Love (Duologia Broken Hearts, Livro 01)Where stories live. Discover now