Capítulo 53 - Em vão

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Camila Cabello  |  Point of View




Estava na sala de espera do consultório onde minha mãe fez a inseminação, e agora vamos ver se deu certo. Se estou empolgada? Não! Mas eu tenho que fingir animação para ver elas felizes.

Chamaram o nome de Mads e entramos na sala, sorri para o médico e ele pegou o exame sobre a mesa.

— Como está se sentindo?

— Nada de diferente, Doutor.

— Sabe, é normal não acontecer de primeira, se esse for seu caso, faremos todo o processo novamente, vocês duas são jovens, não haverá problemas.

— Não tão jovem. – Mads disse e segurou minha mão. Coloquei a minha sobre a dela para acariciar.

— Muito mais jovens que a maioria que nos procura e nosso índice de rejeição com a sua faixa etária é baixíssimo. – Ele abriu o envelope, finalmente, eu já estava com vontade de abrir logo essa coisa. Ele leu... – Olha só, de primeira. Quando é para ser, não tem como ir contra. Parabéns, família. Mais um integrante.

Bom... aí começou uma choradeira, elas por estarem felizes e eu chorei pensando que as coisas mudariam daqui para a frente. Querendo ou não, mudariam.

— Eu nem acredito.

— Sim, as primeiras semanas são muito importantes, não faça esforço e o mais importante.... não se irrite. Não se estresse, evite conflitos e desgastes, isso vai ser com as duas, cuidem bem dessa mamãe.

— Pode deixar, Doutor. – Vanessa falou limpando o rosto.

— Vou marcar outra consulta e aqui tem umas coisas que pode evitar, não cortar ao extremo, mas evite.

Ela pegou o papel e olhou, depois levantou e quando saímos do consultório, elas se beijaram, fiz uma careta e me escorei no carro, esperando elas pararem.

— Vem cá, minha filha. – Elas abriram os abraços e me aninhei entre elas.

— Parabéns.

— Eu te amo.

— Eu também amo você. – Mads beijou minha testa.

— Vai ir para casa com a gente ou vai ficar na Lauren?

— Lauren está esquisita, vou deixar ela se acalmar um pouco.

— Ciúmes?

— Não sei bem o que pode ser, mas ela tá bem surtada comigo.

— Deve ser algo com o pai dela. Ele estava de aniversário e a procurou para comemorar.

— Não sei, achei que era o baile, ela nem queria ir, aí lá ela nem curtiu, ficou nos cantos e fugindo de mim.

— Bom... como namorada, tem que insistir para ela dividir o problema com ela.

— Eu estou tentando, mas ela está irritada com tudo.

Elas seguraram meus ombros e me deram várias ficas de aproximação, mas eu não segui nenhuma, eu não fiz nada para a Lauren virar as ideias assim comigo.


×××


Na escola, Ally e Tay me passavam as partes que eu preciso revisar para as próximas etapas das olimpíadas, mas eu só consegui ficar olhando para Lauren, do outro lado do pátio, cabisbaixa e sem nem olhar na minha direção.

— Por que não vai lá?

— Para ela fugir?

— Vocês não podem ficar assim.

— Já estamos assim, acho que ela se ligou que merece algo melhor.

— Não fale bobagens.

— Bobagem? A gente tava mó bem e do nada ela vira do avesso, nem posso falar perto dela que levo patada. Quer me dizer outro motivo que não seja o óbvio?

— Não, mas vai no banheiro que vamos resolver a primeira parte do seu problema.

— Por que?

— Só vai.

Caminhei até o banheiro, lavei meu rosto e logo ouvi os gritos de Lauren, protestando por seu carregada por Dinah e Mani.

— Vocês só sairão depois de se acertarem e nem adianta gritar que a diretora está do nosso lado.

— Bom... não está de fato, mas ficará.

Elas fecharam a porta e eu me escorei na pia, com minha cabeça baixa e braços cruzados. Fiquei pensando um milhão de coisas, minha vida está um caos.

— Bom... você sabe que eu amo você, mas isso está ridículo. Se quer terminar, pode ir em frente, não precisa ficar com essa indiferença toda. Eu não vou fazer drama.

— Não seja idiota.

— É difícil não ser, quando você me chama assim toda vez que trocamos frases gélidas e supérfluas.

— Está usando o dicionário que te dei.

— Sim. Ele é ótimo. – Ela levou as mãos ao rosto.

— Por Deus, Camila, depois de tudo ainda pensa que vou terminar com você?

— Que porra você quer que eu pense? Estávamos em um paraíso e do nada você me larga, justo agora que... – Bom, eu comecei a chorar. — Será que eu vou ter um segundo de paz nessa merda de vida?

— Camila... minha menstruação está atrasada. – Voltei a encarar ela. — Estou com um teste de gravidez na minha mochila faz uma semana e não tive coragem de usar. – Eu comecei a ficar tonta e me escorei de fato na pia. — A culpa é minha, eu vacilei, sei lá, esqueci as pílulas e não usamos camisinha sempre.

— Calma aí... não tem isso de culpa sua. – Me aproximei dela e segurei seu rosto entre minhas mãos. — Devia ter me falado isso antes, céus. Fica calma, tá? Contou a alguém?

— Não. Minha mãe ia me matar e fiquei com vergonha de contar para as meninas, medo... não sei. Estou uma pilha de nervos, Camz, eu estou perdida. Tudo foi em vão, vou ter que parar de estudar e cuidar dele, ficamos separadas por motivo nenhum, Milão não vai valer de nada.

— Não fique assim, devia ter me contado antes, isso não é algo que você deve enfrentar sozinha. – Beijei a testa dela.
— Você se sente bem em ir comigo ao seu médico?

— Sim.

— Me passa o número dele, vamos conseguir um horário agora e tirar essa dúvida. Primeiro vamos ver se é ou não,
depois pensamos em como contar para a Mads sem que ela me esgane e para sua mãe sem que ela te esgane, mas vamos dar um jeito, tá? Não fica triste, se for... eu vou me sentir muito honrada em ter um filho com você, por mais que seja cedo, nós damos um jeito.

— Camz... me desculpe. Eu estava surtando, não quis te dar a impressão de ser algo sem importância.

— Tudo bem. Eu sei que é cedo e não está nos nossos planos, mas se aconteceu... vamos dar um jeito.

Sorri para ela, peguei seu celular e falei com a secretária, marcando uma consulta de urgência. Depois eu me viraria para explicar a Vanessa a falta.

NÃO ESQUEÇAM!

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Lonely GirlWhere stories live. Discover now