Capítulo 15 - Quente

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Camila Cabello  |  Point of View





Eu me atirei na piscina, molhando as meninas que estavam se bronzeando e sendo xingada por Dinah até minha última geração. Lauren entrou na água toda delicada pela escada e não pude deixar de notar isso, de como somos diferentes e no quanto o pai dela vai me massacrar quando descobrir isso tudo. Eu tô sendo egoísta pra caralho, mas vale a pena. Lauren é muito especial e eu tenho tanta sorte de ter uma chance com ela.

— Você me prometeu que não pensaria tanto.

— Eu só estou analisando o quanto você é gostosa.

— Não comece.

— Mas é a realidade. – A puxei pela cintura e colei nossas testas. — Eu tenho uma coisa para te contar e se você não quiser mais ficar comigo eu vou entender.

— Uau… que tenso. Tem que ser algo bem grave porque minha vontade de ficar com você é bem grande.

— É algo meio complicado. Cê notou que eu tô de roupa, né? Bom… de camiseta e sunga.

— Notei.

— Bom… é que eu sou intersexual. – Ela arqueou a sobrancelha. — Cê sabe né?

— Sério? Como eu nunca senti nada? Você tem um pênis? – Ela disse olhando para baixo.

— Tenho.

— Mas ele é minúsculo?

— NÃO! – Falei rápido e ela me encarou. — Eu uso uma cueca de compressão. Graças ao anjo da Mads, porque eu nem sabia que isso existia e agora eu posso fazer educação física, dançar a noite toda com uma mina muito gostosa me alisando e ser quase abusada sexualmente por essa mesma mina durantes maratonas de filmes na frente das amigas dela sem que ninguém perceba.

— Idiota! – Ela disse rindo e me abraçou. — Então não use mais.

— Eu tenho vergonha. Vergonha de todo meu corpo na verdade.

—Não devia ter. Não precisa mais usar essa coisa para ficar comigo, adoro seu corpo e nada nessa anatomia latina devia te envergonhar. Se aceite, Camz. E eu nunca deixaria de ficar com você por isso.

— Obrigada, Lauren. É bom ouvir isso. – Selamos nossos lábios.

— Dêem um tempo. Nem na água gelada se desgrudam. Mads, precisamos internar essas duas, estão com um fogo no rabo que eu não estou suportando.

— Falando em rabo, Dinah. Até que o seu não é nada mal, hein. – Lauren me acertou um tapa no braço e Mads e Ally gargalharam e foi a primeira vez que deixei Dinah sem ter resposta.

Nadamos um pouco, para longe delas e me escorei na borda da piscina, puxando Lauren para ficar de costas contra meu peito. Beijei sua nuca e seu ombro várias vezes.

— Vai lá beijar a bunda da Dinah, cretina!

— Tava brincando.

— Sei bem. Quero enforcar você agora.

— Calma, Lo. Foi só uma brincadeira.

— Safada. – Ela estava irritada e eu a virei para selar nossos lábios, no começo ela relutou, mas logo estávamos trocando selinhos, ela sorria as vezes não parava de alisar minha nuca e as minhas mãos faziam carinho em suas costas. Ela me deu outro selinho, esse foi mais demorado...

— Vocês devem parar com isso. Se beijar desse jeito e ainda sendo duas meninas, que vergonha, Deus deve estar furioso com vocês. – Eu demorei a assimilar o que estava acontecendo, pois até então… eu não sabia muito bem o que responder.

— Elas são namoradas e podem sim se beijar onde quiserem. São adolescentes e as crianças estão na outra piscina, agora se o problema é elas serem meninas, a coisa vai ficar séria, pois tem um casal praticamente transando do seu outro lado e você não falou nada. – Mads surgiu do nada me fazendo pular de susto.

— Eles são casados.

— Ser casado dá direitos? Ou ser hétero dá direitos? Pense bem na sua resposta ou simplesmente se afaste e repense antes de ser inapropriada com seus comentários. Deus deve ter mais preocupações do que um casal apaixonado demonstrando afeto.

A mulher se afastou e Lauren ergueu a mão batendo um high five com ela. Olhei para ela com mais afeto que podia olhar para alguém e assenti em agradecimento, mas depois disso fiquei sem graça de beijar Lauren ali, ela apenas escorou a cabeça no meu peito e ficamos de molho ali.

— Camz… já transou com alguém?

— Não. E você?

— Também não. – Beijei o topo de sua cabeça e ela sorriu, selando nossos lábios várias vezes.

— Se quiser podemos resolver isso.

— Idiota. – Eu gargalhei.

— Tô brincando. – Meio brincando, na verdade. Pensei e beijei a testa dela.

Almoçamos ali e tiramos um cochilo no quarto antes de seguir viagem, chegamos em casa perto das seis, Lauren passaria a noite na casa de Dinah. Espero que ela venha me ver.

— Como está? – Estava deitada, havia acabado de sair do banho e Mads sentou ao meu lado na cama. Eu assistia algum filme que passava em um canal qualquer.

— Não vou dizer que foi tudo como planejei, mas pelo menos foi como puxar o curativo de uma vez só.

— Sabe que estou sempre aqui.

— Eu sei. Pode dormir tranquila.

— Está me correndo para receber uma certa olhos verdes?

— Ela não me disse que viria, mas você pode estar atrapalhando caso ela queira me consolar.

— Se cuida. – Ela beijou minha testa. — Amanhã teremos uma conversa sobre camisinhas.

— Oh Deus... – Senti meu rosto queimar. — Que vergonha.

— Eu não quero uma criança correndo por aqui antes de você completar a faculdade, meu bem.

Sorri, não pela piada, mas por ela realmente estar pensando em um futuro distante e em nós como família. Que sorte a minha.

Não demorou para Lauren me mandar mensagem e eu fui até a porta recebê-la. Depois caminhamos até meu quarto e nos deitamos na cama, abraçadas.

— Que dia louco. – Sussurrei contra seu pescoço e vi sua pele se arrepiar.

Ela virou e me beijou, ficamos nesses amassos intensos e lógico que eu fiquei excitada, mas ela não se intimidou, se
aproximou mais de mim. Achei que ela acharia estranho, eu acho estranho as vezes, mas ela me beijou mais… depois beijou meu pescoço… ai meu pai… me ajuda.

— Calma, Lo. Eu estou próxima a tornar esse momento constrangedor.

— Eu me importo muito com você, Camz.

— Eu também, Lo. Cê é a mina mais especial de todas. Eu gosto de você pra caralho.

— Eu também gosto muito de você.

Sorri e a puxei para um abraço, ela saiu do meu quarto bem tarde, depois de uma daquelas mensagens bem sutis de Dinah, com ameaças a minha integridade física e a internação de Lauren em um convento.

NÃO ESQUEÇAM!

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