Matteo via a Aurora Boreal se mexendo no céu escuro. Aquela luz verde no meio da imensidão escura sempre o confortou, mas dessa vez, algo estava errado. A luz não era forte e as estrelas pareciam se mexer de forma estranha no céu. Uma sensação de sufocamento o dominou e Matteo sentiu como se adagas perfurassem sua carne enquanto uma por uma, as estrelas caiam. A luz verde foi apagando e por mais que ele continuasse olhando para o céu e gritando para que ela ficasse, ela o deixou sentindo aquela dor de milhares de estrelas rasgando sua pele.
— Não!!! Matteo acordou gritando enquanto pulava do sofá onde estava. Seu estado era deplorável, suas roupas estavam fedidas, seus cabelos emaranhados e seu hálito era de um animal morto. Ele olhou ao seu redor e percebeu a mobília destruída, o cheiro de álcool impregnado naquele ambiente e o fétido cheiro de morte assombrando aquele espaço.
Matteo estava morto, mesmo que ainda estivesse respirando. Seu corpo estava se decompondo, mesmo que ainda tivesse suas funcionalidades. Havia se passado malditos sete dias. Uma semana inteira em que seu mundo que antes sequer havia pensado em construir, mas que agora não sabia viver sem, desabou.
A dor em seu corpo por noites mal dormidas nada se comparava ao imenso e assustador vazio em seu coração.
Ele conhecia a escuridão, ele nunca havia saído dela, mas a forma como agora ela o acolheu o assustou. Era pior, infinitamente pior, mais densa e mais sombria do que sua velha conhecida. E para aplacar aquilo, seu companheiro aliado whisky se fazia presente enquanto tentava anestesiar sua garganta e sua mente, queimando um pouco daquela dor que sentia.
—Matteo, você está sóbrio? Giovanna perguntou. Após a partida daquela mulher, eles não haviam trocado uma só palavra e era melhor assim, isso evitaria dele a culpá-la por toda a sua desgraça.
A sensação de traição o sufocava e o ódio o consumia. Mas o que mais o desesperava era saber que não poderia fazer nada para se vingar DELA. Aquele maldito sentimento que aquela mulher havia despertado em si era forte demais para entrega-lo completamente a escuridão que conhecia e o ódio era intenso demais para faze-lo chegar até luz. Ele estava perdido em um imenso vazio que se assemelhava ao limbo. Era escuro, frio, deserto, mas ao mesmo tempo pequenas frestas de luz o cegavam o deixando louco.
Matteo sentiu sua cabeça girar logo que se levantou, o abuso do álcool e falta de alimentação estava mexendo com o seu organismo. Giovanna o olhava assustada segurando algo que ele não conseguia distinguir, seus olhos estavam vermelhos e ele imaginou que ela havia chorado mais uma vez, e tudo aquilo aumentava ainda mais o seu ódio.
— Vá embora. Ordenou para que ela saísse, ele não queria que Giovanna sentisse pena do seu estado deplorável.
— Matteo nós precisamos conversar. Falou ficando próxima a mesa.
— Eu não quero conversar, me deixe em paz! Ele sabia onde a conversa o levaria e ela não conseguia sequer ouvir o nome daquela que havia arrancado o seu coração.
— Você precisa me ouvir, eu descobri... Ivo descobriu algo sobre Beatrice. Aquela frase foi o suficiente para que ele partisse para cima de Giovanna segurando-a firme pelos ombros.
— NUNCA... Nunca mais pronuncie esse nome, está me ouvindo? Gritava enquanto a sacudia.
Seu corpo estava tão fraco que em uma fração de segundos Giovanna o empurrou e em seguida acertou um golpe, o seu nariz começou a latejar e ele sentiu quando o sangue começou a escorrer, ele não esperava uma atitude daquela de sua irmã, estava surpreso e ao mesmo tempo confuso.
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Diurno - Entre A Luz E A Escuridão
ChickLit(Livro II de Notturno) O que você faria se descobrisse que nada do que acreditava era real? Se houvesse nutrido essa sede de vingança e se deparasse com o amor verdadeiro e esse amor o destruísse? Em Diurno você encontrará novamente Beatrice e Matt...