Cofre de memórias

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Rosa Paula levantou-se do cadeirão com toda a rapidez e confusão, quem poderia ser? a uma hora daquelas. Pela demora em abrir a porta quem estava do outro lado começou a bater na porta com alguma força, Francisca e Raquel acordam devido a tal barulho.

Rosa abriu a porta com alguma precaução, e entrou em pânico com a visão de três homens, dois deles fardados e um com um ar bastante agressivo. 

-Polícia judiciária, a senhora é a Rosa Paula Campos Moura? - o mais velho perguntou. 

Rosa Paula respirou fundo.

-A própria, de que se trata esta visita? - a sua voz tremia.

- Recebemos ordens para investigar a sua casa porque a senhora Rosa Paula e a sua sobrinha Francisca Moura foram acusadas por várias pessoas, um assunto grave, acusadas do rapto da senhorita Maria Raquel Espada Gonçalves que se encontra desaparecida há semanas e semanas, não há a opção de não permitir que reviste a sua casa, com licença! - disse o outro polícia.

Rosa empalideceu e correu atrás dos três homens que entraram pela sua casa a dentro, davam pontapés nas portas para abrir as divisões, a tia correu para o quarto da sobrinha mas já foi tarde de mais, a polícia abriu o quarto onde Francisca e Raquel se encontravam, o primeiro instinto de Francisca foi colocar-se à frente da amante mas esta sucumbiu.

-Eu sabia que esta puta tinha raptado a minha filha!- gritava Alberto de forma agressiva.

Raquel tremia enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

-Ninguém me raptou, eu fugi de casa, a Rosa e a Francisca só me acolheram!- a sua voz falhava.

Alberto tentou aproximar-se da filha enraivecido mas Francisca tentava sempre colocar-se à frente. 

  -Prendam-nas, elas raptaram a minha filha!

Raquel enfraqueceu e ajoelhou-se no chão a chorar compulsivamente.

-Eu vou com o meu pai mas não façam nada à Rosa Paula e à Francisca, fui eu que fugi para a casa delas, eu faço tudo o que quiseres pai!- gritou.

Alberto aproximou-se da filha e agarrou-lhe a cara com as duas mãos de uma forma agressiva.

-Se concordares que vais casar com o pretendente que eu e a tua mãe temos para ti não acontecerá nada a estas putas, se não aceitares, podes crer que as meto no cemitério!- fez-lhe a proposta.

Raquel chorava abanado a cabeça em negação, Francisca correu para a amante.

-Raquel não aceites, há de haver outra solução, vai ser o teu fim, o nosso fim!- gritava tentando acordar a amante do transe.

Alberto ordenou que a polícia agarrasse Francisca, a mesma tentava resistir em movimentos bruscos, um dos homens puxou-a pelos cabelos e bofeteou a sua face.

-O vosso fim? sua fufa de merda, levaste a minha filha para a perversão, Maria-Homem, escumalha!- Alberto cuspiu para o rosto de Francisca enquanto esta era agarrada pelos guardas.

Rosa Paula chorava em desespero no canto do quarto, Raquel estava paralisada, de joelhos no chão via à sua frente o triste filme da sua vida.

-Eu aceito, aceito tudo!- disse em trance a olhar o chão.

Os polícias largaram Francisca e pontapearam o seu corpo, Rosa Paula correu para a sobrinha e Alberto agarrou a filha de forma brusca para a levar para casa. Os homens caminhavam em direção à saída levando Raquel da forma mais agressiva, o caminho desta mulher comparava-se ao percurso de um animal até ao matadouro, não olhou ninguém dos olhos, aceitou o seu triste fado.

Francisca sentia a raiva a arder no seu estômago, a queimar o seu coração, correu para a janela, a triste janela de onde viu a amante a caminhar para o matadouro.

-Raquel!- soou o grito, das entranhas, do âmago, do coração desfeito.

E todas as conversas intelectuais, toda a curiosidade, todos os cigarros à janela, todos os olhares, todas as noites de amor, o corpo percorrido e saboreado, num cofre de memórias dolorosas. 










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