All Together Again - Reddie

Capítulo X

"...Já faz um tempo, não é? É engraçado como se passaram vinte e sete anos e eu nem me lembrava da sua existência, mas nessas últimas semanas, eu acho que senti toda a falta que não senti nos anos que se passaram. Meu subconsciente vem me atormentado e me julgando por não ter falado com você ainda, eu só não sabia como...na verdade, eu não sei ainda. Eu sei que você não precisa escutar minhas lamurias e eu prometo não ficar choramingando no seu ouvido, eu só quero conversar. Eu nem mesmo sei se você vai ouvir esse recado e talvez eu seja apenas um idiota sozinho conversando com a lua essa noite. Por favor, me liga de volta tá?"

O telefone foi colocado na mesinha após a caixa postal avisar sobre o fim do recado. O homem se ajeitou na poltrona e depositou o cigarro em seus lábios novamente, balançou o líquido dentro do copo, observando a forma como o Whisky se mexia em contato com o vidro.

Tozier ouviu cada palavra dita por Eddie, mas sequer cogitou em retornar sua ligação. Estava cansado de todo aquele show que as pessoas faziam consigo, não queria a piedade de ninguém ou afeto, só queria ser feliz sem se preocupar com as merdas relacionadas a sua opção de relacionamentos.

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Naquela tarde cinzenta em Derry, a cidade parecia sombria pela tempestade formada, as gotas horrivelmente fortes e constantes podiam ser facilmente confundidas com agulhas. As enxurradas de água invadiam as ruas carregando consigo alguns objetos sem valor.

O som estridente das correntes que enfeitavam a calça molhada, tilintavam ao correr, o moletom preto já não tinha capacidade de esquentar o corpo magro e alto, o capuz ajudava contra o sereno em sua cabeça, não que adiantasse alguma coisa por estar ensopado. Seus fios negros grudados na testa, as lentes embaçadas por conta do sereno atrapalhavam sua vista, os lábios finos e já não mais rosados, mas num tom arroxeado, estavam entreabertos deixando a respiração pesada e ofegante do adolescente escapar.

Deu um giro com seus calcanhares, tentando organizar seus pensamentos. Nada. Surrou as mãos nos bolsos do moletom que permaneciam secos e voltou a andar, suspirando pela confusão. Alguns carros passavam sobre poças de água e várias vezes, o pobre menino era presenteado com um banho de água suja, xingava cada um que fazia isso, irritado.

Depois de longos minutos, já não aguentando mais, sentiu suas pernas fraquejarem e seus olhos avistarem as luzes da grande casa acesa. O garoto soltou um suspiro de alívio e tristeza voltando a andar. Abriu a porta de madeira escutando o ranger ecoar pela casa escura, tirou o moletom e bagunçou os cabelos tirando a maldita água que os grudava em sua testa, em seguida limpando as lentes embaçadas de seus óculos, ascendeu a luz da sala e vasculhou o local com os olhos. Ninguém.

Se aproximou da escada vendo a pequena pocinha de água no primeiro degrau, olhou para cima procurando alguma nova goteira, mas não encontrou, as poçinhas do líquido se espalhavam de degrau em degrau fazendo o garoto engolir o seco e suspirar.

Subiu as escadas segurando no corrimão sentindo algo molhado, olhou os dedos se certificando de que ali também estava molhado e continuou a subir, olhou o corredor da casa, o corredor escuro no qual já teve diversos pesadelos, agora estava com o chão ensopado. O garoto voltou a andar mais uma vez vendo uma brecha de luz sair por uma das portas do corredor, olhou bem a porta branca, engolindo em seco.

Era seu quarto, ele tinha certeza absoluta de que estava sozinho em casa, seus pais estavam fora mais uma vez e sua irmã estava na casa do namorado. Abriu a porta com cuidado, estava com medo de ser algum bandido, e tomou um susto quando um clarão iluminou o quarto, seguido de um estrondo, mostrando a silhueta pequena ali, ensopada.

- "Eddie???" - Richie sentia o coração pulsar em sua garganta pelo susto - "Mas que porra você ta fazendo aqui?"

Eddie se levantou e encarou fixamente os olhos confusos do melhor amigo. O mais novo dos dois tentava compreender o por que o menino estava em seu quarto, ensopado e com uma cara nada agradável.