Capitulo 16 - Beatrice

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Beatrice estava nervosa. Ela não tinha conseguido dormir direito, seu corpo ainda sentia o toque de Matteo, sua vagina ainda pulsava por aquele rompante de paixão,  ou poderia dizer: loucura.
Toda a saudade e a raiva que sentia explodiu e se expandiu até se tornar uma bolha de luxuria. Beatrice sentia falta desesperadamente dele,  sentia falta do seu toque, do seu cheiro e dos seus beijos. Mas o que mais lhe fazia falta era a sensação de pertencimento. Ela havia acreditado ter encontrado seu lar, acreditou que nos braços de Matteo havia paz e segurança e depois de senti-lo dentro dela, depois de sentir esse pertencimento novamente, se lembrou que nada daquilo lhe pertencia mais.
Mandar Matteo embora depois de se sentir completa pela primeira vez em meses, havia doído de uma forma insana tanto mentalmente como fisicamente.

*****

Beatrice olhava atentamente a xícara de café em sua frente. Ela tentava adaptar a sua nova vida, uma vida que ela havia planejado antes de conhecer aquelas pessoas que ela amou na mesma intensidade que lhe feriram. Graças a ajuda de Alex, havia conseguido um emprego e agora o tinha como colega de trabalho em um respeitada empresa. A vontade de compartilhar suas conquistas com ELE a sufocava, por isso decidiu ligar para Lucca  para ver se acalmava um pouco a ansiedade.
"— Lucca, como você está? Beatrice perguntou ao amigo. Ele lhe fazia falta e o seu distanciamento a estava machucando. Lucca era seu irmão e saber que ele se culpava por aquela situação a doía.
— Ei. Estou bem. Ele disse disperso.
— Consegui um emprego! Ela falou enquanto se olhava no espelho. 
— Fico tão feliz Bea! Você merece o melhor.
— Estou com saudade Lucca. E preocupada.
— Aqui não nada para se preocupar.
Não é o que ouço de Mavi. Ela disse, se lembrando da mensagem da menina contando sobre as bebidas de Lucca.
Não acredito que aquela menina falando de mim pra você! Eu tenho um vigia agora?
— Lucca! Ela preocupada assim cono eu!
— E o Moretti? Ja voltou com ele? Lucca perguntou irônico.
— Deixa de ser idiota!
Você vai voltar com Moretti e eu vou seguir com minha vida. Simples assim Beatrice.
— Lucca!
— Preciso ir. Vou encontrar Thomas.
— Irei te ligar amanhã!
Não precisa! Bea... Ele suspirou do outro lado da linha. — Eu te quero feliz. Ele disse com  a voz embargada.
— Eu também te quero feliz Lucca. Eu te amo você sabe ? Beatrice perguntou enquanto ele desligava."

Três dias se passaram e entre a papelada para o trabalho e a instalação no escritório, Beatrice ia ver sua pequena.
Apesar do desconforto, o melhor momento do seu dia era quando encontrava Aurora, a pequena era o bálsamo para suas feridas.
— Bea! Dorme comigo hoje por favor!
— Meu amor, eu não posso. Amanhã trabalho.
— Mas Bea, eu gostava mais quando você ficava aqui em casa. A pequena disse com os olhos marejados.
— Principessa,  já te expliquei que agora eu não moro mais aqui. Ela disse, passando a mão no rosto da menina. — Mas que eu sempre estarei aqui. Não expliquei?
— Eu queria você aqui Bea!
— Eu estou meu amor. Só não moro mais aqui.
— Porque? Meu papai te chateou? Igual quando ele esqueceu de trazer a boneca pra mim? Ela sorriu. As coisas para as crianças eram tão facéis.
Beatrice se sentiu observada enquanto conversava com Aurora e na hora que virou para a porta, viu os olhos de Giovanna sobre elas. Beatrice desviou o olhar e engoliu em seco, enquanto ouvia os passos sobre o tapete rosa felpudo.
— Titia Gio! Aurora gritou, correndo até a tia e a abraçando.
— Oi meu amor. Ela beijou os cabelos dourados da menina. — Oi Bea. Ela a cumprimentou.
— Olá. Eu... Eu já vou. Beatrice disse se levantando.
A saudade que sentia da amiga era gigante, a dor pela traição porém, ainda era pulsante.
— Bea. Giovanna a parou enquanto ela descia as escadas. Aurora dia após dia começava a se conformar em não te-la dormindo na mansão. — Por favor, me perdoe! Bea, eu não tô conseguindo dormir, comer, me concentrar! Eu sinto tanto.
— Eu... Beatrice suspirou e criou coragem para dizer o que estava entalado. — Giovanna, ainda dói no fundo da minha alma as palavras que me disse. Eu realmente entendo o horror de vocês em ter uma Grecco tão perto, mas a forma como me julgaram sem sequer uma defesa me matou. Ela disse olhando nos olhos marejados da amiga. — Eu fui derrubada, de novo, lá de onde eu me sentia segura. Me dói pensar que me entreguei tanto em uma relação que nunca foi firme. Vocês me abandonaram na primeira oportunidade e... E isso dói! Eu achei que depois de anos eu tinha uma família. Beatrice disse, tentando engolir o choro. — E naquele dia eu soube que minha família realmente havia morrido e eu estava sozinha. Vocês sempre terão um ao outro e percebo que por mais que eu pudesse me doar para todos vocês,  eu nunca os teria. Não de verdade. Ela disse, se virando e saindo pela porta enquanto sentia dois pares de olhos a observando.
Matteo estava na porta da sala do piano e a viu correr enquanto lágrimas escorriam por seus olhos.

Diurno - Entre A Luz E A EscuridãoWhere stories live. Discover now